Para a história ficou o «irrevogável» de Paulo Portas, que, em 2013, se demitiu do seu cargo enquanto ministro (no Governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho) apenas para, quatro dias depois, reverter a sua decisão. A situação do patronato da Super Bock é relativamente parecida. No início das negociações, a empresa tinha definido como «inegociável» a inclusão do aumento de 1% realizado em Dezembro. Meses depois, a empresa é obrigada a aceitar o facto de que nem tudo está nas suas mãos.
O acordo assinado a 18 de Junho, entre a Super Bock e a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN), determina que as tabelas salariais e as cláusulas de expressão pecuniárias «sejam actualizadas em 2,4% (valor da inflação de 2024) com impacto mínimo de 75 euros nas tabelas e, consequentemente, no salário base de cada trabalhador».
Embora este resultado continue «sem espelhar fielmente o reflexo dos lucros dos accionistas nos rendimentos», o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril, ressalva a «afirmativa e contundente união dos trabalhadores» que forçou a empresa, passo a passo, a alterar a sua posição «inegociável».
O resultado deste acordo, que assegura aumentos mínimos de 75 euros mensais para todos, «mantém o sentido de afastamento do salário mínimo nacional iniciado há alguns anos» pela acção reivindicativa na Super Bock, «traduzindo-se na valorização do trabalho e das profissões».
Um aumento de 1% já tinha sido aplicado, unilateralmente, pela Super Bock, em Dezembro de 2024. O objectivo desta intervenção não passou, no entanto, por um genuíno desejo de melhorar as vidas dos trabalhadores: este aumento era indispensável para que a Super Bock acedesse aos benefícios fiscais em sede de IRC.
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