|salários em atraso

StampDyeing: uma empresa tem os lucros, outra fica com os salários por pagar

Os cerca de 100 trabalhadores desta empresa (grupo Mabera) receberam o último salário em Junho, sem incluir o subsídio de férias. Com o gás cortado desde essa altura, continuam a cumprir 8h diárias sem produzir nada.

A faturação da Coelima, de Guimarães, cresceu 15% em 2024, alcançando resultados de 8,5 milhões de euros. E, para 2025, as expectativas são ainda melhores, afirmou Dâmaso Lobo, ao PortugalTêxtil, administrador da Mabera, o grupo que, em 2021, comprou esta histórica empresa téxtil

Já outra das empresas do grupo, a StampDyeing - Tinturaria, Estamparia e Acabamentos, não atravessa o mesmo período de bonança. Os cerca de 100 trabalhadores desta empresa sediada na vila de Ponte (Guimarães) ainda não receberam os salários de Julho e o subsídio de férias, estando há quase dois meses a cumprir o seu horário de 40 horas semanais numa fábrica que não tem gás (por falta de pagamento) e, como tal, não produz nada.

A 1 de Agosto, um fornecedor de produtos químicos avançou com um pedido de insolvência da empresa, por falta de pagamentos.

«Na Coelima falou-se em lucros, mas às custas da StampDyeing. Aqui ficámos sem salários e sem futuro», lamentou um trabalhador ao jornal MaisGuimarães, num dos vários protestos realizados no mês de Agosto. Um colega relembra que, há mais de um ano, são devidos outros valores a vários trabalhadores: «é uma injustiça para quem tem contas para pagar e famílias para sustentar».

Embora se tenha comprometido, numa reunião realizada com o Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes (filiado na CGTP-IN), a saldar as dívidas que tem para com os trabalhadores, Dâmaso Lobo, até ao momento, não pagou os salários na StampDyeing. 

CDU estranha «silêncio cúmplice» da Câmara Municipal de Guimarães

«Num concelho de salários baixos e com o custo de vida cada vez mais elevado», estas situações «de incerteza» para os quais os trabalhadores são empurrados, sem qualquer responsabilidade sua, «são momentos de grande angústia», considera, em comunicado, a CDU Guimarães. O diálogo com os trabalhadores «é essencial», mas «o pagamento dos salários e do subsídio em atraso tem de ser garantido de imediato» pelo patronato da StampDyeing e Mabera.

A coligação que junta comunistas e ecologistas (PCP/PEV) estranha o «silêncio cúmplice do actual executivo [Partido Socialista] da Câmara Municipal de Guimarães»: por ocasião da venda da Coelima, a autarquia do PS não se coibiu de reunir e intervir directamente no processo de venda das empresas em questão. A comitiva da CDU (que integrava Mariana Silva, candidata a presidente da Câmara de Guimarães, António Leite, candidato da CDU à Junta de Freguesia de Ponte e Daniela Ferreira) assegura que «continuará a acompanhar esta situação» e a prestar toda a «solidariedade» necessária a esta centena de trabalhadores.

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