O caso mais grave de falta de acesso a cuidados de saúde primários na região do Litoral Alentejano (que integra os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines), onde, no total, 27 mil utentes não têm médico de família atribuído, regista-se no concelho de Odemira. Treze mil pessoas neste município não tem médico e em freguesias como a de São Teotónio, 2/3 (6 mil de um total de 9) encontra-se nessa situação. «É insustentável», considera a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano, em comunicado enviado ao AbrilAbril.
Na freguesia de Santo André, concelho de Santiago do Cacém, existem cerca de 11 mil utentes, seis mil dos quais não tem médico de família. Em Canal Caveira, localidade da freguesia de Grândola e Santa Margarida da Serra, as população «continuam desprotegidas no que diz respeito a consultas médicas», já que só têm direito a «atendimento médico uma vez por mês».
O desinvestimento também se faz sentir no bloquear de obras estruturais nas infraestruturas de saúde da região. A coordenadora dá como exemplo a «derrapagem» na conclusão do novo edifício do Centro de Saúde de Santiago do Cacém, para o qual a autarquia, de maioria CDU, ofereceu o terreno há mais de 3 anos. «Mais grave ainda» foram as sucessivas recusas de sucessivos Governos em não cumprir a resolução da Assembleia da República, aprovada em 2011, com os votos favoráveis do PSD, «no sentido da reabertura do Serviço de Atendimento Permanente, 24h, no Centro de Saúde de Grândola».
Por outro lado, aprofundam-se as privatizações de serviços internos da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), «a começar pelo serviço de Imagiologia, mas também com a Unidade de Saúde Familiar "Porto de Mar", em Sines, e ainda os Centros de Responsabilidade Integrados de Oftalmologia e de Ortopedia no Hospital do Litoral Alentejano (HLA)». Neste hospital, mais de 20% dos tempos de espera não são cumpridos nas consultas e nas cirurgias.
Compremetidos na luta pelo acesso de todos a um SNS digno e capacitado, a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano defende a reversão das privatizações de todos os serviços, a contratação urgente de profissionais de saúde para apoiar estas populações desprotegidas, o fim das taxas moderadoras e a construção da maternidade no Hospital do Litoral Alentejano.
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