Quando o sindicato começou, há 5 anos, a intervir na Monliz, uma multinacional com fábricas em sete países europes (neste caso, em Alpiarça) e que exporta para mais de 100 países, «a empresa geria os trabalhadores como bem entendia, estipulando os horários consoante a época e as campanhas agrícolas», relatou, em declarações prestadas ao AbrilAbril, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Alimentar e Bebidas (STIAC/CGTP-IN).
A exploração agudizava-se nos períodos de maior produção, normalmente nos meses de Verão. Nestes períodos, a Monliz chegava a impor regimes de trabalho que só permitiam, aos cerca de 250 trabalhadores, o gozo de um fim-de-semana «ao fim de 6 semanas de trabalho, mudando muitas vezes de turno de forma a não permitir o gozo do fim de semana a que tinham direito». Estes horários por turnos rotativos não «obedeciam ao contrato colectivo para o sector do frio».
Estes «horários irregulares, de laboração contínua, com apenas uma folga por semana e com 2 fins-de-semana de 6 em 6 semanas», chegaram, no último mês, ao fim. O STIAC apresentou uma acção judicial contra a empresa no início do mês de Maio e, antes da primeira audição, a Monliz começou a cumprir o estipulado no contrato colectivo. «Então era ou não possível?».
Depois de anos a afirmar que não era possível alterar os horários de trabalho, a Monliz, com medo da sentença judicial, criou «equipas especifícas para trabalhar ao fim de semana», determinando que os restantes trabalhadores devem passar a laborar «de segunda a sexta-feira em turnos rotativos», num total de 40h semanais de trabalho. O acordo alcançado em tribunal «estipula que a empresa não pode voltar a implementar os regimes de horários de laboração continua aos trabalhadores sindicalizados».
Trabalhadores não desarmam. Depois da vitória na questão dos horários, os profissionais da Monliz assumem, em plenário, a disponibilidade de lutar pelos aumentos salariais, o subsídio de frio e o de transporte
A partir do momento em que o STIAC/CGTP-IN começou a intervir, com força e representação, na Monliz, foram alcançadas várias conquistas significativas, aumentando «a confiança dos trabalhadores» – confiança essa que se expressou nas adesões de 80% às greves realizadas em 2022 e 23.
Nos últimos 5 anos, a Monliz «começou por aumentar o subsídio de refeição, pagar o subsídio de turno e horas noturnas no subsídio de férias, o cumprimento dos dias de nojo, a implementar horários flexíveis para exercer o direito da maternidade/parentalidade, pagar o subsídio de alimentação à comissão sindical no exercício dos seus direitos e o reforço de equipamentos de protecção e segurança individual (EPIS)», numa empresa em que eram «recorrentes os acidentes de trabalho».
Também o recurso a contratos precários tem vindo a diminuir fruto da intervenção dos trabalhadores e do sindicato, realça o STIAC.
No passado dia 19 de Maio, o STIAC realizou plenários com os trabalhadores em que o acordo alcançado no que aos horários diz respeito foi, por todos, valorizado. Essa conquistou motivou os trabalhadores a assumir a disponibilidade para adoptar todas as formas de luta necessárias no combate por «aumentos salariais, o aumento do subsídio de frio e o pagamento do subsídio de transporte»
De Janeiro a Dezembro de 2025, está em vigor um processo de greve ao trabalho extraordinário, o que permite aos trabalhadores «não cederem ás pressões da empresa na realização de trabalho suplementar nomeadamente advertências e processos disciplinares».
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