A reivindicação foi reafirmada num momento em que o presidente norte-americano, Donald Trump, pretende utilizar o país caribenho, sob domínio colonial de Washington, para agredir outros países da região.
«Não queremos que Porto Rico seja usada para invadir nenhum país irmão, como o é a República Bolivariana da Venezuela», disse à imprensa Sonia Santiago Hernández, porta-voz da Madres contra la Guerra.
A dirigente referiu que as forças armadas dos EUA devem proceder à «limpeza completa dos solos, águas e ares contaminados, usando fundos governamentais dos Estados Unidos, responsáveis pelos danos».
Santiago Hernández defendeu ainda que o povo porto-riquenho deve ser ressarcido economicamente, por Washington, pelos anos de utilização das bases, sem pagar nada, e exigiu «respeito absoluto pela nossa soberania», bem como pela vida das comunidades afectadas.
«As Madres contra la Guerra declaram que não vão permitir que o silêncio e a impunidade prossigam; enquanto mães, abraçamos a vida e dizemos com firmeza "nem mais uma bomba, nem mais um veneno em Porto Rico!"», frisou, citada pela Prensa Latina.
Expropriações, despejos, doenças e danos ambientais
Ao insistir no fim das instalações militares contaminadas em Porto Rico, Santiago Hernández recordou que, para se construir a base de Ramey, em 1939, foram expropriados terrenos e cerca de 4000 pessoas foram despejadas.
Desta base – denunciou – partiram aviões de guerra para depor Manuel Antonio Noriega, no Panamá, «provocando a morte de mais de 4000 pessoas».
«Que vergonha para Porto Rico que daqui partam para matar e ocupar outros povos! Porto Rico jamais declarou guerra a qualquer país, no entanto, mais de 2000 boricuas foram mortos nas guerras dos Estados Unidos», declarou a responsável.
Destacando a grave contaminação ambiental e os efeitos nefastos que as bases norte-americanas tiveram na saúde dos porto-riquenhos, Hernández acrescentou: «os nossos corpos, as nossas terras e as nossas águas foram utilizados como laboratórios de guerra, e as comunidades continuam a pagar o preço de um legado de morte e doença.»
A dirigente das Madres contra la Guerra disse ainda que, em Vieques, «mais de 60 anos de bombardeamentos deixaram urânio empobrecido, fósforo branco, napalm, chumbo, mercúrio e outros metais pesados que continuam a envenenar o solo e o mar».
Já na base naval de Roosevelt Roads, em Ceiba, a marinha deixou combustíveis e químicos tóxicos que contaminam as águas subterrâneas, denunciou, tendo também apontado «riscos ambientais graves» nas bases de Ramey, Sabana Seca e Muñiz.
«Estes crimes ambientais traduzem-se em mais cancro, doenças respiratórias, hipertensão e mortes prematuras entre a nossa gente», disse, sublinhando que o povo porto-riquenho jamais autorizou «ser uma zona de sacrifício militar» e, muito menos, «herdar estes passivos tóxicos».
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