Na suposta «economia do ano», os dados continuam a imperar e a desmontar a narrativa e os dados de Outubro mostram uma realidade económica contrastante. Se por um lado, a dívida total da economia portuguesa recuou 8,7 mil milhões de euros, situando-se nos 857,7 mil milhões, por outro, os particulares viram o seu encargo financeiro crescer para os 170 mil milhões de euros, um valor nunca antes alcançado e que representa um aumento de 8,1% face ao mesmo mês do ano anterior.
A subida do endividamento das famílias, no valor de 1,2 mil milhões de euros, foi puxada essencialmente pelo crédito à habitação, que aumentou mil milhões de euros. Este foi o principal factor para que o sector privado, que inclui famílias e empresas, registasse um crescimento global de 1,4 mil milhões de euros em dívida.
Já no setor público o endividamento diminuiu 10,1 mil milhões de euros. Esta redução deveu-se principalmente ao pagamento de uma obrigação do Tesouro. Contudo, o Banco de Portugal destaca que, quando se compara com Outubro de 2024, a dívida pública ainda registou um crescimento líquido de 21,5 mil milhões de euros, fruto da emissão de títulos.
Num olhar mais detalhado para as empresas privadas, o seu endividamento aumentou ligeiramente em 200 milhões de euros. Este valor resulta de dinâmicas opostas: um aumento da dívida junto de entidades não residentes (700 milhões de euros) e uma redução da dívida perante o sector financeiro nacional (menos 500 milhões de euros).
Estes números ilustram uma economia em caminhos divergentes, com as famílias a a demonstrar o aperto em que vivem, enquanto o Estado aproveita momentos específicos para aliviar temporariamente a sua carga de dívida total, porém pode significar a ausência de investimento nos serviços públicos.
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