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|incêndios

A oportunidade de ter ardido um quarto da Serra da Estrela

O fogo que devastou a Serra da Estrela durante quase duas semanas consumiu mais de 26 mil hectares e provocou prejuízos, no mínimo, de 300 milhões de euros. Governo diz que «vai ficar melhor do que estava». 

CréditosMiguel Pereira da Silva / Agência Lusa

Desvalorizar começa a ser a tónica da comunicação do Governo perante problemas que resultam de opções políticas erradas. «Os sistemas de saúde têm problemas, a vida tem problemas – a questão é como é que nos posicionamos relativamente aos problemas», argumentava Marta Temido em Julho. 

Esta segunda-feira, foi a vez de Mariana Vieira da Silva relativizar o drama de agricultores e pastores que ficaram só com o negro da paisagem que levará várias gerações a limpar. Após o encontro com os autarcas das localidades afectadas, tentando passar uma mensagem de optimismo, mas, sobretudo, alijando responsabilidades, a ministra falou de um «plano de revitalização» para, segundo a própria, «deixar este Parque Natural melhor do que estava».

«Mais capaz», adiantou Mariana, de atrair pessoas, visitantes e a economia, «porque essa, sabemos bem, é uma das melhores formas de prevenir incêndios». A afirmação pode encher de esperança quem não conheça nada sobre o que têm sido as políticas nacionais de protecção civil, com décadas de responsabilização e destruição de organismos vitais para a conservação da natureza, mas também para a gestão e planeamento da floresta.

E para quem não conheça também a história do próprio Parque Natural da Serra da Estrela, que tinha ardido em 2017. De lá para cá, o Governo, que «sabe bem» prevenir incêndios, não foi capaz de evitar novas tragédias, ou dotar o País de meios suficientes e eficientes (veja-se o caso do SIRESP) para impedir a destruição do património natural, nem que mais pessoas fiquem sem meios de sustento.

O piscar de olho aos empresários do turismo, que se percebe das palavras da ministra da Presidência, de nada servirá para revitalizar a Estrela se lá não existirem agricultores e pastores todo o ano para a trabalhar e cuidar, ajudando assim a vigiá-la. Por outro lado, se se deixar consumir de cinco em cinco anos, dificilmente haverá mais do que mato para queimar. 

A realidade da seca e das alterações climáticas não pode escamotear a evidente escassez de financiamento, com muitas associações de bombeiros a sobreviver de donativos da população e do apoio das autarquias, e a dificuldade de coordenação gerada pela nova orgânica da Protecção Civil, que desviou a GNR da sua missão de segurança interna e colocou os bombeiros em segundo plano. 

«Há rios na Beira? Descem da Estrela. Há queijo na Beira? Faz-se na Estrela. Há roupa na Beira? Tece-se na Estrela. Há vento na Beira? Sopra-o a Estrela. Há energia eléctrica na Beira? Gera-se na Estrela.», assim constatou Miguel Torga. Que o Governo se inteire disso também. 

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