O patronato definiu o seu objectivo e escolheu as pessoas para o cumprir. A Associação Comercial do Porto escolheu o antigo primeiro-ministro e ex-presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, e o ex-deputado do PS, Sérgio Sousa Pinto, para, juntamente com o presidente da associação patronal, coordenarem estudos sobre a reforma do sistema político.
Mais uma vez, a palavra «reforma» parece ser um eufemismo para destruição, não fosse o ex-primeiro-ministro uma das caras do governo mais agressivo do pós-25 de Abril, responsável por um ataque sem precedentes ao povo e trabalhadores, e o militante do PS, um dos rostos que mais agrada à direita radical, dadas as suas visões políticas.
Alegadamente, um dos estudos irá incidir em supostas reformas estruturais que, para o patronato, são consideradas determinantes para a superação de bloqueios persistentes à modernização do país e na modernização do Estado, ou seja, direitos políticos, económicos, sociais e laborais.
O outro estudo visa avaliar a necessidade de reforma do sistema político e dos cargos de titulares de órgãos de soberania em Portugal. A associação patronal diz querer avaliar o funcionamento da democracia representativa portuguesa, colocando em discussão temas centrais como a qualidade da representação, os mecanismos de responsabilização política e a capacidade das instituições para responder às exigências sociais e económicas contemporâneas.
Apesar da visão política marcadamente de direita, tanto de Passos Coelho como de Sérgio Sousa Pinto, assim como a bússula neoliberal que os guia, a nota da Associação Comercial do Porto, que dá conta do papel de ambos, diz que «a constituição desta equipa espelha a ambição de garantir pluralidade de perspectivas, profundidade analítica e legitimidade no debate democrático», mandando assim areia para os olhos das pessoas.
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