«Aproveitámos este evento, que é a BTL, [para nos manifestarmos] pois estão também aqui representadas as associações patronais dos hotéis e da restauração. Quisemos vir aqui fazer uma acção de denúncia, porque a nossa Federação, que negoceia os contratos colectivos de trabalho para os trabalhadores deste sector tão importante para a economia do País, está confrontada com o seu congelamento», disse à Lusa a coordenadora da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN), Maria de Deus Rodrigues.
«Há vários anos que não há negociação colectiva e neste momento estamos confrontados com um problema muito sério que é a questão dos salários, pois uma percentagem enorme dos trabalhadores ganha o salário mínimo», acrescentou.
Além disso, os trabalhadores «não vêem as suas tabelas salariais actualizadas há seis ou sete anos», daí que estejamos a ter «um enorme problema» com as carreiras profissionais.
Segundo a Fesaht, actualmente os trabalhadores mais qualificados «pouco mais recebem» que o salário mínimo nacional e a muitos destes trabalhadores, que durante a pandemia foram despedidos, as empresas «ainda não repuseram os direitos retirados», nomeadamente prémios de línguas, de assiduidade, produtividade e ajudas de custo.
A estrutura sindical denuncia que, apesar das queixas das empresas e associações patronais, relativamente à perda de trabalhadores durante a pandemia de Covid-19 e das dificuldades para recrutarem novos trabalhadores, foram as empresas que procederam a despedimentos em massa, sem pagarem os devidos direitos. Ao mesmo tempo, acusa as associações patronais e as empresas de pagarem «salários muito baixos» e de imporem condições de trabalho «inaceitáveis».
A Fesaht e os seus sindicatos filiados já apresentaram propostas às associações patronais do sector para a revisão do salário em 2022, mas, denuncia num comunicado, estas «recusaram negociar ou apresentaram propostas de miséria».
As «únicas propostas de aumentos salariais» apresentadas aos sindicatos são, «para a esmagadora maioria dos trabalhadores», de cinco ou seis euros, para tabelas que «não são revistas há três anos», frisa.
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