São quase cinco mil docentes que ficam «presos» naqueles dois escalões, segundo as contas feitas pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), tendo por base o número de vagas para o 5.º e 7.º escalões anunciado na sexta-feira pelo Ministério da Educação.
Têm de concorrer a estas vagas os professores com avaliação inferior a Muito Bom e Excelente (notas que dão acesso automático ao escalão seguinte).
Segundo a tutela, entre as subidas automáticas e as vagas abertas, vão progredir cerca de 11 500 docentes para os dois escalões.
O Ministério salienta que estas progressões quase duplicaram no último ano, mas a Fenprof prefere olhar para os que ficaram para trás, criticando o facto de «aumentar para mais do dobro» o número de professores retidos.
A estrutura sindical recorda que no ano passado ficaram retidos pouco mais de dois mil docentes nos dois escalões e agora, com as cerca de 3 500 vagas abertas, deverão ficar retidos quase cinco mil docentes (4984): há «um aumento de 145,3%».
Além das vagas, existe um outro travão: a definição de quotas de avaliação, uma vez que existe um limite para a atribuição dos Muito Bom e Excelente, que dão acesso directo aos escalões seguintes.
A Fenprof diz que alguns docentes «tiveram uma classificação que lhes deveria permitir ter obtido Muito Bom (8 a 8.9 em 10) ou Excelente (9 a 10), só que a aplicação das quotas de avaliação fê-los descer para Bom e por isso deixaram de poder progredir sem depender de vaga. Para a estrutura sindical, esta situação cria injustiças e desigualdades.
No comunicado ontem divulgado, lembra que «houve escolas em que docentes avaliados com Excelente desceram para Bom, enquanto em outras foi possível manter no Muito Bom quem obteve esta menção, o que significa que houve muitos casos em que foi retido quem obteve melhor classificação, provocando uma inadmissível discriminação e tornando ainda mais injusto o regime de avaliação».
A discriminação acontece também porque o modelo aplicado aos professores que dão aulas no continente é diferente ao existente nas ilhas: nos Açores não há progressão sujeita a vagas e na Madeira o número de vagas tem sido igual ao de docentes que reúnem todos os requisitos de progressão.
Em comunicado, a Fenprof volta a defender «o fim do regime de quotas, pois distorcem a avaliação, e de vagas, pois penalizam os docentes que já estão muito penalizados por diversas perdas de tempo de serviço, para além de criarem fortes injustiças».
Em alternativa, defendem que o Ministério deveria substituir o despacho de vagas publicado na sexta-feira por outro que «preveja um número de vagas igual ao de candidatos, exigindo que tenha lugar o indispensável processo negocial».
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