«Na semana em que se tornou efectivo o "IVA zero" e algumas marcas e superfícies comerciais anunciaram que "baixaram os preços mais do que o IVA", os produtores de leite que fornecem as cooperativas associadas da Lactogal, bem como outras indústrias, nomeadamente a Parmalat Portugal, foram informados sobre a redução de cinco cêntimos no preço por litro de leite ao produtor a partir de 1 de Maio», avança a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) em comunicado.
Os produtores denunciam que, «mais uma vez», estão a ser «obrigados a "pagar" já as promoções, sem terem ainda recebido qualquer ajuda prometida».
Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Aprolep afirma que «esta redução causou surpresa e revolta nos produtores, em particular do sector cooperativo». Isto porque, segundo Carlos Neves, em 2022, e por diversas ocasiões, os produtores do sector cooperativo «foram os últimos a ver o preço actualizado», tendo ficado «a receber menos do que os produtores que fornecem empresas privadas».
Neste contexto, os produtores «tinham a expectativa que a maior empresa de laticínios em Portugal [Lactogal], que pertence às cooperativas, tivesse agora vontade e capacidade para liderar pelo exemplo e aguentar o preço, de modo a corrigir as injustiças dos últimos meses e anos».
Segundo Carlos Neves, esta descida do preço pago ao produtor ocorre «na altura de maior despesa» dos agricultores com as colheitas das forragens de inverno e sementeiras do milho, juntando-se aos «elevados custos das rações as despesas com combustíveis, adubos, sementes e fitofármacos».
«Estamos muito preocupados. Estamos a ter menos produção de forragens e a palha, vinda de Espanha, que precisamos de comprar tanto para as camas dos animais, como para os alimentar está a subir o preço todos os dias porque há uma grande seca em Espanha», salienta.
«A alternativa, que seria comprar forragem vinda de Espanha, está a subir o preço e, por isso, estamos preocupados com esta situação», acrescenta.
Neste contexto, a Aprolep sustenta que, «sem produção suficiente e sem dinheiro suficiente para comprar alimentos para os animais, os produtores serão obrigados a enviar animais para abate, reduzindo ou encerrando a sua produção», e avisa que tal «poderá levar à falta de leite para abastecer a indústria nacional a breve prazo».
«Não é assim que se defende a produção nacional», insiste a associação.
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