Entregue no Parlamento em Setembro de 2024 com mais de 13 mil assinaturas, a petição pelo reconhecimento das profissões de desgaste rápido, dinamizada pela Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN), pretende alargar a aplicação do Decreto-Lei n.º 70/2020, de 16 de Setembro, aos «trabalhadores da fabricação de material eléctrico e electrónico, das indústrias automóvel, farmacêutica, metalúrgica, química, e da celulose e papel, do material aeronáutico, do tratamento de águas e resíduos».
Foi neste contexto que o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul/CGTP-IN) convocou plenários em todas as empresas presentes no parque da Autoeuropa. Todos esses trabalhadores são, afinal de contas, directamente visados por esta iniciativa.
Um dos objectivos anunciado pelo sindicato é, exactamente, a mobilização para a concentração da Fiequimetal mo dia 3 de Julho, às 15h, em frente à Assembleia da República, onde vai estar a ser discutida a petição.
A partir do momento em que o SITE Sul anunciou os plenários, a administração da Autoeuropa/Volkswagen «tudo fez para contrariar um direito colectivo dos trabalhadores». Desde a atribuição de espaços «sem condições para os trabalhadores permanecerem» às «ameaças de represálias», mantendo «a produção para que os trabalhadores principalmente da produção não se possam deslocar para os plenários», o patronato tentou de tudo para boicotar a mobilização.
Já num «claro acto de desespero», refere o sindicato, a Autoeuropa invocou a existência de «pedidos anteriores de outras organizações sindicais para realizar plenários de trabalhadores». Uma razão legítima, não fosse dar-se o caso de esses pedidos serem para, «pasme-se», Dezembro do ano passado.
Consequências do desgaste rápido podiam ser antecipados pela Autoeuropa, mas «nada foi feito para melhorar as condições de quem realmente produz»
As principais queixas avançadas pelos trabalhadores nos plenários do SITE Sul prendem-se com a «degradação das condições de trabalho, intensificação dos ritmos e redução de trabalhadores nas equipas». Tudo situações que, por colocarem estes trabalhadores numa situação em que são forçados a cometer mais riscos, provocam o desgaste rápido destes profissionais.
A Autoeuropa «anuncia grandes investimentos, mas adia a melhoria do ambiente e climatização para 2027», denuncia o sindicato. Enquanto espera vários anos para intervir na melhoria das condições de trabalho na sua fábrica, a empresa «distribui garrafas de água e organiza eventos para mascarar a realidade, ao mesmo tempo que intensifica os ritmos de produção além dos limites dos trabalhadores».
Os trabalhadores não podem ser mais «tratados como peças substituíveis da engrenagem». Também por isso devem ser reconhecidos como trabalhadores de profissões de desgaste rápido, protegendo a sua saúde e as suas vidas, considera o SITE Sul.
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