A medida foi anunciada, com pompa e circunstância, poucos dias antes do Ano Novo: «o Super Bock Group distribuiu este mês um prémio extraordinário de mil euros a cada um dos 1 200 colaboradores que fazem parte do negócio das bebidas do Grupo». Trata-se, esclarece a empresa, de uma medida «que reconhece a dedicação de cada colaborador, num ano que continuou desafiante para a empresa e para as famílias, considerando o contexto económico e social que o país atravessa, com impactos directos nas condições de vida e no poder de compra».
Os trabalhadores não se deixaram vergar às imposições, ilegais, da empresa: se não podem reunir nas instalações, fazem o plenário na rua. Existe uma «clara discriminação» dos trabalhadores do SINTAB. Desde o agendamento do plenário, marcado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), que a Rangel Logistics Solutions, empresa que faz o apoio logístico à fábrica da Super Bock e Leça do Balio, não tem parado de exercer pressão sobre os trabalhadores. A greve na Super Bock arrancou esta quinta-feira com grande adesão, apesar das pressões exercidas sobre os trabalhadores nos últimos dias. No serviço de enchimento, durante o primeiro período de greve, várias linhas estiveram totalmente paradas, refere o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN) em comunicado. Já no serviço de produção (adega e fabrico de cerveja), em que uma paragem exige procedimentos com seis horas de antecipação, a direcção do serviço não precaveu a greve, «impossibilitando que os trabalhadores a ela pudessem aderir sem pôr em causa, quer a segurança das instalações e equipamentos, quer a qualidade do produto», pode ler-se na nota. «As situações identificadas que constituem, no nosso entender, ilegalidades no âmbito da sonegação do direito à greve e substituição de trabalhadores em greve, serão, de imediato, denunciadas às autoridades», afirma a organização sindical. Por outro lado, também nos serviços administrativos, em que a maioria dos trabalhadores se encontra em teletrabalho, houve quem manifestasse ao sindicato a sua intenção de fazer greve. Segundo o Sintab, nos dias que antecederam à paralisação, a Super Bock reforçou a pressão exercida sobre os trabalhadores, em tentativa de desmobilização da greve, num comunicado escrito em que assume aquilo que havia desmentido à comunicação social. Numa comunicação por e-mail remetida a todos os trabalhadores, a administração voltou a referir que a assinatura do acordo de laboração contínua implica não fazer greve e declarou ter reunido com trabalhadores para os informar disso mesmo. A Super Bock está a chantagear os trabalhadores para não aderirem à greve convocada para os próximos dias 5, 6, 7, 8, 9 e 10 de Agosto, ameaçando-os com o corte de 30% do salário. Vários trabalhadores têm denunciado ao Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN) uma abordagem directa, quer pelas suas chefias, quer por altos quadros do departamento de recursos humanos, na qual foram ameaçados com o corte integral do subsídio de escala previsto nos acordos de laboração contínua. Em causa está uma cláusula do acordo de laboração contínua que, tanto a comissão de trabalhadores como o Sintab consideram «abusiva e inadmissível», constituindo a aplicação de uma «mordaça» por exigir ausência de quaisquer acções de luta durante a sua vigência, pode ler-se em nota divulgada à imprensa. O sindicato considera que a inscrição de qualquer cláusula que retire aos trabalhadores o direito de lutar pela melhoria dos seus direitos, salários, e condições de trabalho, além de «obscena e ilegal», representa «uma aberração social que devia envergonhar os seus responsáveis». Para além disso, a greve agora convocada advém da indisponibilidade de a empresa assegurar aumentos salariais em 2021, quando se verifica a distribuição de lucros pelos accionistas, não estando relacionada com a laboração contínua. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tal como o Sintab afirmou, o processo de negociação das condições de laboração contínua não está ainda fechado, havendo uma grande quantidade de trabalhadores que não aceitam a proposta da empresa por conter cláusulas que tanto a comissão de trabalhadores como o sindicato apelidaram de «ilegais e abusivas». «Quem aceita o acordo de laboração contínua não tem de abdicar de nenhum direito (desde logo o da greve) e muito menos ser coagido a não reclamar aumentos salariais e dias de férias que estão a ser negociados para toda a gente e que nada tem a ver com a laboração contínua», afirma o Sintab. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em comunicado enviado ao AbrilAbril, o SINTAB acusa a empresa de exigir o «cumprimento de serviços mínimos durante o período em que decorresse o plenário», algo que os trabalhadores prontamente recusaram. Esta não é a primeira vez que a Super Bock impede a realização de plenários (do SINTAB) de trabalhadores de empresas subcontratadas, «tendo-o feito anteriormente com os trabalhadores da Conductor, que viria posteriormente a despedir». O SINTAB já tinha denunciado essa situação como um «atropelo grosseiro aos direitos dos trabalhadores, no caso, um dos seus direitos fundamentais previstos na constituição, o direito de reunião». No entanto, este comportamento, comandado pela Super Bock, não se aplica a outros sindicatos. «Tanto os trabalhadores da cantina como os da limpeza e segurança têm realizado pacificamente os seus plenários no interior das instalações sem que a empresa coloque quaisquer objecções». Denota-se uma «clara discriminação», premeditada, aos trabalhadores sindicalizados no SINTAB. Certo é que os trabalhadores não se deixaram intimidar e realizaram o plenário à hora acordada, fora das instalações onde trabalham. «Esta conduta da Super Bock será, mais uma vez, denunciada pelo SINTAB às autoridades competentes, esperando-se que, desta vez, se faça justiça e sejam penalizados os prevaricadores». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Super Bock tenta impedir plenário de trabalhadores
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Pressão para travar greve foi reforçada nos últimos dias
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Sindicato denuncia chantagem na Super Bock
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O tal contexto desafiante para as famílias parece, no entanto, não se aplicar aos trabalhadores do Hotel Palace Vidago, trabalhadores de pleno direito do Grupo Super Bock. O Sindicato de Hotelaria do Norte deixa o alerta: «não é a primeira vez que os mais de 100 trabalhadores do Palace Vidago são discriminados nos prémios e outras regalias que vigoram no grupo».
Segundo o sindicato, não se trata apenas de não assegurar os bónus que são distribuídos pela generalidade dos trabalhadores, é que o Grupo Super Bock nem sequer cumpre os mínimos da contratação colectiva do turismo, «como é o caso da alimentação em espécie, carreiras profissionais, trabalho em dia de descansos semanal e formação profissional».
O SHN já apresentou várias reclamações ao longo dos últimos meses, mas a situação mantém-se, como se pôde agora verificar. A empresa pode muito bem reconhecer «que as pessoas são o motor da sociedade», mas para o patronato há umas que valem menos do que os outros.
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