Eram menos 9046 candidatos do que no ano passado, possivelmente travados pelos exorbitantes preços da habitação e das propinas, mesmo assim houve 6064 que ficaram de fora. Na primeira fase de acesso ao Ensino Superior para 2025/2026 foram colocados 43 899 estudantes (menos 12,1% que em 2024), mas a situação, alertam os politécnicos, é mais grave fora do Litoral. Em comunicado, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos admitiu que os cerca de 14 mil alunos colocados no subsistema politécnico representam «uma redução significativa face ao ano transacto».
A taxa de colocação nos institutos politécnicos ficou-se pelos 63% e a situação é mais grave nas instituições do Interior, «onde a queda do número de alunos coloca em causa a sustentabilidade de algumas áreas de formação». Entre os exemplos está o Instituto Politécnico de Bragança, que na primeira fase do concurso perdeu 237 alunos, o que equivale a uma perda de 23,7% relativamente ao período homólogo. Mas o Politécnico de Beja, que perdeu quase 40% dos alunos, é um dos mais penalizados. Das 519 vagas abertas, apenas 203 foram ocupadas na primeira fase do concurso nacional de acesso.
Para a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, os números das colocações são o reflexo de «uma litoralização do Ensino Superior, que além de acentuar as assimetrias regionais, coloca em causa a coesão territorial e o legítimo acesso de todos os jovens ao Ensino Superior», lê-se na nota. A responsável reconhece que estes resultados não foram uma surpresa, dado que os institutos politécnicos já tinham alertado a tutela para o efeito das alterações ao modelo de acesso ao Ensino Superior, com a reposição da obrigatoriedade dos exames nacionais e o aumento do seu peso nas notas de ingresso.
«Ao mesmo tempo que reduz todo o histórico do Secundário, estávamos a criar barreiras a um conjunto significativo de alunos, sobretudo os oriundos de estratos mais desfavorecidos, cujas famílias não podem pagar a preparação para os exames», explicou a presidente do Conselho Coordenador. A redução do número de estudantes colocados abrangidos pela Acção Social Escolar confirma como os exames nacionais podem ser um obstáculo no acesso dos mais vulneráveis ao Superior, num quadro mais geral de desinvestimento na Escola Pública, perpetrado por sucessivos governos.
Os politécnicos responsabilizam o modelo de acesso ao Ensino Superior pelos resultados obtidos, já que o número de alunos a frequentar o 12.º ano «não se alterou significativamente em relação a anos anteriores», e defendem a sua alteração já no próximo ano lectivo.
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