Moataz, de 15 anos, devia ter começado hoje as aulas do 10.º ano. Em vez disso, lembra a Al Jazeera, acordou numa tenda em Deir al-Balah (região central da Faixa de Gaza) e teve de ir buscar água a mais de um quilómetro de distância.
Umm Zaki, a sua mãe, disse que, «habitualmente, um dia como este seria de celebração, ver as crianças a ir para a escola e sonharem em tornar-se médicos e engenheiros».
«Hoje, tudo o que esperamos é que a guerra acabe antes que percamos algum deles», frisou.
No dia do regresso às aulas do ano lectivo 2024-25, Moataz é um dos mais de 630 mil estudantes de Gaza que continuam a ser privados do direito à educação por causa da agressão israelita ao território.
De acordo com o Ministério palestiniano da Educação, outras 58 mil crianças foram afectadas – aquelas que deviam começar hoje a frequentar as aulas do primeiro ano do ensino básico.
A tutela revelou ainda que 39 mil estudantes foram impedidos de realizar os seus exames de nível secundário desde 7 de Outubro último.
A isto, acresce o facto de 11 500 menores em idade escolar terem sido mortos, entre os 25 mil menores que foram mortos ou feridos no contexto da agressão israelita, refere a Al Jazeera.
Ainda segundo o Ministério da Educação, 90% das 307 escolas públicas no território foram destruídas, mais de 750 trabalhadores do sector foram mortos e milhares ficaram feridos devido aos ataques aéreos e de artilharia israelitas.
«Quanto mais tempo as crianças se mantiverem fora da escola, mais difícil será para elas recuperarem a aprendizagem perdida e mais se arriscam a tornar-se uma geração perdida, sendo vítimas da exploração, incluindo o casamento infantil, o trabalho infantil e o recrutamento para grupos armadas», declarou a propósito Juliette Touma, directora de comunicações da UNRWA (agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos).
Entretanto, mesmo num contexto de elevada tensão e agressões sionistas crescentes, o novo ano escolar começou hoje na Margem Ocidental ocupada, envolvendo mais de 806 mil estudantes e 51 400 professores, refere a Wafa.
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