Inúmeras personalidades e organizações políticas e de solidaridade de vários pontos do planeta protagonizaram este sábado e domingo um amplo programa de apoio à maior ilha das Antilhas, numa iniciativa denominada «Pontes de Amor».
A caravana mundial a exigir o fim do embargo económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA a Cuba nasceu há cerca de nove meses em Miami. Desde então, tem-se realizado no último domingo de cada mês e vem somando cada vez mais participantes. Recorde-se que, também em 2020, o aumento das sanções contra Cuba levou mais de 130 organizações progressistas nos EUA a juntarem-se para defender o levantamento do embargo.
As acções deste fim-de-semana arrancaram em países como a França, Rússia, Suécia, Suíça, Irlanda, Angola e Namíbia, repartidas entre concentrações, marchas, caravanas automóveis e de bicicletas, e outras iniciativas solidárias com o fim de alertar a população mundial para os impactos causados na economia cubana por cerca de 60 anos de um criminoso bloqueio.
O encarregado de negócios na Embaixada de Cuba no Brasil alertou numa entrevista para o «recrudescimento do bloqueio por parte dos EUA» contra o país caribenho, que afecta a cooperação médica. Numa entrevista recente concedida ao jornalista Beto Almeida, da TV Comunitária de Brasília, Rolando Gómez qualificou como «genocida» a campanha lançada contra a colaboração médica que o seu país desenvolve a nível mundial, sob um princípio de solidariedade e tendo como base o lema de José Martí, o herói nacional de Cuba, de que «Pátria é a humanidade». Gómez, que é encarregado de negócios na Embaixada de Cuba em Brasília, sublinhou que esse princípio foi transformado pelo líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, «em património do nosso povo». «Essa concepção filosófica, humanista, de solidariedade, Fidel inculcou-a desde o início do processo revolucionário [Janeiro de 1959] na Ilha», disse. Rolando Gómez lembrou que o país quase ficou sem médicos no início da Revolução, porque a maioria deixou a Ilha; no entanto, «face ao apelo e a uma necessidade imperiosa do povo irmão da Argélia, enviou [para lá] uma brigada médica e todos os seus serviços», frisou. No âmbito das mudanças que a Revolução propugnava, em termos de dar prioridade aos cuidados médicos primários, «foram sendo criadas escolas de medicina, foram-se formando médicos, especialistas, com uma concepção de serviço à população e de prestação com a maior qualidade possível», referiu. Precisou que, na sequência de fenómenos naturais – como furacões, terramotos e epidemias surgidas em muitos países, na maior parte dos casos do Terceiro Mundo –, nasceu a «colaboração médica internacional de Cuba», que foi «um modo de mostrar ao mundo que um país pequeno e sujeito a um bloqueio é capaz de fazer tanto pela humanidade quanto poderiam fazer países desenvolvidos e com recursos». Gómez defendeu que «esse foi o exemplo que Fidel transmitiu à humanidade» e que Cuba passa em termos solidários ao mundo, «que todos queremos que seja melhor». Neste sentido, insistiu que os médicos cubanos são formados no espírito do humanismo, de não encarar a medicina como um negócio, mas como um serviço à população. Reconheceu que a exportação de serviços médicos se tornou o principal patamar financeiro para a Ilha, superando inclusive as verbas que entram no país caribenho a partir do turismo. «E que decidiu Donald Trump? Atingir de qualquer forma esses recursos do país. Essa é a explicação. Tenta por todos os meios impedir que Cuba possa contar com as verbas da colaboração médica», disse o encarregado de negócios, denunciando que a campanha contra esta colaboração tem origem no «recrudescimento do bloqueio por parte dos EUA e na escalada das suas agressões» contra a maior ilha das Antilhas. Assim, alertou que Washington pressiona vários governos para que ponham fim aos convénios firmados com Cuba e acabem com a colaboração médica cubana, presente em 65 países, apesar de os povos reconhecerem a qualidade dos profissionais cubanos. A este título, Rolando Gómez lembrou que «o povo brasileiro conheceu» essa qualidade. «Aqui, nos 27 estados do país, chegaram a trabalhar 11 400 médicos da Ilha e sabe-se que se dedicavam por inteiro a cuidar dos seus pacientes», sublinhou. «56 anos de cooperação médica cubana, com presença em 164 países e participação de mais de 400 mil colaboradores da saúde evidenciam os princípios que defendemos», escreveu hoje o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, na sua conta oficial de Twitter. «A solidariedade distingue-nos como país», disse, acrescentando: «Pômo-la em prática, como diria Fidel, "com actos, não com belas palavras".» Também a conta oficial de Twitter do Ministério destaca a cooperação médica cubana, que se evidencia igualmente pelo número de médicos estrangeiros que formou. Recorde-se que a administração norte-americana tem nos ataques a esta cooperação um dos seus principais alvos, visando aprofundar um bloqueio que dura há quase 60 anos e que desde 2017 perseguiu com mais empenho transacções financeiras e compra de crude, bem como voos e cruzeiros. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Cooperação cubana mostrou que um país pequeno pode fazer muito pela humanidade
«Solidaridade distingue Cuba como país»
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Em Portugal, a Associação de Amizade Portugal-Cuba apresentou uma moção de repúdio pelo «ignóbil» embargo, assumindo o compromisso de continuar a lutar contra ele e manifestando a sua solidariedade para com o povo cubano e a sua Revolução, que no passado mês de Janeiro cumpriu 62 anos.
Através da sua conta no Twitter, o presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel, agradeceu o apoio dos compatriotas na diáspora e dos amigos de diferentes nacionalidades, salientando que estavam ligados na «luta pela justiça».
A poucos dias de abandonar a presidência dos EUA, a administração de Donald Trump endureceu as sanções contra o governo cubano, ao voltar a incluir Cuba na lista de países considerados apoiantes do terrorismo.
Não obstante as dificuldades impostas pelo bloqueio norte-americano, Cuba tem-se destacado pelos avanços científicos e pela solidariedade. No âmbito da luta contra o novo coronavírus, já enviou mais de 3700 profissionais de saúde para 35 países.
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