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|artes plásticas

Questões da actualidade, a terra e o grotesco na arte

«Wall» de Inés Moldavsky e coletiva no Porto, «Terra Anónima» de Isabelle Catucci no Seixal, «Sereno Variável» em São João da Madeira e exposições no Solar dos Zagallos em Almada.

«Wall» de Inés Moldavsky e coletiva na Galeria Municipal do Porto, até 22 de agosto
«Wall» de Inés Moldavsky e coletiva na Galeria Municipal do Porto, até 22 de agostoCréditos / Inés Moldavsky

Na Galeria Municipal do Porto1 decorrem duas exposições, a instalação da artista argentino-israelita Inés Moldavsky «Wall» e a coletiva «Pés de Barro» com oito artistas que têm usado o barro, a olaria e a cerâmica como técnica de criação artística, até 22 de agosto.

Quanto à primeira exposição, «Wall», o curador Guilherme Blanc conta-nos que convidou a artista Inés Moldavsky «para revisitar e expandir, em contexto instalativo, o seu filme The Men Behind the Wall, vencedor do Urso de Ouro na Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim – em 2018». Nesta curta metragem, a artista estabelece algumas conversas e encontros presenciais, utilizando uma aplicação na internet de dating, de encontros, com homens palestinianos que vivem em Gaza e na Cisjordânia. O curador refere ainda no texto de apresentação que «no projeto desenvolvido para a Galeria Municipal do Porto, a artista densifica esta proposta de atravessamento de fronteiras – digitais, políticas, religiosas e de género – construindo um exercício franco e, por isso, provocador de intimidade conversacional e de análise», nesta situação a que a artista se propôs ser o objecto de investigação, problematizando «questões de segregação, ao mesmo tempo que propõe discutir relações de poder». De referir ainda, como nos diz o curador, «num período particularmente tenso entre os estados de Israel e Palestina, Wall, atesta a validade de uma contínua necessidade de debate político em torno da questão da ocupação israelita, ao mesmo tempo propondo uma leitura meta-política sobre amor, respeito e igualdade».

Exposição «Terra Anónima» de Isabelle Catucci na Qta da Fidalga, no Seixal, até 31 de agosto Créditos / Isabelle Catucci

Na exposição «Pés de Barro» participam os artistas Neïl Beloufa, Isabel Carvalho, Gabriel Chaile, Pauline Curnier Jardin, Formabesta (Salvador e Juan Cidrás), Tamara Henderson, Ana Jotta e Eduardo Navarro, tendo a curadoria de Chus Martínez e Filipa Ramos.

A exposição de escultura e instalações artísticas ao ar livre «Terra Anónima» de Isabelle Catucci2, tem como tema central a terra. As obras estão expostas em vários locais da Quinta da Fidalga3, no Seixal, até 31 de agosto, remetendo para detalhes da sua arquitetura, história e paisagem e questionam a relação humana com o meio ambiente. Desde 2005 que esta artista tem vindo a desenvolver uma pesquisa em cerâmica, investigando técnicas e formas expressivas. Ainda entre junho e julho deste ano, a artista apresentou uma exposição no jardim da Biblioteca da FCT Nova da Caparica, tendo apresentado, entretanto, diversas observações sobre o conceito terra e o questionamento dos processos de significação da terra, enquanto material e conceito, no quotidiano e na arte, tema da investigação de Catucci em escultura no doutoramento em curso na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. As indagações sobre a terra enquanto objeto superam a condição de apreciação da matéria inerte para aguçar a perceção sobre a linguagem, emoção e forma.

A exposição integra o programa «Mural 18»4 e os trabalhos foram desenvolvidos durante a residência artística no Armazém 56 – Arte Sx5 e no doutoramento em Belas Artes – Escultura, na Universidade de Lisboa. Este projeto contemplou também um conjunto de oficinas como objetivo a criação de uma escultura participativa neste espaço.

Jacqueline Bartes – Sem título, 1962. Exposição «Sereno Variável» no Centro Oliva, em São João da Madeira, até 22 de agosto CréditosCentro Oliva /

«Sereno Variável» com curadoria de Antónia Gaeta, no Centro de Arte Oliva6, em São João da Madeira, até 22 de agosto 2021. Nesta exposição, com cerca de 170 obras, podemos encontrar diversos núcleos da coleção Treger Saint Silvestre, focando a sua seleção no retrato e figura humana, com registos do detalhe fisionómico, como do desproporcional e do indeterminado. A curadora Antónia Gaeta, chama a nossa atenção para «as criaturas sábias entre sombras de maneirismo e grotesco, com ecos de literatura medieval e epopeias mitteleuropeias, que se espalham pelas salas com as contínuas referências mitológicas e enigmáticas, entre máscaras, sátiras e jogos ilusionísticos, surpreendendo com a sua irregularidade alienante.» Nesta exposição destacamos o trabalho de Jacqueline Bartes (imagem apresentada no artigo). Esta artista nasceu em Perpignan, no sul da França, em 1928. Em 1952 começou a desenhar compulsivamente durante 10 anos, vindo a descobrir Jean Dubuffet na década de 1960, que lhe comprou cerca de 15 obras e dedicou-lhe um artigo na Fascicules de l 'Art Brut, # 4, em 1965, obras estas que foram exibidas em 1967 no Musée des Arts Decoratifs em Paris. Além da artista atrás referida, podem ser encontrados na coleção do LaM os maiores nomes do movimento Art Brut7: Aloïse Corbaz, Fleury Joseph Crépin, Henry Darger, Auguste Forestier, l'Abbé Fouré, Madge Gill, Jules Leclercq, Augustin Lesage, Michel Nedjar, André Robillard, Willem Van Genk, Josué Virgili, Adolf Wölfli e Carlo Zinelli entre outros.

Pormenor da obra de Carlos Trindade. Programa de exposições no Solar dos Zagallos em Almada, até 29 de agosto CréditosSolar dos Zagallos /

O Solar dos Zagallos8 em Almada, além do seu palacete do século XVIII com as salas decoradas em estilo rococó e o jardim histórico com painéis de azulejos e recantos românticos, que por si só já merece uma visita, apresenta também nas suas salas três exposições de artes plásticas, «Continuidades» de Carlos Trindade, «A Voz do Olhar» de Rosarlette Meirelles e «Network Connections de Robert Wiley», que decorrem até 29 de agosto.

Carlos Trindade foi o artista vencedor do Prémio Pedro de Sousa 2020, promovido pela IMARGEM, no âmbito da III Bienal de Desenho de Almada. Esta exposição individual integra maioritariamente desenhos – mas também algumas pinturas – realizados ao longo de quatro décadas, abrangendo trabalhos recentes, alguns dos quais expostos pela primeira vez, e outros mais antigos, que servem para contextualizar a produção artística do autor, na continuidade de alguns temas e técnicas que são recorrentes nas suas obras. Rosalette Meirelles, é uma artista brasileira, paulistana e residente em Almada, apresenta uma série de trabalhos que têm o objetivo de levar a uma reflexão e a um sentir subliminar, partindo das impressões e expressões do «olhar» enquanto sentido com relevo acentuado em tempos de pandemia. Robert Riley, artista reconhecido pelo seu trabalho no âmbito do VICARTE, Núcleo de Investigação em Artes do Vidro e da Cerâmica da FCT/UNL, apresenta nesta exposição algumas obras que dão corpo aos desafios específicos das técnicas das artes do fogo mas que, simultaneamente, nos colocam perante a reflexão mais profunda de como os alicerces de uma herança cultural encontram a sua sustentação nas condições sistémicas de um tempo presente.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Galeria Municipal do Porto - Rua D. Manuel II (Jardins do Palácio de Cristal) 4050-346 Porto. Horário: Terça a Domingo, das 10h00 às 18h00.
  • 2. Isabelle Catucci é licenciada e escultura com mestrado em antropologia social. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em escultura, orienta oficinas de artes visuais, realizou instalações e exposições de pintura, desenho e escultura. Atualmente é professora assistente da Universidade Federal do Paraná - Departamento de Artes, na área de Poética e Linguagem Tridimensional.
  • 3. Quinta da Fidalga - Av. República 2571, 2840-468 Arrentela-Seixal. Horário: terça-feira a sábado, das 10 às 19 horas.
  • 4. O programa «Mural 18» é a nova plataforma cultural que reúne os 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa e que une os agentes culturais, municípios e cidadãos, em defesa da comunidade artística e do património cultural, imaterial e material.
  • 5. ARMAZÉM 56 – ARTE SX é um equipamento cultural situado no Seixal, dedicado às artes visuais contemporâneas, nomeadamente da cerâmica, tecelagem, serigrafia, pintura e desenho, restauro, street art e outras manifestações associadas. Foi criado no âmbito do projeto de requalificação da fábrica corticeira Mundet, adquirido pela Câmara Municipal do Seixal, o equipamento cultural encontra-se devidamente equipado para acolher o desenvolvimento de trabalhos criativos em regime de residência artística, assim como a realização de cursos de formação e workshops diversos.
  • 6. Centro de Arte Oliva - Rua da Fundição, 240 3700-119 S. João da Madeira. Horário: Terça-feira a domingo: 10h00 às 12h30 e 14h00 às 17h30.
  • 7. Em 1945, o artista Jean Dubuffet cunhou a noção de Art Brut, numa época em que começava a compilar uma coleção de arte altamente eclética, incluindo itens como máscaras de carnaval, desenhos infantis e produtos artesanais populares.  Considerado um fenômeno com lugar de direito na arte do século XX, a noção ampliou-se e espalhou-se por todo o mundo - em inglês é chamada de “arte outsider”. Muitos artistas inspiram-se ainda hoje, em suas abordagens e práticas.
  • 8. Solar dos Zagallos - Largo António José Piano Júnior, Sobreda - Almada. Horário: Quarta-feira a sábado: 10h-12h/14h-17h00 e Domingos: 14h-17h00.

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