«O Chega nem teve coragem para estar presente», afirma o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) numa nota de imprensa intitulada «Da hipocrisia à realidade» e na qual faz uma apreciação da votação de cada partido, esta sexta-feira, na AR.
«É redundante lembrar as palavras de reconhecimento dirigidas aos enfermeiros pelos deputados, nos últimos meses, mas não é demais relembrar que os enfermeiros têm problemas que se arrastam devido à cegueira dos sucessivos governos», lê-se no texto.
«Hoje [dia 15], os vários partidos tiveram a oportunidade de os resolver e recusaram», denuncia o sindicato, lembrando que os projectos de lei apresentados por BE e PCP, no sentido de alterar e dignificar o regime da carreira da enfermagem, foram chumbados com os votos contra do PS e as abstenções de PSD, CDS e IL.
Com o chumbo, «20 mil enfermeiros continuarão a não progredir, enfermeiros especialistas continuarão a não integrar a respectiva categoria e o desenvolvimento na carreira por causa dos rácios e percentagens continuará obstaculizado», afirma o texto.
Apesar disto, o SEP, promotor das petições que originaram os projectos de lei agora chumbados, sublinha que «a desonestidade intelectual destes partidos e a hipocrisia das suas palavras» vão dar mais força aos enfermeiros, organizados no sindicato, para continuar a lutar.
O SEP dá o seu a seu dono
Ao analisar a opção de cada partido, o SEP lembra as responsabilidades do PS no congelamento das progressões e na alteração do modelo avaliativo, com reais prejuízos para os enfermeiros, acusando os socialistas de continuarem «a não querer resolver os erros», que ainda aumentaram com «a imposição de uma Carreira de Enfermagem sem qualquer valorização do trabalho».
A abstenção do PSD – que não apresentou «uma única proposta para resolver os nossos problemas» – é considerada inadmissível. Até porque, lembra o sindicato, os sociais-democratas foram «os responsáveis pela divisão dos enfermeiros em CIT [contrato individual de trabalho] e CTFP [contrato de trabalho em funções públicas]»; entre 2011 e 2015, «reduziram o valor do trabalho a 3,5 euros/hora pelo recurso às empresas de subcontratação e pelos cortes nos salários»; além de que «não abriram concursos para desenvolvimento na carreira, aumentaram os horários de trabalho para as 40 horas que, de quando em vez, voltam a apresentar como uma possibilidade».
Sobre o CDS-PP, que se absteve, o SEP diz que «o nome indica tudo: o P de popular bem pode ser de populismo». Quanto à IL, considera que a abstenção «só é possível entender pela questão ideológica. Um partido que defende a privatização e a liberalização da Saúde nunca poderá votar a favor da resolução dos problemas dos enfermeiros porque essa é a forma de continuar a percorrer o caminho de enfraquecimento e desmantelamento do SNS [Serviço Nacional de Saúde]».
No que respeita ao Chega, a estrutura sindical afirma que, «para quem "enche a boca" com os enfermeiros, a sua não presença […] no hemiciclo demonstra bem a falta de coragem e o populismo do deputado também defensor da privatização do SNS».
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