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Ucrânia: lembrar vítimas do nacionalismo não contribui para relações com a Polónia

O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano lamentou a decisão do Parlamento polaco de assinalar o 11 de Julho como Dia da Memória das vítimas dos massacres perpetrados pelos colaboradores nazis ucranianos (OUN/UPA).

Manifestantes neonazis do Svoboda (Liberdade) e Pravyi Sector (Sector de Direita) protestam em Kiev
Créditos / REUTERS

«Estas medidas unilaterais não contribuem para alcançar o entendimento mútuo e a reconciliação, algo em que os nossos países têm vindo a trabalhar há muito tempo», refere nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia. Em causa está a decisão tomada pelo Sejm, a câmara baixa do Parlamento da Polónia, de assinalar o dia 11 de Julho como «Dia Nacional da Memória dos Polacos, vítimas do genocídio cometido pela OUN e pela UPA nos territórios orientais da Segunda República Polaca».

Entre 1939 e 1946, organizações ultra-nacionalistas ucranianas assassinaram cerca de 100 mil civis polacos nas regiões de Volínia e Galícia oriental – o objectivo era o da limpeza étnica da região, com vista à criação de um estado fascista ucraniano. O Exército Insurgente Ucraniano (UPA) foi criado em 14 de Outubro de 1942 como braço armado da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN; que na altura estava dividida em duas facções, a OUN de Stepan Bandera, mais interessada em colaborar directamente com o regime nazi alemão).

Estas «medidas unilaterais não contribuem para alcançar o entendimento mútuo e a reconciliação», considera o Governo ucraniano. Considerando que o assassinato de dezenas de milhares de civis numa acção de limpeza étnica é apenas uma «alegação», a Ucrânia defende um «estudo científico e imparcial das complexas páginas da nossa história comum». O «caminho para a verdadeira reconciliação passa pelo diálogo, pelo respeito mútuo e pelo trabalho conjunto dos historiadores, e não por avaliações políticas unilaterais», consideram.

«Apesar do preconceito e do contexto político da decisão do Sejm da República da Polónia», que optou por celebrar as vítimas dos massacres da UPA/OUN, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirme que continuará «a realizar trabalhos de busca e exumação na Ucrânia e na Polónia, respectivamente».

«Em prol da nossa força comum, da liberdade e da segurança dos nossos dois países amigos, devemos resolver juntos as questões problemáticas, em vez de as exacerbar». A 11 de Julho de 1943, esquadrões da morte da UPA cercaram 100 vilas e aldeias polacas e mataram todos os homens, mulheres e crianças polacas que encontraram, repetindo o mesmo em 50 outras localidades no dia seguinte, num evento que ficou conhecido como Domingo Sangrento na Volínia.

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