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Câmara Municipal de Nisa ataca a liberdade sindical

Idalina Trindade, presidente da autarquia eleita pelo PS, impediu que dirigentes e delegados sindicais do STAL contactassem com trabalhadores do município. Sindicato já apresentou queixa.

Idalina Trindade, presidente da Câmara Municipal de Nisa (PS), foi alvo de uma queixa do STAL por ter impedido o acesso de delegados sindicais aos trabalhadores da autarquia, o que constitui uma violação dos direitos, liberdades e garantias definidos na Constituição da República Portuguesa.
Créditos / Tribuna Alentejo

«A presença dos elementos da estrutura sindical perturbará o normal funcionamento dos serviços» decidiu Idaliana Trindade, presidente da Câmara Municipal de Nisa (CMN), eleita pela maioria PS. Por essa razão, uma potencial perturbação, a autarca decidiu ignorar o disposto na Constituição da República Portuguesa, que consagra no seu Artigo 55.º: o exercício da liberdade sindical.

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Câmara de Nisa manda retirar faixa por mais orçamento na Educação

O Executivo (PS) desta autarquia do Norte Alentejano mandou retirar uma faixa colocada na sede do agrupamento de escolas a reivindicar 6% do PIB para a Educação. 

Créditos / USNA

Após uma acção do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS/Fenprof), de mobilização de professores e da população em geral em torno da reivindicação «justa e urgente» de atribuir 6% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação, a autarquia mandou retirar uma faixa da sede do Agrupamento de Escolas de Nisa. 

Segundo a denúncia tornada pública pela União dos Sindicatos do Norte Alentejano (USNA/CGTP-IN), a vereadora da Educação da Câmara Municipal de Nisa, «seguindo os passos da presidente», não só mandou retirar a faixa colocada na sede do Agrupamento de Escolas de Nisa, como informou a Federação Nacional de Professores (Fenprof/CGTP-IN) da sua atitude, «alegando que o sindicato tinha de pedir autorização».

Em resposta, lê-se numa nota da USNA, «foi explicado que se trata de um edifício público e que o que estava em causa era uma acção sindical protegida pela lei e pela Constituição da República Portuguesa (documento que os autarcas deveriam no mínimo conhecer)».

A estrutura sindical acrescenta que também o director do Agrupamento de Escolas de Nisa foi informado pelo SPZS do que tinha acontecido, mas que este «fez saber que não se tratam de assuntos da sua responsabilidade».

A União de Sindicatos insiste que «é preciso continuar a afirmar a liberdade de esclarecer e mobiliza», e que por isso o SPZS resgatou a faixa dos Estaleiros do Município de Nisa e colocou-a novamente «onde deve estar» – num edifício público, para que professores e toda a restante comunidade educativa fiquem «a saber que [...] é possível continuar a defender a Escola Pública».

O investimento de 6% do PIB na Educação é uma referência que várias organizações internacionais colocam como necessária para o adequado funcionamento das escolas. No Orçamento do Estado para 2021, o Governo não foi além de 3,4% do PIB, com o «truque contabilístico», como lhe chamou a Fenprof no início do ano, de misturar investimento nacional com fundos comunitários.

Entre 2002 e 2018, registou-se um desinvestimento na Escola Pública de mais de 800 euros (tendo passado de 5,1% para 3,6% do PIB), o que explica muitas das carências que hoje se fazem sentir, nomeadamente degradação de instalações, falta de professores e de auxiliares de acção educativa, e excesso de alunos por turma. 

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Nessa situação, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL/CGTP-IN), confrontado, com «grande surpresa», com o impedimento de contactar «legitimamente» os seus associados e demais trabalhadores de Nisa, «solicitou de imediato a presença das forças de segurança, junto de quem participou de tal ilicitude».

O sindicato deciudiu avançar, igualmente, com uma queixa junto da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

O STAL frisa que Idalina Trindade «não pode proibir ou impedir a legítima actividade sindical na autarquia», considerando que este «lamentável atropelo» não passa de uma «prepotente tentativa de coarctar a liberdade e o direito» de o sindicar exercer, livremente, a sua actividade.

Sendo esta prática a «todos os níveis condenável», além de «ilegal», a atitude da autarquia PS no ano em que se assinala o 49.º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, que «consagrou o direito e a liberdade sindical como um dos princípios fundamentais do regime democrático», reveste-se de particular perversidade.

«A defesa das conquistas de Abril, e o seu nobre ideário de liberdade, continua hoje a dar-nos ânimo e razão nas lutas que travamos», afirma a Direcção Regional do STAL de Portalegre. As «tentativas vãs de amedrontamento ou silenciamento por parte da actual presidente da CMN não passam disso mesmo, mas reforçam a necessidade de reafirmar, sempre e em cada momento, o respeito pela liberdade da actividade sindical, e que a luta e a união dos trabalhadores são o garante da defesa dos seus direitos, da liberdade e da democracia».

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