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Estado perdeu milhões com o Novo Banco, mas Chega quer uma CPI à nacionalidade

No dia em que se sabe que o fundo norte-americano Lone Star ganhou 1,7 milhões de euros por dia com o Novo Banco e o Estado ficou a arder em seis mil milhões no resgate ao BES, o Chega definiu que a sua prioridade é uma comissão de inquérito sobre atribuição de nacionalidade e de residência.

CréditosPaulo Cunha / Lusa

O processo em torno do BES e Novo Banco assume todos os contornos de um crime económico que lesou o Estado e os contribuintes. Assim como outros negócios, como é exemplo a privatização da ANA ou a reprivatização da Efacec, a venda do Novo Banco é mais um negócio que evidencia uma política desenhada para privilegiar uma minoria, os grandes grupos económicos. 

Ao que se sabe, a Lone Star, fundo de investimento norte-americano, ganhou 1,7 milhões de euros por dia com o Novo Banco, comprou 75% das participações do banco por pouco dinheiro e às prestações, tendo deixado todo o risco de investimento para o Estado. e agora prepara-se para sair ainda mais beneficiado.

Com a venda do Novo Banco ao grupo francês BPCE, o Estado perderá seis mil milhões de euros. Já a Lone Star, que conseguiu reaver os mil milhões de euros investidos (750 milhões euros na compra inicial da sua participação, mais 250 milhões de euros em três anos) com a distribuição de dividendos, irá ganhar agora outros 4,8 milhões de euros. Tendo em conta este facto, o Chega acha que o prioritário é uma comissão de inquérito sobre atribuição de nacionalidade e de residência.

Esta comissão de inquérito foi hoje anunciada por André Ventura, presidente do Chega, que mais uma vez mostrou que há minorias que não o incomodam: a minoria dos grandes grupos económicos e a minoria da banca na mão de capital estrangeiro. Ignorando o processo de resgate ao BES iniciado pelo governo PSD/CDS-PP, que prosseguiu com a cumplicidade dos governos do PS, o Chega centra-se mais uma vez nas questões laterais da imigração. 

«Vou propor ao grupo parlamentar do Chega que inicie imediatamente as diligências para uma comissão parlamentar de inquérito potestativa à atribuição de residência e de nacionalidade nos últimos anos. Essa comissão deve apurar a responsabilidade do último executivo socialista nesta matéria e também do último Governo [PSD/CDS]», disse André Ventura citado pelo jornal Público. 

Diz o mesmo que a comissão parlamentar de inquérito «deve apurar com toda a extensão» e que «é preciso apurar se pode ou não haver aqui responsabilidade criminal que deva ser enviada para o Ministério Público». Enquanto o presidente do Chega está, assim, a ocupar a agenda mediática com a instrumentalização de uma tema e, reiteradamente, a retirar as atenções de um negócio que lesa o Estado e os contribuintes. 
 

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