O Bloco nunca apoiou Venâncio Mondlane - Direito de Resposta
Num artigo de 16 de julho, o site AbrilAbril afirma que o candidato às eleições presidenciais moçambicanas Venâncio Mondlane foi “aplaudido por vários partidos portugueses como o Bloco de Esquerda” e diz que “do Chega ao Bloco de Esquerda, o ex-candidato presidencial moçambicano era visto como a alternativa a um presidente democraticamente eleito”. O Bloco de Esquerda esclarece os leitores do AbrilAbril: nunca o Bloco demonstrou apoio a qualquer “alternativa” relacionada com Venâncio Mondlane, nem “aplaudiu” este candidato na sua deslocação a Portugal.
Na sua intervenção pública, o Bloco de Esquerda sublinhou as evidências - apresentadas pelas missões de observação da União Europeia e da CPLP - de falta de transparência e fiscalização das eleições presidenciais, legislativas e provinciais realizadas em Moçambique a 9 de outubro de 2024. O Bloco de Esquerda apresentou então no parlamento um projeto de resolução a recomendar ao Governo o não reconhecimento dos anunciados resultados das eleições de 9 de outubro, bem como a condenação da repressão contra a população civil, aliás denunciadas, não só pelas missões de observação já referidas, mas também pela Amnistia Internacional.
Em nenhum momento a crítica e a denúncia da fraude eleitoral e da repressão em Moçambique incluiu qualquer apoio a Venâncio Mondlane. A equivalência promovida pela publicação “AbrilAbril” é falsa e manipulatória.
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AbrilAbril - O direito de resposta pedido por Jorge Costa é desprovido de sustentação. Naturalmente que o Bloco de Esquerda nunca aplaudiu Venâncio Mondlane, na medida em que, do que é conhecido, nunca esteve na presença do mesmo. Até ao momento, o ex-candidato presidencial moçambicano esteve somente reunido com o Chega, Iniciativa Liberal e CDS-PP. Não é essa a questão.
O que é público, bastando analisar o https://www.esquerda.net/ (órgão de comunicação do Bloco de Esquerda), é que a agenda e tese de Venâncio Mondlane foi assumida, veiculada e ampliada pelo Bloco de Esquerda. Num texto de 2 de Novembro de 2024, intitulado «Em Lisboa exigiu-se povo no poder, em Maputo mobilização atacada com gás lacrimogéneo», pode ler-se: «De acordo com a Comissão Nacional de Eleições daquele país, o candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, teria vencido com 70,67% dos votos. O segundo mais votado, Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique, Podemos, teria obtido o segundo lugar com 20,32% dos votos. Mas os seus apoiantes não acreditam nas contas oficiais», e que «Fabian Figueiredo insta governo a não reconhecer resultados até que hajam garantias que refletem vontade popular».
O Bloco de Esquerda não pode vir agora acusar outros de extrapolações, escamoteando o facto de, desde o primeiro momento, agir e posicionar-se sem margem de interpretações a favor das movimentações promovidas por Venâncio Mondlane. O Bloco de Esquerda (BE) não pode negar a existência de uma publicação do dirigente bloquista, Fabian Figueiredo, na rede social X, que contém um vídeo em que dá conta da presença deste destacado dirigente do BE (presidente do então grupo parlamentar) numa concentração em que se juntou a apoiantes de Venâncio Mondlane em frente à embaixada de Moçambique, em Portugal, como dá conta a notícia do Correio da Manhã, de 2 de Novembro de 2024.
Convergindo com a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia e a Amnistia Internacional, entidades que já corroboraram a narrativa de Juan Guaidó na Venezuela, o Bloco de Esquerda suportou a acusação de Venâncio Mondlane de fraude eleitoral, colocando em causa os resultados oficiais divulgados pela Comissão Nacional de Eleições moçambicana.
Mais, o Bloco de Esquerda procurou que o Estado ingerisse nos assuntos internos de Moçambique e apresentou um Projecto de Resolução que recomendava ao Governo que não reconhecesse os resultados das eleições em Moçambique, país agora soberano que esteve subjugado às mãos do fascismo e do colonialismo português.
A notícia do AbrilAbril diz: «Aplaudido por vários partidos portugueses como o Bloco de Esquerda, que levantou diversas suspeitas relativamente ao processo eleitoral moçambicano, era já público o apreço de Venâncio Mondlane a projectos de extrema-direita, nomeadamente através da solidariedade expressada a Jair Bolsonaro». O aplauso não é literal, é sim no sentido de o Bloco de Esquerda ter dado cobertura à manobra golpista de Venâncio Mondlane.
Face ao exposto, no n.º 1 do Código Deontológico do Jornalista é estabelecido que «[o] jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade». Face ao posicionamento do Bloco de Esquerda em reacção aos acontecimentos em Moçambique, a ausência de crítica a Venâncio Mondlane e a forma como acompanhou as suas denúncias, veiculou a sua agenda e agiu em conformidade com a mesma, houve uma interpretação dos factos que, se melindra, ela tem origem em posicionamentos que assumiram e que agora querem negar.
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