O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) realizou, esta sexta-feira, uma conferência de imprensa em frente ao Hospital de Bragança, em que abordou as condições de trabalho e os problemas com que se deparam os profissionais de Saúde nos três hospitais e 14 centros de saúde integrados da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, que servem todo o distrito de Bragança.
Alfredo Gomes, dirigente nacional do SEP, destacou que os mais de 700 enfermeiros a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) nesta região se confrontam com más condições de trabalho, agora «agravadas» pela pandemia, e com problemas que vêm desde 2018.
A organização sindical propõe uma «justa e correcta» atribuição dos pontos para efeitos de progressão na carreira, situação que se arrasta desde Janeiro de 2018 e que, denuncia o sindicato, o Ministério da Saúde não teve em conta.
Reivindica, além disso, a resolução das «inúmeras injustiças» criadas pela reformulação, em 2019, da Carreira de Enfermagem e a Compensação do Risco e Penosidade da profissão, informa o JN.
«O Governo não resolveu os problemas com o descongelamento de carreiras. Nesta instituição, temos vários colegas que ainda não foram reposicionados na carreira, outros não transitaram para a nova carreira, como enfermeiros especialistas, e a outros ainda não lhes foram atribuídos pontos para efeitos de descongelamento, ou nem sequer têm homologada a avaliação de desempenho», afirmou Alfredo Gomes na conferência de imprensa.
Aumento da precariedade e problemas agravados com a pandemia
Os contratos de trabalho precário – outra preocupação abordada pelo SEP – «foram transformados em contratos sem termo às pinguinhas».
O contrato de «todos os enfermeiros admitidos na ULS do Nordeste até 31 de Julho passará a contrato sem termo até 31 de Março, mas todos os outros que foram admitidos posteriormente cessam o seu contrato quando terminar», disse Alfredo Gomes. «E ainda há contratos de substituição, apesar de o Governo ter assumido que ia encontrar uma solução em Dezembro e até hoje não saiu legislação nenhuma para regularizar isto», acrescentou, citado pelo JN.
Os problemas dos profissionais de Saúde aumentaram com a pandemia. «Agora, temos estes problemas agravados e criados outros, nomeadamente as condições de trabalho», declarou o dirigente do SEP, que se referiu ainda às condições da tenda instalada junto à Urgência do hospital, onde são atendidos os doentes com Covid-19 e que, defendeu, «não tem condições de trabalho, chove lá e a climatização é deficiente. Os colegas fazem turnos de 12 horas e têm que mudar de calçado porque molham os pés, faz frio».
Referiu-se igualmente à situação nos Cuidados Intensivos. «Os colegas fazem 12 horas metidos naqueles fatos, o que é uma desgraça e nem têm água fornecida pela instituição para se hidratarem», denunciou.
«Os turnos de 12 horas que nos são exigidos são ilegais. Criaram turnos extraordinários com um valor fixo e não respeitam a regulamentação da carreira», acrescentou Alfredo Gomes, tendo sublinhado que os enfermeiros «estão cansadíssimos».
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