No presente ano são já quase meia centena os casos de recém-nascidos fora das maternidades. Dos 42 episódios conhecidos, 38 aconteceram em ambulâncias, um valor extremamente alto se compararmos com os 13 verificados no ano passado. O último divulgado aconteceu na sexta-feira.
O hospital de referência (Santarém) estava encerrado e, segundo notícia da SIC, havia três possibilidades: a maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, e ainda os hospitais de Abrantes e de Leiria. A escolha do Centro de Orientação a Doentes Urgentes (CODU), já depois de avaliada a situação clínica da grávida em casa, «recaiu na terceira opção, o hospital de Santo André, em Leiria, a 92 quilómetros de distância, para o qual foi transportada sem qualquer apoio diferenciado».
O parto acabou por ser realizado pelos bombeiros de Rio Maior, ainda na A1, na zona de Fátima. A Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens (CIMH) da CGTP-IN critica mais esta situação e alerta para o possível colapso das urgências no mês de Agosto.
«Entretanto, o Governo promete para o futuro aquilo que recusa fazer no presente», acusa em comunicado, onde denuncia uma gestão política do Serviço Nacional de Saúde (SNS) «danosa e deliberada», que põe em risco grávidas e crianças, «gerando situações de insegurança e de verdadeira desumanidade».
Certa de que «esta política de saúde mata», a estrutura defende que a «hipocrisia» da ministra Ana Paula Martins «é insuportável», censurando o «desinvestimento continuado e acelerado» no SNS, visível na falta de profissionais e na desorganização dos serviços, «que torna caótico aquilo que deveria ser articulado e coordenado no funcionamento» da saúde pública.
A CIMH realça que nada do que acontece no SNS é «por acaso ou por azar», e levanta o véu sobre o resultado da política que vem sendo aplicada, citando Noam Chomsky: «Essa é a técnica padrão da privatização: corte o dinheiro, certifique-se de que as coisas não funcionam, de que as pessoas fiquem zangadas, então entregue ao capital privado.»
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