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Com dinheiro a fundo perdido também eu!

Grande lata. Diz a CIP que com dinheiro a fundo perdido não há despedimentos. Ora, com o dinheiro do Estado, a fundo perdido, não faltam empresários de sucesso, criadores de emprego e riqueza.

António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal
CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

Já conhecíamos o sentido patriótico dos nossos empresários, nomeadamente durante o período da troika, quando as empresas portuguesas de maior dimensão e a esmagadora maioria das que estão cotadas na bolsa de Lisboa transferiram a sede das suas holdings para a Holanda, para fugirem ao pagamento de impostos em Portugal.

Mas, a «filantropia» dos nossos empreendedores, como gostam de ser chamados, não pára de nos surpreender.

Não, não estamos a falar das muitas situações em que o surto epidémico tem servido de pretexto para despedimentos, cortes de salários, ataques a direitos dos trabalhadores e as mais diversas arbitrariedades, nomeadamente a imposição de férias antecipadas, as alterações unilaterais de horários de trabalho, o corte de prémios e subsídios, incluindo o subsídio de refeição, ou a recusa de exercício de direitos parentais.

Não, também não estamos a falar da especulação que os grupos económicos promovem, a pretexto da situação de crise que atravessamos, decidindo como entendem sobre os preços que praticam em relação a bens e produtos essenciais.

Estamos a falar da afirmação que o Expresso tem hoje na primeira página, quando nos dá conta da posição «altruísta» da fina-flor do grande capital nacional: anuncia a CIP que «com dinheiro a fundo perdido não há despedimentos».

Como diz o povo, com as calças do meu pai também sou um homem!

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