O caso foi divulgado este domingo pelo periódico israelita Haaretz, de acordo com o qual, neste ano lectivo, agentes da Polícia israelita à entrada do complexo de Al-Aqsa revistaram as malas de centenas de alunos palestinianos do Ensino Secundário que ali queriam entrar.
Segundo revela o periódico, foram confiscados centenas de livros que mostram a bandeira palestiniana.
O Haaretz refere uma fonte do Waqf Islâmico de Jerusalém – que administra o complexo da mesquita de Al-Aqsa – que afirma: «O método, agora, é comprar dois livros, um para casa e outro para a escola, para que não andem por aí com os livros. Também estamos a pensar em comprar iPods para as crianças e colocar ali os livros.»
Há anos que as autoridades israelitas tentam impor o currículo escolar israelita às escolas palestinianas em Jerusalém Oriental ocupada, no âmbito de uma campanha mais vasta de judaização da cidade, que passa pela expulsão da população árabe, a demolição de edifícios e estruturas, a ocupação de terrenos e bairros por colonos judeus.
Para os palestinianos, a tentativa de israelizar os currículos que os palestinianos ensinam nas suas escolas é uma forma de guerra contra a sua identidade, história e cultura, refere a propósito o portal Palestine Chronicle.
Em Junho último, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado de alerta para a «israelização da educação nas escolas árabes», sublinhando que, com as leis aprovadas no Knesset, se tenta «impor a narrativa israelita à consciência das gerações palestinianas, por via da intensificação de medidas restritivas contra professores e estudantes, e da chantagem às escolas árabes que não adoptam os currículos israelitas».
No comunicado, divulgado pela agência Wafa, o Ministério alertou para a tentativa de legitimação da «perseguição das figuras nacionalistas palestinianas», bem como para a tentativa de «controlar e dominar a consciência de gerações, pressionando-as a aceitar os procedimentos e medidas da ocupação».
Neste sentido, o Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou às organizações internacionais, sobretudo à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para que se oponham a «esta violação flagrante ao direito de um povo a manter a sua identidade, património, cultura e causa».
Instou-as também a intervir, tendo em conta a defesa da liberdade de expressão e de ideias por meios pacíficos e através da educação.
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