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Despedimento colectivo: dona da Visão pede a trabalhadores que continuem sem receber

A Trust in News (TiN) comunicou o despedimento colectivo dos 80 trabalhadores do grupo, dono de títulos como a Visão e a Caras, pedindo-lhes para «continuarem a trabalhar sem receber».

Concentração de trabalhadores da TiN -Trust in News, com o objectivo de conscencializar a sociedade para a situação que os trabalhadores e os títulos atravessam. Lisboa, 4 de Dezembro de 2024 
CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

«A direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) foi confrontada com a dramática notícia do despedimento, sexta-feira, 25 de Julho, de todos os trabalhadores do grupo Trust in News (TiN)», lê-se num comunicado divulgado este domingo. 

De acordo com o sindicato, este «é um desfecho que começou a desenhar-se há meses e cujos reais contornos devem ser apurados em todas as dimensões, desde a jornalística, à económica, financeira, política e até judicial».

No comunicado, o SJ aponta a «postura incompreensível e intolerável» do administrador de insolvência da TiN, que quando entregou, presencialmente, o pré-aviso de despedimento aos cerca de 80 trabalhadores da empresa, lhes pediu «que continuassem a trabalhar para manter vivos os títulos, com o argumento de gerar receita, apesar de não ser dada qualquer garantia de remuneração».

«Teme o SJ que se esteja a preparar uma venda a preço de saldo, sem "o inconveniente e o incómodo" de existirem pessoas a quem pagar salários e garantir direitos», sustenta.

Segundo explica, variando o prazo do pré-aviso de despedimento de 30 a 75 dias, consoante a antiguidade de cada trabalhador, «no fundo, foi pedido às pessoas a quem é devido o salário de Junho, e em breve o de Julho, bem como os subsídios de férias e os subsídios de refeição de Maio e de Junho, que continuem a trabalhar sem garantia de retribuição».

Isto «para manter vivo um negócio que, desconfiamos, será vendido "à 25.ª hora"», adverte.

Neste sentido, o sindicato alerta que «todos os que aceitarem continuar a trabalhar poderão estar a ajudar a salvar uma negociata cujos contornos não são claros neste momento».

Adicionalmente, «perdendo todos os direitos como trabalhadores com o despedimento agora anunciado, não têm qualquer garantia de vir a ser integrados numa empresa que eventualmente possa nascer». Recorde-se que, no final do mês de Junho, a administração da Trust in News decidiu fazer chegar às bancas uma edição reduzida da revista Visão, que republicava conteúdos, alguns da autoria de trabalhadores em greve pelo pagamento dos salários em atraso

O sindicato diz viverem-se tempos em que «a fragilidade do jornalismo interessa a muitos actores sociais, alguns dos quais se regozijam com o desemprego destas 80 pessoas», e lamenta que, quase dois meses decorridos desde que tomou posse, o ministro da Presidência, Leitão Amaro, que tutela a comunicação social, «ainda não tenha respondido ao pedido de audiência solicitado pelo SJ pouco após a sua oficialização no cargo».

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste chumbou em Julho o plano de insolvência apresentado pela TiN, determinando o encerramento da sua actividade. Na altura, o accionista da TiN Luís Delgado disse à Lusa pretender recorrer da decisão que ditava o fecho da empresa, detentora de títulos como a Visão, Exame, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais e Caras.

Com agência Lusa

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