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Muitas notícias falsas (feiquenús) e ainda mais falta de vergonha (xeimelésse)

Os apoios extraordinários que a administração dos CTT exige ao governo não são para compensar prejuízos, são simplesmente para aumentar os milhões distribuídos aos seus accionistas.

Os CTT, uma empresa pública rentável para as contas do Estado, foram privatizados em 2013 e 2014 pelo governo do PSD e CDS-PP
Os CTT, uma empresa pública rentável para as contas do Estado, foram privatizados em 2013 e 2014 pelo governo do PSD e CDS-PPCréditosBruno Almeida

Comecemos pelas notícias falsas e pelo exemplo mais flagrante. A 27 de Julho de 2020, a administração dos CTT informava que «os CTT estão desde o início de abril a reforçar as equipas com mais de 800 elementos, a maioria dos quais em funções de carteiro». Uma informação prontamente ampliada pela Comunicação Social Dominada: foi notícia nos jornais diários, no Expresso, na Visão, na Sábado, na TSF, nas televisões, em muita imprensa regional. Foi notícia e foi noticiado, mas era e é uma completa aldrabice. Basta ler o Relatório e Contas dos CTT, recentemente publicado na CMVM, para se perceber o quão falsa era a notícia: os CTT reduziram, durante o ano de 2020, em 203 o número de trabalhadores em Portugal, sendo a redução no segmento «Correio e Outros» ainda maior, de 264 trabalhadores.

«os administradores dos CTT [...] afirmaram peremptoriamente que os resultados não são piores graças ao Banco e ao serviço Expresso. Mas mais uma vez, é o próprio Relatório e Contas da empresa que informa do contrário: são os serviços «tradicionais», o Correio e os serviços financeiros a retalho realizados nas Estações que asseguraram 86,9 milhões de euros»

Isto quando, em 2020, enfrentaram um desafio extraordinário: conseguir prestar o serviço público postal num quadro de pandemia, garantindo a máxima protecção aos trabalhadores e aos utentes. Esse desafio exigia, como é evidente, a efectiva contratação de largas centenas de novos trabalhadores, para conseguir realizar as entregas e o atendimento de forma mais segura e portanto mais lenta, para colocar os CDP a trabalhar em espelho e sem sobrecarregar os trabalhadores e para alargar horários nas estações reduzindo as concentrações. Mas o entendimento que a administração e os accionistas dos CTT tiveram sobre 2020 foi completamente diferente. Para eles, o desafio era conseguir enfrentar a pandemia mantendo os lucros e a distribuição de dividendos. E conseguiram-no à custa dos trabalhadores e dos utentes, que tiveram de suportar riscos que poderiam e deveriam ter sido evitados.

Não contente com este comportamento, a administração dos CTT veio recentemente a público exigir do Governo uma compensação financeira extraordinária pelos prejuízos causados pela pandemia. Extraordinária porque além dos apoios concedidos a toda a actividade económica e a que os CTT têm já acesso. Mas exactamente porque não adoptou as medidas devidas, antes pelo contrário, os CTT tiveram lucros em 2020. Tiveram um lucro de 16,7 milhões de euros, e preparam-se para distribuir aos seus accionistas 12,45 milhões de euros. Portanto, os apoios extraordinários que exigem não são para compensar prejuízos, são simplesmente para aumentar os milhões distribuídos aos seus accionistas.

«é a concessão do serviço público postal que garante as receitas dos CTT, é graças a ela que a Administração gera os lucros que distribui, e é dela que retirou os 10 milhões de euros que este ano já injectou no Banco»

Nas várias e longas entrevistas organizadas recentemente, onde os administradores dos CTT falaram sem contraditório, afirmaram peremptoriamente que os resultados não são piores graças ao Banco e ao serviço Expresso. Mas mais uma vez, é o próprio Relatório e Contas da empresa que informa do contrário: são os serviços «tradicionais», o Correio e os serviços financeiros a retalho realizados nas Estações que asseguraram 86,9 milhões de euros para o EBIT (lucros antes de impostos) de 2020, cabendo ao Correio Expresso e ao Banco apenas 4,1 milhões de euros.

Estes factos deixam completamente a ridículo uma outra reivindicação da administração dos CTT: ser indemnizada pelo prolongamento da concessão, decidido pelo Governo. É que é a concessão do serviço público postal que garante as receitas dos CTT, é graças a ela que a Administração gera os lucros que distribui, e é dela que retirou os 10 milhões de euros que este ano já injectou no Banco.

Por fim, a administração dos CTT quer poder aumentar muito mais os custos aos utentes e queixa-se amargamente da ANACOM apenas lhe ter permitido um aumento de preços de 1,42% em 2020. Que esse valor já esteja muito acima da taxa de inflação (que foi de 0% em 2020) e do aumento de salários dos trabalhadores dos CTT (que foi também de 0% em 2020) é algo perfeitamente natural para a administração. Afinal o Estado, os utentes e os trabalhadores são, para estes capitalistas, como limões à espera de ser espremidos.

Falta agora ver como vai reagir o Governo e aquele ministro que pisca o olho à esquerda mas governa à direita. Vai continuar a recusar-se a renacionalizar os CTT? Vai pagar as compensações financeiras exigidas pelos CTT? Vai pôr o Estado a pagar por um serviço público que dava lucro e era prestado com melhor qualidade antes da privatização? É que se o fizer fica de uma vez por todas demonstrado que aquele piscar de olhos é cinismo ou culpa de um cisco.

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