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Lucros sustentam-se em milhares de despedimentos na banca

Os grandes bancos vão reduzir milhares de postos de trabalho este ano, num processo que vem acontecendo desde a última crise mas que em 2021 deverá atingir um novo pico.

Apesar dos lucros que registam, o objectivo dos banqueiros é cobrar mais aos utilizadores dos serviços
Apesar dos lucros que registam, o objectivo dos banqueiros é cobrar mais aos utilizadores dos serviçosCréditos / Jornal de Negócios

No BCP arrancou, na semana passada, o plano de redução de trabalhadores, com o banco a contactar cada um dos funcionários abrangidos para apresentar as condições da rescisão (desde logo valores das indemnizações). Os trabalhadores poderão sair por reformas antecipadas (para quem tem 57 anos ou mais) ou em rescisões por mútuo acordo. Neste caso, quem sair em rescisão por acordo não acede a subsídio de desemprego.

Contudo, o banco também admitiu que poderá recorrer a «medidas unilaterais» e, na semana passada, em reunião com sindicatos, falou mesmo em despedimento colectivo, indicando que abrangerá «todos os que não aceitem o processo de negociação».

A intenção do BCP é que saiam até mil trabalhadores. Já entre 2012 e 2020, o banco tinha reduzido quase dois mil trabalhadores em Portugal, tendo no final do ano passado 7013 funcionários.

Também o Santander Totta admitiu recorrer a despedimentos. No final de Abril, disse que no primeiro trimestre acordou a saída de 68 trabalhadores e anunciou o despedimento de mais 100 a 150 funcionários «cujas funções se tornaram redundantes». Em causa estão sobretudo trabalhadores de balcões fechados a quem foi proposta a saída mas que não aceitaram.

No início de Maio e depois de vários protestos, o banco decidiu adiar «temporariamente» as medidas unilaterais de saídas de trabalhadores. No final de 2020, o Santander Totta tinha 5980 trabalhadores.

De acordo com Rute Santos, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira (Sintaf/CGTP-IN), trata-se de grandes bancos que tiveram lucros ao longo dos anos, e que agora decidem contribuir para aumentar a pobreza destes trabalhadores e das suas famílias. Em declarações ao AbrilAbril, a dirigente sublinha que o sindicato não está de acordo com a destruição de postos de trabalho e que está a acompanhar os trabalhadores que estão a ser alvo destes processos.

A redução de estruturas (saída de trabalhadores e fecho de agências) é comum a toda a banca europeia. A redução de funcionários, que já vinha desde a crise anterior (iniciada em 2008), deverá ganhar agora nova força, alavancada na crise pandémica. No entanto, os bancos têm alicerçado os seus lucros na redução de custos.

Os processos serão mesmo mais agressivos do que os que decorreram aquando da última crise e a intervenção da troika, desde logo porque há grandes bancos a admitir fazer despedimentos, porque as indemnizações propostas são agora mais baixas e até porque não é igual despedir mil trabalhadores num total de oito mil ou no total de seis mil, alertam os representantes dos trabalhadores.

Ataque concertado aos direitos dos trabalhadores bancários

Também o banco Montepio anunciou em Setembro de 2020 um «plano alargado» de saída de trabalhadores, através de reformas antecipadas e de rescisões de contratos de trabalho, com o objectivo de reduzir entre 600 a 900 funcionários.

Segundo fonte oficial do Montepio, na primeira fase do programa (no último trimestre de 2020), saíram 235 funcionários, dos quais 124 reformas e 111 rescisões por mútuo acordo (que dão acesso a subsídio de desemprego, já que o banco obteve do Governo o estatuto de empresa em reestruturação). Já este ano começou a segunda fase do programa, com propostas para saídas por rescisão por mútuo acordo. No final de 2020, o grupo banco Montepio tinha 3721 funcionários.

Na Caixa Geral de Depósitos (CGD), de onde entre 2017 e 2020 saíram cerca de dois mil trabalhadores no âmbito do processo de reestruturação, a administração tem dito que novas metas quantificadas de redução de pessoal só existirão quando estiver aprovado o plano para 2021-2024, mas é sabido que o banco público continua a ter abertos planos de rescisão por mútuo acordo e reformas antecipadas.

No final de 2020, a CGD tinha 6583 empregados em Portugal. No primeiro trimestre, disse fonte oficial, saíram «73 funcionários por reformas, rescisões por mútuo acordo ou outras razões».

O Novo Banco, que entre final de 2014 e 2020 reduziu 2200 funcionários, mantém propostas de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (que garantem acesso a subsídio de desemprego), segundo fontes dos trabalhadores.

Mas os dados que para já existem são os mesmos divulgados em Fevereiro, quando o banco indicou que o objectivo é reduzir 750 trabalhadores até 2023 pois, segundo fonte oficial, não há novidades. No final de 2020, o Novo Banco tinha 4582 trabalhadores.

No BPI, fonte sindical indicou que o banco está a propor reformas antecipadas a funcionários. Contudo, os responsáveis do banco não têm dado informações publicamente sobre intenções de redução de pessoal. O banco fechou 2020 com 4622 trabalhadores.

Segundo as séries longas do Banco de Portugal, entre 2009 e 2019, os bancos que operam em Portugal reduziram quase 13 mil trabalhadores. Já em 2020, apenas nos cinco principais bancos que operam em Portugal (CGD, BCP, Novo Banco, Santander Totta, BPI), foram cortados 1200 postos de trabalho.

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