Já se sabia que o negócio em torno da venda do Novo Banco ao Groupe BPCE, o segundo maior grupo bancário francês, seria totalmente ruinoso para o Estado, no entanto, segundo o noticiado hoje pelo Público, os contornos da operação comprovam a dimensão do assalto aos contribuintes.
Para se ter uma ideia, o Estado injectou 8,3 mil milhões de euros no Novo Banco (entre resolução do BES e período Lone Star). Deste valor, com a venda do banco ao BPCE, o Estado recupera apenas 1,6 mil milhões de euros, o que perfaz uma perda líquida estimada de 6,3 mil milhões de euros.
Já a Lone Star, fundo norte-americano que comprou 75% do Novo Banco por mil milhões de euros, com a venda ao BPCE por 6,4 mil milhões de euros pelo capital total, encaixou 4,8 mil milhões de euros pela parte correspondente à sua posição (75%), sem realizar qualquer investimento próprio.
Importa relembrar que a Lone Star beneficiou do mecanismo de capital contingente previsto no Acordo de Capitalização que ditava que o Estado português assumisse o investimento de risco, a fim de salvaguardar os interesses privados.
Sabendo que o Estado e os contribuintes são os maiores lesados pela operação realizada, sabe-se agora que a par desse facto, além da Lone Star individualmente considerada, também os seus gestores sairão a ganhar com a venda do Novo Banco, pois os dirigentes do fundo norte-americano e gestores do Novo Banco terão direito a receber bónus de cerca de 1,1 mil milhões de euros.
Segundo o Público, os beneficiados com o negócio ruinoso para os contribuintes serão o fundador e presidente da Lone Star, John Grayken; o actual presidente executivo, Donald Quintin, além de Kambiz Nourbakhsh, Benjamin Dickgieser (administrador financeiro do Novobanco) ou Evgeniy Kazare.
Ao longo do reinado da Lone Star no Novo Banco, vários foram, no entanto, os prémios pagos à administração. António Ramalho, que geriu a instituição bancária durante seis anos, terá recebido entre sete e dez milhões de euros; já José Eduardo Bettencourt, Vítor Fernandes, Jorge Cardoso, ou Luísa Soares da Silva receberam entre um e dois milhões de euros.
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