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Produtores de leite revoltados com redução do preço pago à produção

Houve «surpresa e revolta» com a anunciada redução de cinco cêntimos, a partir de segunda-feira, do preço pago ao produtor pelas cooperativas associadas da Lactogal e pela Parmalat Portugal.

Produtores de leite carregam um caixão simbólico, durante um protesto organizado pela Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) contra os baixos preços pagos aos produtores pelas grandes superfícies, que se mantêm inalterados há 20 anos. Trofa, 25 de Agosto 2021
CréditosEstela Silva / Agência Lusa

«Na semana em que se tornou efectivo o "IVA zero" e algumas marcas e superfícies comerciais anunciaram que "baixaram os preços mais do que o IVA", os produtores de leite que fornecem as cooperativas associadas da Lactogal, bem como outras indústrias, nomeadamente a Parmalat Portugal, foram informados sobre a redução de cinco cêntimos no preço por litro de leite ao produtor a partir de 1 de Maio», avança a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) em comunicado.

Os produtores denunciam que, «mais uma vez», estão a ser «obrigados a "pagar" já as promoções, sem terem ainda recebido qualquer ajuda prometida».

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Aprolep afirma que «esta redução causou surpresa e revolta nos produtores, em particular do sector cooperativo». Isto porque, segundo Carlos Neves, em 2022, e por diversas ocasiões, os produtores do sector cooperativo «foram os últimos a ver o preço actualizado», tendo ficado «a receber menos do que os produtores que fornecem empresas privadas».

Neste contexto, os produtores «tinham a expectativa que a maior empresa de laticínios em Portugal [Lactogal], que pertence às cooperativas, tivesse agora vontade e capacidade para liderar pelo exemplo e aguentar o preço, de modo a corrigir as injustiças dos últimos meses e anos».

Segundo Carlos Neves, esta descida do preço pago ao produtor ocorre «na altura de maior despesa» dos agricultores com as colheitas das forragens de inverno e sementeiras do milho, juntando-se aos «elevados custos das rações as despesas com combustíveis, adubos, sementes e fitofármacos».

«Estamos muito preocupados. Estamos a ter menos produção de forragens e a palha, vinda de Espanha, que precisamos de comprar tanto para as camas dos animais, como para os alimentar está a subir o preço todos os dias porque há uma grande seca em Espanha», salienta.

«A alternativa, que seria comprar forragem vinda de Espanha, está a subir o preço e, por isso, estamos preocupados com esta situação», acrescenta.

Neste contexto, a Aprolep sustenta que, «sem produção suficiente e sem dinheiro suficiente para comprar alimentos para os animais, os produtores serão obrigados a enviar animais para abate, reduzindo ou encerrando a sua produção», e avisa que tal «poderá levar à falta de leite para abastecer a indústria nacional a breve prazo».

«Não é assim que se defende a produção nacional», insiste a associação.


Com agência Lusa

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