Indígenas, agricultores, estudantes, trabalhadores e representantes de vários sectores de actividade percorreram as ruas da terceira maior cidade equatoriana, esta terça-feira, para exigir ao presidente do país, Daniel Noboa, que volte atrás na licença ambiental atribuída à empresa canadiana Dundee Precious Metals para o projecto Loma Larga.
«Há três relatórios, pelo menos, que confirmam a contaminação de uma zona altamente sensível que abastece de água a cidade de Cuenca e daí a reacção da cidade», disse o presidente do município, Cristian Zamora.
Mesmo com a chuva, indica o portal Primicias, o centro da capital da província de Azuay parecia estranhamente silencioso para um dia de semana, mas rapidamente se encheu de cânticos, batucadas e palavras de ordem – algumas das quais contra o governo de Noboa e a empresa canadiana à qual foi entregue a concessão para Loma Larga.
Na Praça de San Roque, realizou-se uma cerimónia ancestral e, pouco tempo depois, as ruas encheram-se de gente – tanta que não se percebia onde era o começo da mobilização.
Viam-se muitos balões, bandeiras brancas e azuis, e cartazes a afirmar que «a água vale mais que o ouro», «Em Quimsacocha não se mexe», «Cuenca já decidiu», «Água é vida» ou «Sem água não há futuro», refere o portal.
Defesa da água, defesa da vida
Num manifesto que apresentaram na mobilização, os cidadãos pediram que «toda a charneca de Quimsacocha seja declarada zona de protecção hídrica».
Por seu lado, o prefeito da província de Azuay, Juan Cristóbal Lloret, sublinhou que se trata de «uma luta dos cidadãos pela vida, pelas charnecas que sustentam a nossa irrigação, o consumo humano e actividades que coexistem harmoniosamente» – algo que, frisou, «pode não ser compreendido por alguns órgãos governamentais», indica a Prensa Latina.
O responsável denunciou que, na atribuição da licença ambiental, os processos legais foram violados e questionou o executivo por tentar transferir a responsabilidade de futuras acções judiciais internacionais para os governos locais, caso o projeto de extracção não seja executado.
Antes da manifestação, o presidente Noboa tinha declarado o estado de excepção em sete províncias do país, incluindo Azuay, de que Cuenca é capital.
Quimsacocha, uma área natural protegida de 3217 hectares, alberga importantes fontes hídricas. A operação mineira proposta inclui a extracção de ouro, prata e cobre, com um investimento estimado de 419 milhões de dólares.
Segundo refere o Primicias, o estudo de viabilidade, concluído em 2020, indica que Loma Larga tem potencial para produzir uma média anual de 200 mil onças de ouro nos primeiros cinco anos de funcionamento.
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