|abuso patronal

Autoeuropa: os trabalhadores não vão pagar pelas decisões dos patrões

A Autoeuropa quer parar 21 dias em Junho e Julho para descarbonizar a fábrica da Volkswagen (em Palmela). A empresa quer obrigar os trabalhadores a pagar por isso, forçados a um «lay-off abusivo», considera a Fiequimetal/CGTP.

CréditosMário Cruz / Agência Lusa

Se, em 2023, o argumento que justificava o lay-off e perda de rendimentos dos trabalhadores da Autoeuropa era ténue (problemas com fornecedores da Eslóvenia resultaram num corte salarial de 5% e na penalização no pagamento da compensação do trabalho ao fim-de-semana), a proposta da empresa para o lay-off em 2024 chega a ser «abusiva», considera, em comunicado enviado ao AbrilAbril, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN).

|

Autoeuropa segue a lógica de privatizar os lucros e socializar os prejuízos

A Autoeuropa irá parar a produção e segundo a Comissão de Trabalhadores a empresa quer rescindir com trabalhadores temporários devido à paragem. É a máxima de quando há lucros, esses são privatizados, quando há prejuízos, esses são socializados.

CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

Não é uma situação nova na Autoeuropa. Esta semana a empresa informou que deverá suspender a produção a partir de Setembro devido à falta de peças. Face tal anúncio, o SITE Sul pediu uma reunião urgente com a administração de forma a lembrar que ante a paragem havia condições de assegurar os direitos aos trabalhadores, nomeadamente com os Down Days.

Acontece que a empresa parece não estar virada para garantir o bem-estar de quem faz os lucro da empresa, os trabalhadores e já circula internamente uma comunicação que indica que todos serão rescindidos os vínculos com os trabalhadores temporários.  

À Agência Lusa o coordenador da Comissão de Trabalhadores confirma a notícia: «há, de facto, uma comunicação interna em que a empresa manifesta a intenção de rescindir os contratos com os cerca de 100 trabalhadores temporários». 

Com isto importa relembrar que a Autoeuropa pertence à Volkswagen, a multinacional que em 2022 viu os seus lucros a aumentarem para 14867 milhões de euros, mais 0,2% que em 2021 e as que as suas receitas atingiram os 279232 milhões de euros, mais 11,6%. 

A paragem de produção prende-se com as dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi «severamente afectado» pelas condições climatéricas que se fizeram sentir naquele país no passado mês de Agosto e nunca com falhas por parte dos trabalhadores.
 

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

A Autoeuropa anunciou recentemente a sua intenção de encerrar a produção num período de oito dias em Junho e de 13 dias no mês de Julho, num total de 21 dias. O objectivo é reestruturar a unidade de produção em Palmela, descarbonizando a fábrica.

A comissão do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (Site Sul/ CGTP-IN) na Autoeuropa sublinha que «estas paragens são programadas pela empresa, não decorrem de nenhuma situação excepcional e estranha à sua vontade». Os motivos que levam a Volkswagen Autoeuropa (cujo grupo rendeu, em todo o mundo, mais de 16 mil milhões de euros em 2023) a suspender a produção «são alheios à vontade dos trabalhadores».

«A administração da Volkswagen Autoeuropa só tem uma opção: garantir a totalidade da remuneração mensal dos trabalhadores no período em que vigorar o lay-off». A Fiequimetal, que já apresentou um pedido de reunião urgente à ministra do Trabalho, exige «a manutenção do emprego de todos os trabalhadores, directos e indirectos», que trabalhem em empresas que fornecem serviços à Autoeuropa; a «manutenção dos rendimentos e de todos os direitos dos trabalhadores» durante o lay-off; e que todas as situações «sejam sujeitas a prévias e criteriosas autorizações e rigorosas fiscalizações».

A federação sindical relembra que o último destes processos deu muito jeito ao patronato mas resultou em graves «problemas sociais e económicos» para muitos milhares de trabalhadores da Autoeuropa e de mais de 30 empresas que estão envolvidas, em diferentes dimensões, de forma directa ou indirecta, no processo produtivo da Volkswagen.

Seja qual for a solução, e como não podia deixar de ser, os accionistas do Grupo Volkswagen vão continuar a receber chorudos dividendos, «fruto do esforço exigido diariamente» a dezenas de milhares de trabalhadores em todo o mundo, refere o SITE Sul, incluindo os muitos milhares que todos os dias exercem funções na Autoeuropa.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui