Esta acção visou, segundo os promotores, demonstrar a frontal oposição dos estudantes ao aumento das propinas e «a sua vontade de rumar no sentido oposto, o da gratuitidade do Ensino Superior».
Nesse sentido, debaixo de uma forte tempestade, os estudantes marcharam até à Assembleia da República, no decorrer da discussão do Orçamento do Estado para 2026, que «consagra o aumento das propinas de licenciatura e a remoção dos tectos às propinas de mestrado». Trata-se do primeiro aumento da propina de licenciatura em dez anos, num ano em que o número de candidatos e colocados no Ensino Superior regista «mínimos históricos».
A organização sublinhou o alargamento do apoio à iniciativa, nomeadamente, através da adesão das associações académicas de Coimbra, Minho, Açores e Madeira, e também das universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro, Aveiro, Évora e Algarve.
«Estamos fartos do Governo que ignora as reivindicações dos estudantes»
A verdade é que a manifestação foi prova viva da coragem e irreverência estudantil. Em Lisboa, a forte tempestade fez-se sentir, mas tal não abalou as centenas de estudantes que não ficaram em casa. A justeza da luta fê-los sair à rua dada a convicção de que os planos governativos visam a elitização do Ensino Superior.
Ao AbrilAbril, Úrsula Ventura, com 20 anos, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, contou que «face esta ameaça [de aumento das propinas], a forma mais adequada de reagir é com uma manifestação geral, que se seguiu a várias manifestações locais pelo país».
Úrsula veio num autocarro cheio desde Coimbra e garantiu que ela e os seus colegas farão «o que for preciso para não deixar que as intenções do Governo se concretizem».
No mesmo sentido estava Matilde Geada, estudante da Universidade do Porto que não escondeu a instisfação: «sentimo-nos injustiçados e revoltados com esta proposta do Governo». Para a jovem, «os estudantes do ensino superior não aguentam mais pagar a propina e estudar numa faculdade cada vez mais degradada».
«Estamos fartos do Governo que ignora e continua a ignorar as reivindicações dos estudantes», afirmou a estudante portuense que explicou o processo de preparação da manifestação a partir do Porto: «andámos a construir [a acção de luta] desde o início do ano, através do contacto constante com quem sente este e muitos outros problemas na pele, com os inúmeros jovens do ensino superior de todos o país. Através deste contacto direto com os estudantes, sabemos muito bem que não existe qualquer jovem que esteja a favor deste aumento».
Mesmo com o Orçamento do Estado a ser aprovado na generalidade, tanto Úrsula como Matilde têm esperança no desenvolvimento da luta. «Faremos o que for preciso para não deixar que as intenções do governo se concretizem. Podem dizer que não há volta a dar a isto mas nós sabemos que se já foi pela nossa força que conseguimos conquistas, vai ser através dela novamente que vamos parar o descongelamento da propina e exigir os direitos que merecemos», garantiu a estudante vonda de Coimbra.
Na mesma página está Matilde que voncou que «não houve chuva nem vento que abalasse a força e a garra sentidas pelos estudantes, o que comprova que os estudantes cá estarão, em unidade, para enfrentar qualquer ataque aos nossos direitos».
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