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Israel intensifica ofensiva contra a Cidade de Gaza

As autoridades de saúde no enclave palestiniano alertam para a «catástrofe» em curso, com a ocupação a bombardear torres residenciais na Cidade de Gaza e a forçar o êxodo da população faminta.

Faixa de Gaza, Setembro de 2025 Créditos / Unrwa

A ofensiva militar israelita no enclave costeiro intensificou-se esta terça-feira, com os bombardeamentos da aviação militar a provocarem dezenas de mortos e desaparecidos sob os escombros.

Só no campo de refugiados de al-Shati, sob os escombros de um edifício bombardeado, as equipas de resgate e salvamento reportaram o desaparecimento de pelo menos 25 pessoas, indica a Al Mayadeen, cujo correspondente no terreno também deu conta de bombardeamentos de artilharia sionistas no Sul do enclave.

Entretanto, as forças de ocupação decretaram novas ordens de evacuação para os habitantes da Cidade de Gaza, onde continuam a arrasar torres residenciais para assim forçar o êxodo da população.

De acordo com a Protecção Civil no enclave, no espaço de 72 horas as forças de ocupação destruíram mais de 200 apartamentos em cinco torres residenciais – cada qual com mais de sete andares – na Cidade de Gaza, levando a que mais de 4100 palestinianos tenham ficado sem casa

Também foram destruídas mais de 350 tendas de abrigo, cada qual com dez pessoas, o que significa que mais alguns milhares de pessoas «estejam agora a viver ao relento, privadas de bens essenciais, a lutar contra a morte, a fome e um calor insuportável, num cenário catastrófico e indescritível».

A Protecção Civil, que lançou um apelo ao mundo no sentido de agir agora, «antes de que seja demasiado tarde», entende que a estratégia israelita visa forçar a deslocação em massa da população palestiniana.

«Ficámos completamente encurralados»

Os habitantes da Cidade de Gaza destacam que o objectivo da ocupação é forçar a deslocação das pessoas, apesar de muitas se recusarem a partir, mais uma vez, porque as chamadas «zonas seguras», como al-Mawasi, no Sul, nunca o foram, tendo sido repetidamente bombardeadas, e porque não reúnem as condições mínimas para viver.

«O objectivo primeiro da ocupação é a deslocação forçada… mas não há locais seguros, nem no Sul, nem no Norte, nada», disse Bajees al-Khalidi à Al Jazeera, acrescentando: «Ficámos completamente encurralados.»

Umm Ghassan, também palestiniana deslocada e doente oncológica, disse que receberam uma mensagem para sair da Torre Israa e falou do «imenso medo» que então sentiram. Pediu ajuda ao mundo, afirmando que «não resta nada, as nossas casas foram destruídas».

Lazzarini: «Gaza está a ser arrasada, reduzida a terra de ninguém»

O responsável da Unrwa (agência da ONU para os refugiados palestinianos) afirmou que a Faixa de Gaza está a ser esvaziada da sua população faminta, que é forçada a mudar-se para a chamada zona «humanitária» em al-Mawasi.

«Não há lugar seguro em Gaza, muito menos uma zona humanitária. É um campo grande e a crescer que concentra palestinianos famintos e desesperados», disse Philippe Lazzarini numa mensagem ontem divulgada no Twitter (X).

«Os alertas da fome caíram em ouvidos moucos», disse o funcionário da ONU, questionando se a catástrofe cada vez mais profunda na Cidade de Gaza terá o mesmo destino.

Número de mortos palestinianos a aumentar

De acordo com fontes médicas a que a Wafa faz referência, de 7 de Outubro de 2023 até ontem, os ataques da ocupação provocaram a morte de pelo menos 64 605 palestinianos e 163 319 feridos.

As autoridades de saúde revelaram ainda que, no espaço de 24 horas, mais nove pessoas tinham falecido no enclave devido à fome e à má-nutrição, elevando o número de mortos nestas circunstâncias para 399 (140 dos quais menores).

Bombardeamentos israelitas a múltiplos países da região

Desde o início da ofensiva genocida de Outubro de 2023, as forças militares sionistas atacaram o Irão, a Palestina ocupada (como o fazem há décadas), o Líbano, a Síria e o Iémen (que também bombardeiam de forma rotineira), e o Catar (ontem; onde se encontrava uma delegação do Hamas para debater uma proposta de cessar-fogo).

No ataque com drone, anteontem, à Flotilha da Liberdade com rumo a Gaza, atracada na Tunísia, as forças israelitas também aparecem como suspeitas (não assumiram o ataque).

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