|País Basco

«A precariedade mata», alertam novamente os sindicatos bascos

Denunciando a «crónica de uma morte anunciada», vários sindicatos convocaram uma mobilização frente às instalações da Amazon na Biscaia, após um novo acidente de trabalho mortal no País Basco.

No cartaz lê-se: «A precariedade mata. Mais acidentes de trabalho não!» 
No cartaz lê-se: «A precariedade mata. Mais acidentes de trabalho não!» (imagem de referência) Créditos / LAB

Um trabalhador de 39 anos faleceu, na quarta-feira, quando a furgoneta que conduzia foi abalroada por um comboio numa passagem de nível sem guarda em Zalla, na região ocidental da Biscaia.

O falecido trabalhava para a empresa Grusar, Logística y Distribución – subcontratada pela Amazon – e, de acordo com as informações conhecidas pelas organizações sindicais, tinha de entregar encomendas nos dois lados da linha férrea, nas imediações do local onde ocorreu o acidente fatal.

«Este acidente não é um acaso. Decorre de um modelo de relações laborais implementado pela Amazon, assente em elevados ritmos de trabalho, pressão e controlo», denuncia o LAB numa nota.

«Na verdade, cada motorista é geolocalizado a todo o momento tanto pela empresa subcontratada como pela Amazon, e recebe chamadas de monitorização quando, por qualquer motivo (trânsito, meteorologia, etc.), não consegue atingir o ritmo estabelecido pela aplicação», explica ainda o texto.

Aumentar lucros multimilionários à custa da vida dos trabalhadores

O sindicato acusa a Amazon de recorrer a uma rede de empresas subcontratadas que «aplicam condições de trabalho precárias para fazer crescer os seus lucros multimilionários à custa da vida dos seus motoristas».

Os mais de 300 distribuidores que operam na Biscaia – laborando para as cinco empresas subcontratadas pela Amazon – realizam jornadas de trabalho diárias superiores a dez horas, trabalham aos feriados e são penalizados no caso de completarem todas as entregas, denuncia o LAB, que alerta para a situação de precariedade generalizada, potenciada pelo recurso a trabalhadores de empresas de trabalho temporário.

«Isto não é um acidente, é a crónica de uma morte anunciada, já que responde a condições de trabalho precárias que põem em risco a vida dos trabalhadores», afirma o sindicato, sublinhando que este ano faleceram pelo menos 58 trabalhadores bascos no local de trabalho ou em acidentes com ele relacionados (dez na província de Álava, 13 na Biscaia, 13 em Guipúscoa, 19 em Navarra e dois fora do território basco).

Para denunciar este novo caso e a situação mais geral de precariedade que potencia os acidentes de trabalho fatais, LAB, ESK, Steilas, Etxalde e Hiru uniram-se no apelo a uma mobilização, no próximo dia 3, frente às instalações da Amazon em Trapagaran.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui