O Tribunal Colectivo deu como provada a acusação do Ministério Público. Evaristo Marinho, de 77 anos, foi condenado a 22 anos e nove meses de prisão efectiva, assim como ao pagamento de uma indemnização à família do actor, que deixa três filhos menores.
Bruno Candé foi atingido por seis tiros numa rua de Moscavide, Loures, disparados por uma arma que pertencia à PSP e que o arguido tinha em sua posse. Quatro dos tiros foram disparados quando já se encontrava no chão.
O homicida tentou justificar o porte da arma, no dia 25 de Julho, com um pressentimento, que o terá levado ao local onde tinha discutido com a vítima dias antes e onde já proferira vários insultos racistas, «vai para a tua terra, preto!», «tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar».
A condenação, no entanto, é inequívoca: Evaristo Marinho agiu de forma premeditada e estava plenamante consciente dos seus actos. Um relatório produzido a pedido do Tribunal de Loures tinha já concluído que «toda uma organização anterior com vista à concretização de tal acto» descartava a tese de se tratar de um crime passional.
A Casa Conveniente – companhia de teatro onde o actor trabalhava desde 2011 – criticou a desvalorização da «execução sumária» por parte de alguns sectores da sociedade portuguesa, nos dias seguintes ao ocorrido.
Na sua conta do Twitter, o líder do partido Chega, André Ventura, afirmou, no dia seguinte ao assassinato, que «não há neste caso um pingo de racismo, nada neste homicídio aponta para crime de ódio racial». O Chega convocou uma conta-manifestação com o nome «Portugal não é racista», em resposta aos actos de homenagem e solidariedade com Bruno Candé.
Embora não tenha concordado com a realização desta manifestação, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou em comunicado «que não vale tudo para responder à retórica da extrema-esquerda e à sua visão do País que só existe na cabeça dos seus apaniguados», insinuando que o crime não teria motivações de ódio racial.
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