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Uma limpeza étnica sob os nossos olhos – 2

A limpeza étnica é indissociável da existência, expansão e afirmação do Estado sionista. Ou seja, o terrorismo é um princípio existencial de Israel.

Milhares de pessoas, na tentativa de escapar aos bombardeamentos israelitas no Norte da Faixa de Gaza, levam os pertences que conseguem e fogem mais para o Sul do enclave, a 18 de Novembro de 2023 
Créditos / PressTV

«Antes destruir o mundo do que Israel afundar-se»

«A migração voluntária e a absorção dos árabes de Gaza pelos países do mundo é a solução humanitária que permitirá pôr fim ao sofrimento dos judeus e dos árabes»

(Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Israel, Novembro de 2023)

 

A declaração racista acima reproduzida e proferida por um dos declarados fascistas supremacistas do governo de Netanyahu, Belazel Smotrich, não resulta de um impulso súbito, não é um desabafo finalmente libertado porque as condições no terreno são propícias a que os seus desejos se cumpram. A sua tese sobre a «migração voluntária» como «solução final» foi exposta algumas horas depois de o Wall Street Journal ter publicado um artigo de Danny Dalon, ex-embaixador israelita nas Nações Unidas, e Ram-Ben Bark, ex-vice-director da Mossad, defendendo a transferência de parte da população de Gaza para países dispostos a aceitá-la. Assumir esta posição num jornal com impacto em todo o mundo ocidental é, sem dúvida, uma preparação de terreno, mesmo mais do que um balão de ensaio. Não é um exercício retórico e diletante de dois sionistas quaisquer.

Os planos para a limpeza étnica dos territórios palestinianos – em Gaza e também na Cisjordânia e Jerusalém Leste, onde está igualmente em curso – não surgiram agora e são inerentes à própria doutrina sionista, seja a «original», pretensamente secular mas que já se baseava no conceito mítico de «terra prometida»; ou a actual, assumindo de vez o seu carácter racista, fundamentalista religioso e doentiamente messiânico.

Benjamin Netanyahu incorpora essa suposta transição. Num discurso aos estudantes de uma universidade norte-americana, em Março de 2015, fez a seguinte leitura das alegadas vicissitudes de Israel nos tempos que correm: «Um poderoso vice-rei persa, Haman, planeou destruir o povo judeu há cerca de 2500 anos. Mas uma corajosa judia, a rainha Ester, expôs a conspiração e deu ao povo judeu o direito de se defender dos seus inimigos. A trama foi frustrada. O nosso povo foi salvo. Hoje o povo judeu enfrenta nova tentativa de outro potentado persa para o destruir». Alegoria barroca mas explícita quanto ao que se passa na cabeça de Netanyahu, mas não só.

«Como se depreende, esta cultura bíblica para legitimar o "direito de Israel a defender-se", como repetem os nossos governos enquanto Israel chacina a população indefesa de Gaza, vem inscrita em livros sagrados sujeitos a múltiplas interpretações ficcionais, conforme dá jeito, e serve de padrão histórico inquestionável a esta entidade de «referência ocidental», a "única democracia do Médio Oriente"»

O primeiro-ministro sionista também não hesitou em citar o Eclesiastes para interpretar os acontecimentos actuais: «Há um tempo para a paz e um tempo para a guerra.» «Hoje é o momento da guerra», acrescentou.

Posteriormente, o chefe do governo sionista apegou-se a uma citação do profeta Samuel (versículo 15:3) que ele considera à medida da situação criada em Gaza: «Vai, pois, agora, e fere Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém, matarás homem e mulher, criança, até a de peito, desde os bois até às ovelhas e desde os camelos até aos jumentos.»

Como se depreende, esta cultura bíblica para legitimar o «direito de Israel a defender-se», como repetem os nossos governos enquanto Israel chacina a população indefesa de Gaza, vem inscrita em livros sagrados sujeitos a múltiplas interpretações ficcionais, conforme dá jeito, e serve de padrão histórico inquestionável a esta entidade de «referência ocidental», a «única democracia do Médio Oriente», ainda que seja racista, supremacista, fora de lei e responsável pela morte de centenas de milhares de palestinianos, como vem acontecendo desde o final dos anos 40 do século passado.

Israel confunde-se com limpeza étnica

A limpeza étnica é, portanto, indissociável da existência, expansão e afirmação do Estado sionista. Ou seja, o terrorismo é um princípio existencial de Israel.

Ouvindo os conceitos manifestados nas últimas semanas, observando os comportamentos de tropas e colonos na Cisjordânia e em Gaza e estudando os planos existentes para a transferência da população deste território – oriundos de entidades governamentais, embora o governo, taticamente, não os assuma –, deduz-se que está em desenvolvimento uma nova fase da ocupação, uma «oportunidade única» como se lê num desses programas, para que se transforme em realidade o axioma que há pouco mais de 50 anos a primeira-ministra Golda Meir pregou ao mundo: «Palestiniano? Isso é coisa que não existe.»

E Hollywood, um gigantesco aparelho de propaganda sionista, produziu e faz circular agora uma longa-metragem endeusando e humanizando essa personagem racista transformada em mito. Parece uma produção ditada pelas necessidades de propaganda de hoje, mas, ainda que não passe de coincidência, revela até que ponto a cultura mitológica que envolve a história de Israel é uma estratégia organizada, transnacional, consistente e permanente.

O universo sionista está sobrecarregado, há muitos anos, de declarações, sugestões e projectos avulsos, todos eles coincidentes na necessidade de ocupar Gaza e expulsar a população.

Giora Eiland, conselheiro de segurança nacional do primeiro-ministro Ariel Sharon entre 2004 e 2006, foi um dos principais responsáveis pelo plano de retirada militar, saída dos colonos e extinção dos colonatos de Gaza para então cercar e bloquear o território, a partir de 2007. A Faixa de Gaza entrou assim na fase de isolamento e bloqueio dos movimentos da população, transformada na maior prisão do mundo a céu aberto, um campo de concentração que passou a ser alvo periódico de bombardeamentos mortais.

«O universo sionista está sobrecarregado, há muitos anos, de declarações, sugestões e projectos avulsos, todos eles coincidentes na necessidade de ocupar Gaza e expulsar a população.»

O plano de Eiland previa ainda a «expansão de Gaza» para o Sinai egípcio, em troca da cedência ao Egipto de terras do deserto do Neguev. Esta fase do programa ficou em suspenso e agora, em vez de troca de territórios, por iniciativa sionista a que os Estados Unidos não se opuseram inicialmente, surgiu na mesa a tentativa de convencer e/ou obrigar o Egipto a permitir a entrada da população de Gaza no seu território do Sinai, beneficiando em contrapartida do perdão parcial ou total da dívida externa, avaliada em 135 mil milhões de dólares norte-americanos.

Orna Ben-Naftali, então reitor da Faculdade de Direito da Universidade Hebraica de Jerusalém, estabeleceu jurisprudência em 2008 para a Faixa de Gaza cercada e bloqueada: «A maioria dos homens adultos em Gaza e a maioria dos edifícios podem ser considerados como alvos legítimos.» Um parecer jurídico que «legaliza», portanto, o terrorismo. Um Direito a la carte.

Podemos citar também o projecto designado «passos para alcançar o sossego em Gaza», da autoria do cadastrado e deputado libertário do Likud, Moshe Feiglin, que também foi vice-presidente do Knesset, o parlamento sionista. Sugeriu ele em 2015, em artigo publicado no Israel National News, que Israel deve «atacar alvos militares» e «exortar a sair os que não estão envolvidos e não desejam ser prejudicados». Afinal, acrescenta, «o Sinai não fica longe de Gaza». Sentencia o autor que «este deverá ser o limite dos esforços humanitários de Israel» na sequência do recurso à «força máxima» das suas tropas. Os «inimigos armados» deverão ser «todos eliminados» e então «Gaza tornar-se-á parte de Israel soberano e será um território povoado por judeus»; e, como se cita num programa oficioso de limpeza étnica, este ganho territorial «servirá para aliviar a crise habitacional em Israel». Garante Feiglin: «Gaza faz parte da nossa terra e aí permaneceremos para sempre.» Além disso, segundo estudos de opinião a que o autor disse ter acesso, «a maioria dos árabes deseja sair» do território.

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MPPM. Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

CréditosMohammed Saber / EPA

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

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Resistência palestiniana unida em torno da operação contra Israel

Diversos grupos da resistência declararam o apoio à operação lançada contra Israel, esta manhã, a partir da Faixa de Gaza, sublinhando que faz parte da luta de libertação nacional.

Um palestiniano tira uma fotografia junto a um tanque israelita destruído, a 7 de Outubro de 2023 
Créditos / @bcarloscarvalho

«Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) até à vitória», afirmou em comunicado Abu Hamza, porta-voz das Brigadas de al-Quds, braço militar da Jihad Islâmica.

Em termos semelhantes, refere a Prensa Latina, se pronunciaram as Brigadas al-Nasser Salah al-Din, do Movimento de Resistência Popular: «Unidos numa trincheira neste dia glorioso do nosso povo.»

Por seu lado, as Brigadas de Resistência Nacional anunciaram que os seus membros se juntaram à operação, lançada esta manhã pelo Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de rockets e uma incursão terrestre em território ocupado em 1948.

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Colonos e forças israelitas matam quatro palestinianos na Cisjordânia

Atingido por disparos de colonos na cidade de Huwara, Labib Dumaidi, de 19 anos, é a mais recente das quatro vítimas mortais na Margem Ocidental ocupada, revelou o Ministério da Saúde.

Forças israelitas nas imediações da cidade de Tulkarem, onde ontem mataram dois palestinianos 
CréditosZain Jaafar / Al Jazeera

De acordo com a informação divulgada pelo Ministério, Labib Mohammed Dumaidi ficou gravemente ferido durante um ataque de colonos, ontem à noite, na cidade de Huwara, a sul de Nablus. Levado para um hospital, não resistiu aos ferimentos, já nas primeiras horas de sexta-feira.

Residentes de Huwara tentaram fazer frente à provocação levada a cabo por dezenas de colonos, protegidos por forças militares israelitas, indica a Wafa.

Registaram-se fortes confrontos e as tropas israelitas usaram fogo real, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os palestinianos.

Fontes do Crescente Vermelho Palestiniano informaram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sofreram efeitos de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Também em Huwara, as forças israelitas mataram, ontem à tarde, outro palestiniano, cuja identidade ainda não foi revelada.

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Na parte da manhã, as forças israelitas já tinham matado dois palestinianos, identificados como Hudhayfah Fares, de 27 anos, e Abd al-Rahman Atta, de 23, na aldeia de Shufa, na sequência de um ataque de colonos a viaturas na região de Tulkarem.

De acordo com as Nações Unidas, 2023 está a ser o ano mais mortífero para os palestinianos na Margem Ocidental desde que há registo de fatalidades provocadas pelas forças de ocupação.

Rudeineh: a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência palestiniana, disse à imprensa que a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas, com a sua insistência na política de assassinatos e incursões em cidades, aldeias e acampamentos palestinianos.

Numa entrevista à Palestine TV, o representante da Presidência responsabilizou o governo israelita e a administração norte-americana pelos «crimes perigosos perpetrados pela ocupação e os seus colonos por todo o território palestiniano», os mais recentes dos quais nas imediações de Nablus e Tulkarem, refere a Wafa.

Apesar da «guerra implacável» que a ocupação israelita está a travar contra o povo palestiniano «à vista de todo o mundo», o responsável afirmou que isso não irá impedir «o nosso povo de prosseguir a sua luta legítima» até à «criação do seu Estado independente, com Jerusalém como capital».

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Na Cisjordânia, a Cova dos Leões, um dos grupos da resistência mais activos, fez um apelo à mobilização geral dos seus membros, bem como ao «ataque imediato em todos os lugares contra as forças de ocupação e os seus colonos».

Com base em fontes israelitas, a agência Prensa Latina indica que o Exército de ocupação deu conta de combates em 21 locais no Sul de Israel, na sequência da operação palestiniana – embora tenha posteriormente reduzido esse número para sete.

Resposta aos sistemáticos crimes israelitas

Ao anunciar a ofensiva desta manhã (às 7h locais), o comandante das Brigadas al-Qassam, Muhammad al-Deif, disse que o grupo palestiniano disparou para território israelita 5000 rockets.

Al-Deif afirmou que a operação é uma resposta aos sistemáticos crimes israelitas contra o povo palestiniano e a profanação contínua por colonos judeus da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e ocorre num contexto de escalada de agressões, da parte de colonos e forças israelitas, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada.

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Israel deteve 135 mil palestinianos nos últimos 23 anos

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos registou mais de 135 mil casos de detenções, pelas forças de ocupação israelitas, desde o início da Intifada de al-Aqsa, em 2000.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Num relatório emitido por ocasião do 23.º aniversário do início da Segunda Intifada ou Intifada de al-Aqsa (28 de Setembro de 2000), a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos sublinha que as detenções levadas a cabo pelas forças israelitas afectaram todas as camadas da sociedade, e não deixaram de parte menores de idade, idosos e mulheres.

Dos mais de 135 mil casos registados pelo organismo, 21 mil dizem respeito a menores, indica o relatório – divulgado pela Wafa –, que dá conta da detenção de metade dos deputados do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), de vários ministros, centenas de académicos, jornalistas e funcionários de organizações da sociedade civil e instituições internacionais.

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Número recorde de presos palestinianos ao abrigo da detenção administrativa

Israel mantém nas suas prisões 1264 palestinianos sem acusações nem julgamento, o número mais elevado em 30 anos, revelou a ONG Hamoked.

Protesto contra a detenção administrativa em 2021 
Créditos / palestine-studies.org

Desde a Primeira Intifada (1987-1993) que não havia tantos palestinianos detidos ao abrigo da polémica norma, alertou a organização não governamental este fim-de-semana, com base nos dados dos serviços prisionais.

Jessica Montell, directora executiva da Hamoked, organização israelita que presta assistência jurídica gratuita aos palestinianos que vivem sob a ocupação, afirmou que a detenção administrativa é «massiva e arbitrária» e que Israel mantém nesse regime, sem acusação nem julgamento, mais de 1200 palestinianos, «alguns dos quais durante anos sem uma revisão eficaz».

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Nove presos palestinianos mantêm protesto contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que nove presos palestinianos sem acusação ou julgamento continuam em greve de fome por tempo indeterminado.

Cárcere israelita de Gilboa 
Créditos / Al Mayadeen

Os presos Kayed al-Fasfous e Sultan Khlouf iniciaram o protesto contra a detenção administrativa há 19 dias. Por seu lado, Osama Darkouk encontra-se em greve de fome há 15 dias.

Outros seis reclusos palestinianos em cadeias israelitas estão em greve de fome há 12 dias: Hadi Nazzal, Mohammad Taysir Zakarneh, Anas Kmail, Abdelrahman Baraka, Mohammad Basem Ikhmis e Zuhdi Abdo, informa a agência Wafa, com base na SPP.

Na semana passada, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa», que permite manter na cadeia presos sem acusação ou julgamento, numa clara violação das normas internacionais.

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Presos palestinianos em greve de fome contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, esta segunda-feira, que quatro presos palestinianos sem acusação ou julgamento tinham iniciado há nove dias uma greve de fome por tempo indeterminado.

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

Em comunicado divulgado pela Wafa, a SPP indicou que Anas Ibrahim Shadid, de 26 anos, Mahmoud Abdel Halim Talahma, de 32, Abdullah Mohammad Abido, de 36, e Mohammad Ahmad Dandis, de 25, iniciaram o protesto para denunciar a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Acrescentou que todos os detidos estão na cadeia israelita de Ofer, perto de Ramallah, e são originários da província de Hebron (al-Khalil), no Sul da Cisjordânia ocupada.

A organização de defesa dos direitos dos presos informa que Shadid foi preso três vezes, sempre no regime de detenção administrativa, tendo passado, no total, três anos atrás das grades. Durante esses períodos, levou a cabo duas greves de fome, uma delas com a duração de 90 dias, em 2016.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Talahma, detido desde Março de 2022, é um advogado e antigo prisioneiro, que passou dois anos e meio nas cadeias israelitas.

Abido é também um antigo prisioneiro, que passou cinco anos e meio nas prisões da ocupação – a maior parte do tempo ao abrigo do regime de detenção administrativa.

Por seu lado, Dandis foi preso pela primeira vez a 23 de Março último, tendo-lhe sido imposta uma detenção administrativa por um período de seis meses.

1083 presos em detenção administrativa

Este protesto ocorre num contexto em que Israel intensifica o recurso às detenções sem acusação ou julgamento. Segundo revelou a SPP, existem actualmente nas cadeias israelitas 1083 presos palestinianos a quem foi aplicado este regime de detenção, 17 dos quais são menores.

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

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Preso palestiniano morreu na cadeia após 86 dias em greve de fome

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, responsabilizou Israel pelo «assassinato» de Khader Adnan, ao não atender ao protesto contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Em protesto contra a morte de Khader Adnan, que se encontrava em greve de fome há 86 dias, a Cisjordânia ocupada cumpre um dia de greve geral 
CréditosWafa Awad / Wafa

A Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP) afirmou, em comunicado, que Khader Adnan, de 44 anos, foi encontrado inconsciente esta madrugada na sua cela, tendo sido levado para um hospital, onde foi declarado morto.

Adnan, natural da cidade de Arraba (perto de Jenin), foi preso 12 vezes ao longo da sua vida, tendo recorrido à greve de fome em diversas ocasiões para protestar contra as suas detenções sem qualquer acusação, afirmou a SPP, citada pela agência Wafa.

A última detenção ocorreu a 5 de Fevereiro e Adnan entrou de imediato em greve de fome por tempo indeterminado, refere a fonte, acrescentando que pelo menos 236 presos palestinianos morreram desde 1967.

Ao ter conhecimento da notícia, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, acusou Israel de ter cometido um assassinato.

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
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Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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«A ocupação israelita e a sua administração prisional levaram a cabo o assassinato deliberado do preso Khader Adnan ao rejeitar o seu pedido de libertação, ao negligenciá-lo medicamente e ao mantê-lo na sua cela apesar da gravidade do seu estado de saúde», afirmou Shtayyeh em comunicado.

Várias facções palestinianas pronunciaram-se no mesmo sentido, responsabilizando Israel pela morte de Khader Adnan e sublinhando o crime «premeditado e a sangue-frio».

Por seu lado, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu uma investigação internacional sobre a morte do prisioneiro e instou o Tribunal Penal Internacional a incluir este caso no processo relativo aos crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Para denunciar «o crime que levou à morte» de Khader Adnan numa prisão israelita, foi declarada, esta terça-feira, uma greve geral que «afecta todos os aspectos da vida», tanto na Faixa de Gaza cercada como na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, indica a Wafa.

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Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

A 2 de Maio último, Khader Adnan, de 44 anos, morreu na cadeia, quase três meses depois de ter iniciado uma greve de fome contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

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Num comunicado de imprensa, que a Wafa cita, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», acrescenta a nota.

De acordo com os dados divulgados em Junho último pela organização israelita de defesa dos direitos B'Tselem, em Março deste ano, Israel mantinha nas suas prisões 1017 pessoas em regime de detenção administrativa.

É preciso recuar duas décadas, até Abril de 2003, para encontrar um número mais elevado de detidos administrativos nas prisões israelitas – 1140 –, referiu a organização.

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«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou a B'Tselem, outra organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

De forma sistemática, presos administrativos entram em greve de fome por tempo indeterminado para chamar a atenção para os seus casos e forçar a sua libertação.

Em meados de Agosto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa».

Num comunicado de imprensa, divulgado pela Wafa, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», afirmou o organismo.

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Desde 28 de Setembro de 2000 até à data, refere a Comissão, foram detidas mais de 2600 raparigas e mulheres, incluindo quatro que deram à luz na cadeia.

32 mil ordens de detenção administrativa

No mesmo período, foram emitidas 32 mil ordens de detenção administrativa, a que Israel recorre para manter reclusos nas cadeias sem acusação nem julgamento, com base numa «prova secreta» que nem o advogado do detido pode ver.

A Comissão registou um aumento «assinalável» no recurso a este regime, amplamente condenado a nível internacional, contra o qual os presos palestinianos protestam, de forma reiterada, entrando em greve de fome por tempo indeterminado, para exigir a sua libertação e o fim da aplicação da política de detenção referida.

«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou recentemente a B'Tselem, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Incitação racista, tortura, execuções lentas

No relatório agora publicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos refere-se ainda ao recurso à tortura nos cárceres israelitas, bem como aos assassinatos e às «execuções lentas» por falta de cuidados médicos.

Denuncia igualmente a «escalada de casos de opressão, abuso e incitação racista» contra os presos palestinianos.

De acordo com o organismo, estão actualmente detidos em cadeias israelitas, nos territórios ocupados em 1948, cerca de 5200 palestinianos. Destes, 38 são mulheres e 170 são menores de idade.

Há ainda mais de 1250 presos palestinianos em regime de detenção administrativa e 700 reclusos doentes, 24 dos quais com enfermidades oncológicas.

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Num comunicado posterior, as Brigadas al-Qassam afirmaram ter capturado «mais de 35 soldados e civis israelitas do colonato sionista de Sderot».

A operação desta manhã apanhou de surpresa o Exército da ocupação, o que está a valer múltiplas críticas ao governo de Netanyahu, em Israel.

Entretanto, foi declarado o «estado de preparação para a guerra» entre as forças militares israelitas, e o ministro da Defesa, que aprovou o recrutamento de soldados na reserva, declarou o estado de emergência numa faixa de 80 quilómetros em redor da Faixa de Gaza.

A agência Wafa já deu conta de bombardeamentos israelitas contra o enclave costeiro nas últimas horas, dos quais resultaram vários mortos.

A mesma fonte refere que o Ministério palestiniano da Saúde colocou todas as unidades hospitalares do país em situação de emergência.

Bombardeamentos israelitas sobre Gaza provocam elevado número de vítimas

De acordo com as autoridades de saúde no enclave costeiro, pelo menos 198 pessoas morreram e mais de 1600 ficaram feridas (muitas das quais em estado grave) como consequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa e Gaza ao longo do dia, refere a Wafa, em retaliação contra o ataque da resistência palestiniana, esta manhã.

Por seu lado, a agência Prensa Latina refere-se à morte de uma centena de israelitas e cerca de 900 feridos, no contexto da operação de grande escala da resistência palestiniana, que ocupou diversas localidades e bases militares da ocupação próximas do enclave cercado.

Entretanto, a Wafa dá conta de vários ataques da parte de colonos e forças israelitas contra diversas localidades e bairros palestinianos na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, dos quais resultaram pelo menos um morto e um número indeterminado de feridos.

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Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Apesar de as Nações Unidas o considerarem «impróprio para sustentar a vida humana», desde 2006 que o Estado israelita impõe um «bloqueio criminoso» sobre aquele território.

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Israel «branqueia crimes» das suas forças na Grande Marcha do Retorno

Uma ONG palestiniana e outra israelita acusam Israel de ter trabalhado para «branquear a verdade» sobre os crimes cometidos pelas suas tropas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Manifestantes palestinianos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza fazem frente a uma chuva de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno 
Créditos / WAFA

Num relatório conjunto, o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR), sediado em Gaza, e a organização israelita B'Tselem analisam as investigações que Israel diz ter levado a cabo na sequência da repressão exercida pelas forças israelitas sobre os manifestantes que, na Faixa de Gaza, reclamaram o direito de regresso dos refugiados a suas casas.

Os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno começaram a 30 de Março de 2018 e prolongaram-se por mais de um ano e meio. Pelo menos 200 palestinianos foram mortos e 13 500 ficaram feridos – seguindo os números por baixo, uma vez que outras fontes apontam para mais de 300 mortos e cerca de 18 mil feridos, várias dezenas dos quais menores.

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Centenas de palestinianos enfrentam forças de segurança israelitas em Gaza

O vento e a chuva forte que se abateram esta semana sobre Gaza não impediram centenas de manifestantes de participarem, na sexta-feira, na última manifestação de 2019 da Grande Marcha do Retorno.

Manifestantes palestinianos participam num protesto na sexta-feira perto da fronteira entre Israel e a Palestina (Faixa de Gaza), no leste da Faixa de Gaza, em 5 de Abril de 2019.
CréditosMohammed Saber

Dezenas de palestinianos foram feridos esta sexta-feira pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, quando participavam na 86.ª manifestação da Grande Marcha do Retorno, perto da vedação com que Israel isola o território palestino, segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Vários dos participantes nas manifestações, segundo o MPPM, foram feridos por balas reais e revestidas de borracha, enquanto dezenas de outros sofreram de asfixia por efeito do gás lacrimogéneo disparado pelas forças de ocupação.

Centenas de manifestantes participaram nos protestos apesar das adversas condições climatéricas. A Faixa de Gaza tem sido batida por vento e chuva forte na última semana, com as inundações a porem em risco cerca de 235 mil pessoas nas áreas mais baixas da Faixa de Gaza, segundo um relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no território palestiniano ocupado.

A 30 de Março os palestinianos comemoram o Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, no Norte de Israel, foram assassinados seis palestinianos que protestavam contra a expropriação de terras para dar lugar a aldeamentos judaicos. Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e as grandes manifestações de protesto que, no mesmo dia, ocorreram no território do Estado de Israel.

A 30 de Março de 2018 a comemoração atingiu uma dimensão inusitada, ao tornar a celebração deste dia como o primeiro de uma «Grande Marcha do Retorno», uma reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares – tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas – à Palestina histórica, de onde mais de 700 mil pessoas foram expulsas pelas tropas israelitas em 1948, durante a chamada «catástrofe» («Nakba», em árabe).

Desde então o protesto repete-se semanalmente, violentamente reprimido pelas forças israelitas, incluindo com o recurso a snipers e fogo real directo. Como resultado, pelo menos 348 palestinos foram mortos em Gaza por fogo israelita desde o início das marchas, a maioria deles durante as manifestações, segundo uma contagem da AFP citada pelo MPPM.

Para além disso, o Ministério da Saúde de Gaza regista mais de 18 mil feridos pelas forças repressivas sionistas. Entre as baixas contam-se crianças, mulheres, muitos adolescentes, jornalistas e trabalhadores dos serviços de saúde que tentam socorrer os manifestantes.

Em Março, uma missão de averiguação da ONU concluiu que as forças israelitas cometeram violações de direitos humanos na repressão dos manifestantes em Gaza, o que pode constituir crimes de guerra.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno anunciaram nesta quinta-feira que os protestos seriam suspensos até Março de 2020, altura em que serão retomados, coincidindo com o seu segundo aniversário e também com o Dia da Terra palestina (30 de Março). A partir daí realizar-se-ão a um ritmo mensal.

Além do bloqueio a que sujeita a Faixa de Gaza, na última década Israel lançou três guerras de agressão contra o pequeno território palestino e dezenas de ataques de escala mais limitada, matando milhares de pessoas e causando enormes destruições de casas e infra-estruturas.

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As duas organizações não governamentais (ONG) acusam Israel de proteger os responsáveis políticos e militares, «em vez de tomar medidas contra as pessoas que conceberam e implementaram a política ilegal de atirar a matar».

Israel foi célere a anunciar que estava a investigar os protestos, sobretudo devido aos procedimentos em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmaram as organizações numa conferência de imprensa, a que a agência WAFA faz referência.

Isso deve-se ao princípio da complementaridade do TPI, ou seja, se um Estado «estiver disposto e tiver capacidade» para realizar a investigação e a efectuar, o TPI não intervém.

No entanto, não basta declarar que uma investigação está a ser feita; ela tem de ser eficaz, dirigida às altas patentes responsáveis e conduzir a uma acção contra elas, sublinham, acrescentando que isso não ocorre neste caso.

«Uma cortina de fumo para proteger os funcionários responsáveis»

«As investigações conduzidas por Israel não são mais do que uma cortina de fumo erguida para proteger do TPI os funcionários responsáveis. Israel não quer e não consegue investigar as violações de direitos humanos perpetradas pelas suas forças durante os protestos da Grande Marcha de Retorno na Faixa de Gaza. Tendo isto em conta, cabe agora ao TPI garantir a responsabilização penal», disseram as duas organizações.

«Estas investigações – tal como as levadas a cabo pelo sistema de aplicação da lei militar noutros casos em que soldados causaram danos aos palestinianos – fazem parte do mecanismo de branqueamento de Israel, e o seu principal objectivo continua a ser silenciar as críticas externas, para que Israel possa continuar a implementar sua política sem mudanças», lê-se no portal da B'Tselem.

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EUA mudam embaixada para Jerusalém e Israel massacra manifestantes em Gaza

A mudança da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém fica associada a um «Dia de Raiva» na Palestina. Na Faixa de Gaza cercada, os franco-atiradores israelitas massacram os manifestantes.

Forças militares israelitas reprimem de forma brutal protestos da Grande Marcha do Retorno em Gaza
Créditos / trtworld.com

Quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a intenção de mudar a Embaixada do seu país de Telavive para essa cidade, ficou claro que tal passo constituía uma declaração de apoio ao Estado de Israel e à sua política de ocupação e repressão na Palestina, nomeadamente em Jerusalém.

Várias organizações têm denunciado o número crescente de ameaças em locais religiosos não-judaicos, na cidade, bem como a intensificação do plano de «judaização» de Jerusalém Oriental, com o aumento da construção de colonatos e a expulsão da população palestiniana de suas casas, que são muitas vezes demolidas.

Declarada por Israel como sua capital, Jerusalém tem o estatuto, reconhecido pelas Nações Unidas, de cidade ocupada, sendo Israel a potência ocupante (desde 1967). Os palestinianos querem-na como sua capital e quem apoia a solução dos «dois estados» reconhece que o Estado da Palestina tem em Jerusalém Oriental a sua capital.

Repúdio geral

Logo em Dezembro, foi generalizado o repúdio internacional pela decisão da administração norte-americana e, a 21 desse mês, materializou-se na aprovação, por esmagadora maioria, na Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução que rejeita essa decisão e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Esse repúdio face ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel também se fez sentir no interior de Israel, onde académicos, antigos embaixadores e defensores da paz enviaram uma carta a um representante de Trump, seguntou reportou o periódico Haaretz.

Antecipação da mudança

Inicialmente, não ficou explícito que a concretização da mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém estaria associada ao 70.º aniversário da criação do Estado de Israel, que hoje se assinala, e que teria lugar na véspera da Nakba – a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras –, uma «catástrofe» que todos os anos os palestinianos marcam a 15 de Maio.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que essa mudança deveria ocorrer no final de 2019. No entanto, a 23 de Fevereiro, o Departamento de Estado anunciou a antecipação da mudança para 14 de Maio, o que foi encarado pelos palestinianos como mais uma acção de «provocação».

Franco-atiradores israelitas matam dezenas em Gaza

Em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém, os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» a este 14 de Maio. Nos territórios ocupados da Cisjordância, há notícia de mobilizações pelo menos em Ramallah e Hebron. Mas a grande mobilização está a ter lugar na Faixa de Gaza cercada, junto às vedações que enclausuram perto de 2 milhões de palestinianos – 80% dos quais são descendentes de refugiados – no pequeno enclave.

De acordo com a PressTV, as forças militares israelitas, que reforçaram a sua presença tanto em redor de Gaza como na Margem Ocidental ocupada –, esperavam que 100 mil pessoas se manifestassem nos pontos habituais, hoje, dia da mudança da Embaixada norte-americana para Jerusalém.

«os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados»

Sobre o culminar dos protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, que se iniciaram a 30 de Março, o ministro israelita da Educação, Naftali Bennet, do partido de extrema-direita Lar Judaico, disse a uma rádio israelita que a vedação seria encarada como uma «Muralha de Ferro» e que quem se aproximasse dela seria tratado como um «terrorista», refere a PressTV.

A mesma fonte indica ainda que a Força Aérea israelita lançou panfletos sobre a Faixa de Gaza, ontem e hoje, para demover os manifestantes de se aproximarem da vedação, mas sem sucesso, já que estes, segundo refere a Al Jazeera, têm estado a tentar atravessá-la, «defendendo o seu direito ao regresso, ao retorno, aconteça o que acontecer».

Um membro do comité organizador da Grande Marcha do Retorno disse à Al Jazeera que, ao tentarem atravessar a vedação, «os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».

Os franco-atiradores responderam de forma brutal, matando mais de quatro dezenas de pessoas que se manifestavam perto da vedação e ferindo perto de 2000, até ao momento.

De acordo com a organização, os protestos de hoje e os que estão previstos para amanhã – dia da Nakba – devem ser os mais massivos, sendo o ponto culminante das sete semanas de mobilizações, fortemente reprimidas pelas forças israelitas, junto à vedação com a Faixa de Gaza.

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Apesar dos milhares de feridos palestinianos resultantes da política de «atirar a matar» e de mais de centena e meia ter ficado sem membros inferiores ou superiores – as tropas israelitas usaram balas explosivas, as chamadas butterfly bullets, que se expandem no contacto com o corpo, provocando danos severos nos tecidos, nos ossos, nas veias –, nenhum destes casos foi investigado.

Sem explicação, os militares decidiram investigar apenas os casos em que palestinianos foram mortos. Dos 234 casos recebidos pelos procuradores do Exército, foi completa a revisão de 143 e um deles, o da morte do adolescente Othman Hiles, de 14 anos, levou à condenação de um soldado por «abuso de autoridade ao ponto de pôr em risco a vida e a saúde». Foi condenado a um mês de serviço comunitário.

No seu portal, a B'Tselem sublinha que «a conduta de Israel respeitante à investigação dos protestos em Gaza não é nova nem surpreendente», e recorda o que se passou depois da Operação Chumbo Fundido, em 2009, e da Operação Margem Protectora, em 2014.

«Então, também, Israel desrespeitou o direito internacional, recusou-se a reformar a sua política apesar dos resultados letais e desviou as críticas prometendo investigar a sua conduta. Então, também, nada resultou dessa promessa», afirma.

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Por outro lado, entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel, contabilizando-se 223 mortos e mais de nove mil feridos, sob o silêncio da comunidade internacional.

«Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam», lembra o MPPM, salientando que, até este sábado, pelo menos 247 palestinianos, sobretudo jovens, foram mortos pelas forças israelitas e por colonos.

Neste sentido, insiste que a paz no Médio Oriente e a solução da questão palestiniana «passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis» do povo palestiniano a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.

Sobre os que condenam a resistência 

O MPPM rejeita os «lamentos» daqueles que «hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação», e entre os quais se encontra o Governo português. «Israel tem o direito de se defender. Estes ataques nada resolverão, contribuindo apenas para piorar a situação na região. Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas.», disse o ministro João Gomes Cravinho, este sábado, na rede social X. 

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Palestina pede à ONU protecção especial para as crianças

O governo palestiniano denunciou junto da ONU o assassinato de 44 menores, este ano, por soldados israelitas. Neste contexto, reclamou protecção para a infância e a responsabilização de Telavive.

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Numa carta enviada esta segunda-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu protecção especial urgente para as crianças palestinianas, informa a agência Wafa.

Mahmoud Samoudi, de 12 anos, foi, ontem, a vítima mortal mais recente das forças israelitas, não resistindo aos ferimentos quase duas semanas depois de ter sido atingido por uma bala no abdómen, durante uma operação militar na cidade de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada).

Só nos últimos dias, «Israel, a potência ocupante, matou cinco crianças e jovens palestinianos, incluindo Adel Adel Daud (14 anos), Mahdi Ladadwa (17), Mahmoud Sous (17), Fayez Khaled Damdoum (17) e Ahmad Draghmeh (19)», indica o texto das autoridades palestinianas.

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Desde 2014 que não eram mortas tantas crianças palestinianas

Até 10 de Dezembro, 86 crianças foram mortas nos territórios ocupados da Palestina, fazendo de 2021 o ano mais mortífero para elas desde 2014, segundo os registos de uma organização não governamental.

Créditos / aawasat.com

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinianas este ano – 61 na Faixa de Gaza cercada e 15 na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinianas na Cisjordânia, revela o relatório agora publicado pela Defense for Children International – Palestine (DCIP).

A estas 78 crianças juntam-se sete que foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza, e uma outra que foi morta por uma munição não detonada, cujas origens a ONG não conseguiu determinar.

«Nos termos do direito internacional, a força letal intencional só se justifica em circunstâncias em que esteja presente uma ameaça directa à vida ou de ferimentos graves. No entanto, investigações e provas recolhidas pelo DCIP sugerem que as forças israelitas utilizam regularmente força letal contra crianças palestinianas em circunstâncias que podem equivaler a execuções extrajudiciais ou intencionais», lê-se relatório, traduzido pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.

Quadro detalhado sobre as crianças mortas nos territórios ocupados da Palestina de 1 de Janeiro a 10 de Dezembro de 2021 / DCIP

Durante os 11 dias do ataque militar israelita à Faixa de Gaza, em Maio de 2021, naquilo que ficou conhecido como Operação Guardião dos Muros, as forças israelitas mataram 60 crianças palestinianas, segundo os dados recolhidos pela DCIP.

«Aviões de guerra israelitas e drones armados bombardearam áreas civis densamente povoadas, matando crianças palestinianas que dormiam nas suas camas, brincavam nos seus bairros, faziam compras nas lojas perto das suas casas e celebravam o Eid al-Fitr [festa no fim do Ramadão] com as suas famílias», disse Ayed Abu Eqtaish, director do programa de responsabilização da DCIP.

«A falta de vontade política da comunidade internacional para responsabilizar os funcionários israelitas garante que os soldados israelitas continuarão a matar ilegalmente crianças palestinianas com impunidade», acrescentou.

A DCIP lembra que o direito humanitário internacional proíbe ataques indiscriminados e desproporcionados, e exige que todas as partes num conflito armado façam a distinção entre alvos militares, civis e objectos civis.

O pico mais recente de assassinatos de crianças ocorrera em 2018, quando forças israelitas e colonos mataram crianças palestinianas a um ritmo médio superior a uma por semana (57). A maioria dessas mortes ocorreu durante os protestos da Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza, refere o organismo.

Número de crianças palestinianas mortas anualmente, desde 2014, por forças israelitas e civis israelitas armados / DCIP

De acordo com os dados da DCIP, foram mortas 2196 crianças palestinianas, desde 2000, em resultado da presença de militares e de colonos israelitas nos territórios ocupados da Palestina.

A Defense for Children International – Palestine é uma das seis organizações de direitos humanos que Israel pretende silenciar, lembra o MPPM, sublinhando que a medida tem merecido a condenação generalizada a nível internacional e foi denunciada pelo MPPM a 29 de Outubro último.

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A carta afirma que as forças de ocupação estão a utilizar «a política infame de atirar a matar» – de que resultou a morte de centenas de crianças palestinianas –, ao apontarem «deliberadamente» para a parte superior dos seus corpos.

«Israel dispara deliberadamente contra os menores palestinianos com o objectivo declarado de os matar e mutilar, negando-lhes o direito à vida», lê-se no texto, sublinhando que «as crianças jamais devem ser mortas ou mutiladas», bem como a necessidade de medidas urgentes para as proteger da «escalada dos crimes israelitas».

Neste sentido, o governo palestiniano exigiu medidas contra Telavive, destacando que as «evidências dos seus crimes crescentes contra as crianças palestinianas são, sem dúvida alguma, esmagadoras», violando o direito internacional e as resoluções que constituem a base da protecção das crianças nos conflitos armados.

«A protecção das crianças é a maior obrigação moral, legal e política da humanidade», frisa o documento, no qual se pede à comunidade internacional que «ponha fim a este pesadelo intolerável que as nossas crianças vivem diariamente» e que tome medidas para responsabilizar Israel «pelos seus crimes horrendos».

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«Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram», defende o MPPM. Certo de que a violência poderá alastrar-se a todo o Médio Oriente, o movimento recorda que Israel, «com o apoio dos países "ocidentais" e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América», é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.

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Uma fonte inesgotável de ideias e sugestões sobre o destino em massa da população de Gaza é o ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Danny Ayalon, partindo do princípio de que «há uma enorme extensão, um espaço quase infinito no deserto do Sinai, do outro lado de Gaza».

Numa entrevista ao canal da TV Al Jazeera em inglês, Ayalon alegou, a propósito da transferência em massa de populações, «que não é a primeira vez que isso é feito – que elas partem para áreas abertas onde nós e a comunidade internacional, como se sabe, preparamos as infra-estruturas, cidades de tendas, comida e água, como no caso dos refugiados da Síria».

Washington à deriva

Francesca Albanese, relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados, alertou que, «se acreditarmos em alguns dirigentes israelitas, o objectivo é empurrar os palestinianos para o Sinai; é uma limpeza étnica e Israel já a fez», comentou. Segundo a relatora, «os Estados-membros da ONU deveriam ser obrigados a intervir porque estamos a assistir a violações claras do direito internacional».

«Se acreditarmos em alguns dirigentes israelitas, o objectivo é empurrar os palestinianos para o Sinai; é uma limpeza étnica e Israel já a fez»

Francesca Albanese

Craig Makhiber, chefe do Gabinete de Direitos Humanos da ONU, foi mais longe na manifestação da sua indignação e demitiu-se do cargo devido à falta de acção das instâncias internacionais perante a tragédia. «A guerra israelita contra Gaza é um caso exemplar de genocídio (…) e os governos dos Estados Unidos, do Reino Unido e de grande parte da Europa são totalmente cúmplices deste terrível ataque», disse.

A acusação ajusta-se na perfeição, por exemplo, a Portugal, melhor dizendo, aos órgãos de soberania portugueses. Quando o primeiro-ministro, António Costa, declara enfaticamente que «Portugal está com Israel», comete um abuso de confiança ao envolver os portugueses numa limpeza étnica, num genocídio, numa estratégia de terrorismo.

Já o venerando chefe de Estado, com aqueles vastos horizontes históricos com que olha o mundo, e que visivelmente não vão para lá do Guincho, decidiu espetar o dedo indicador no peito do embaixador da Palestina, como se ainda estivesse na escola primária, acusando-o repetidas vezes: «foram vocês que começaram.» Como o embaixador o lembrou de que a ocupação se iniciou há muito, sendo a fonte de todos os problemas da região, o presidente reagiu com notável argúcia: «mas isso é outra coisa…». Tristes figuras. Desumana insensibilidade perante as imagens dos assassínios de crianças e mulheres que nos chegam de Gaza. Como podemos então esperar deles manifestações de respeito pelos portugueses?

E, de facto, desde 1948 que Israel não tem feito outra coisa senão uma limpeza étnica da Palestina, em massa quando as condições parecem propícias aos seus dirigentes, ou passo-a-passo através da colonização ou de operações militares localizadas. Francesca Albanese considera, por isso, que o desentendimento na ONU sobre a declaração de um cessar-fogo em Gaza «é dar carta branca ao que Israel está a fazer».

Nos Estados Unidos, onde o presidente Biden garante que «não é preciso ser judeu para ser sionista» – na verdade, também não obrigatório usar a suástica e esticar o braço para ser nazifascista –, o estado de deriva da casta dirigente é absoluto. A administração, os seus conselheiros e agentes e também os dois partidos praticamente fundidos num só desencontram-se em pareceres, decisões, missões de enviados onde a posição sobre os acontecimentos desenvolvidos por Israel variam de dia para dia, de declaração para declaração.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, confia em que «Israel esteja a tentar proteger a população palestiniana pacífica durante a sua invasão». Kirby explicou também que os Estados Unidos «trabalham activamente de modo a estabelecer um corredor seguro para os civis de Gaza». Este esforço não pode ser desligado, em termos práticos, da criação de condições para uma transferência forçada da população para o Sul do território, como primeiro passo para a expulsão em direcção ao Egipto.

«A administração [Biden], os seus conselheiros e agentes e também os dois partidos praticamente fundidos num só desencontram-se em pareceres, decisões, missões de enviados onde a posição sobre os acontecimentos desenvolvidos por Israel variam de dia para dia, de declaração para declaração.»

Tentando corrigir a mão, depois de considerações deste tipo não caírem muito bem em período pré-eleitoral – mesmo na classe política norte-americana há quem entenda que um genocídio ou qualquer outro crime de guerra não favorece resultados eleitorais –, Biden garantiu ao presidente egípcio Al-Sisi, em 29 de Outubro, «que trabalhará para que os palestinianos de Gaza não sejam deslocados para o Egipto ou para qualquer outro lugar». Vale o que vale quando, neste momento, mais do que nunca, os Estados Unidos reconhecem não ter condições para travar Israel. Além disso, recorda-se, Joseph Biden, um presidente cristão, diz que também é sionista – um indício de que está solidário com o que sionistas pretendam fazer. O presidente dos Estados Unidos personifica, neste caso, um transtorno sintomático: como cristão, já acolheu o seu Messias; como sionista, continua à espera do Messias. Não é provável que haja caminho mais célere para a esquizofrenia.

Existe, porém, uma causa bem mais terrena para estes devaneios escatológicos de Joseph Biden. Nos idos de 1986, o então senador Biden desabafou que, «se não houvesse Israel, os Estados Unidos teriam de inventar uma para defender os seus interesses». Percebemos assim que as reticências, mesmo sumidas, da Casa Branca em relação à limpeza étnica em curso se extinguirão completamente se Israel, como tudo o indica, a considerar indispensável para a sua nova etapa de existência, a da implantação na totalidade da Palestina. Afinal, são os «interesses dos Estados Unidos» que estão em jogo e para isso vale tudo, incluindo dar mãos livres a hordas de sociopatas movidas por um qualquer direito divino.

«Nos idos de 1986, o então senador Biden desabafou que, "se não houvesse Israel, os Estados Unidos teriam de inventar uma para defender os seus interesses"»

O mais recente passo da desengonçada dança em Washington é a declaração do presidente norte-americano segundo a qual passou a defender agora a extensão de uma «autoridade palestiniana renovada» a todos os territórios ocupados, em direcção à solução de dois Estados. Neste súbito acesso maximalista, desligado de tudo quanto tem sido o objectivo da actuação das administrações norte-americanas desde o início do século – a inviabilização do Estado palestiniano como Israel deseja –, pode ler-se a vulnerabilidade de Washington perante o  comportamento da esmagadora maioria dos Estados árabes e islâmicos, entre eles alguns aliados estratégicos dos Estados Unidos, como a Arábia Saudita e outras petromonarquias do Golfo, a Jordânia, a Turquia da NATO, o próprio Egipto. Nenhum deles tem mostrado contemplações com a chacina e a limpeza étnica em Gaza; nenhum deles iliba os Estados Unidos das suas responsabilidades na catástrofe. Coincidindo estes desencontros com uma fase em que a maior parte dos países citados parece tentada pela nascente ordem internacional multipolar, em que outros actores como a China e a Rússia reforçam influência no Médio Oriente, o pesadelo norte-americano torna-se ainda mais assustador.

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Médio Oriente: os Estados Unidos precisam da guerra

Palestinianos procuram pessoas com vida debaixo dos escombros de casas bombardeadas pela aviação israelita em Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, em Outubro de 2023 
Créditos / PressTV

Este país, criado em 1948 como compensação ao povo judeu na sequência do holocausto provocado pelo nazismo, com seis milhões de mortos nos patéticos campos de concentração, não desempenhou inicialmente o papel aterrorizador que apresenta hoje. Fruto das negociações franco-britânicas que procuravam gerir as reservas petrolíferas da região, surgiu o novo Estado, deslocando desde logo o povo palestiniano, mas sem apresentar o carácter belicista de hoje. Foi depois da Guerra do Sinai, em 1956, quando os Estados Unidos – já então uma potência global, em confronto com o seu principal rival, a União Soviética, na Guerra Fria – entraram no Médio Oriente, procurando dominar as fontes de ouro negro.

A partir de então, suplantando definitivamente a Grã-Bretanha como grande potência imperial, Washington começou a entronizar-se na região. Desde 1963, com a presidência de John Kennedy, a relação da Casa Branca com Telavive torna-se orgânica. Ali, e de forma progressivamente crescente, o Estado de Israel torna-se o posto avançado norte-americano numa área que considera vital para os seus interesses: uma reserva petrolífera, um ponto para bloquear a presença soviética de então, e, hoje, a possibilidade de entravar o desenvolvimento chinês gerindo os hidrocarbonetos.

«Israel, para lá dos sectores pacifistas que também existem, como Estado nacional cumpre na perfeição o seu mandato, aliás, não muito oculto, de defesa dos interesses extra-regionais: é o gendarme armado até aos dentes que a geoestratégia norte-americana destina à região»

Não é novidade nenhuma que Israel recebe grande ajuda militar norte-americana: quatro mil milhões de dólares por ano (17% da ajuda externa global fornecida por Washington). Através de complexos laços de interesses, o lobby judeu da superpotência – com grande poder de influência – conseguiu que tanto a administração federal como importantes sectores da iniciativa privada destinem enormes recursos ao país do Médio Oriente. O investimento não é gratuito. Israel, para lá dos sectores pacifistas que também existem, como Estado nacional cumpre na perfeição o seu mandato, aliás, não muito oculto, de defesa dos interesses extra-regionais: é o gendarme armado até aos dentes que a geoestratégia norte-americana destina à região, inclusive com armas nucleares, oficialmente não declaradas, mas de facto existentes (até 400 armas atómicas).

Desde a década de 1970, os Estados Unidos impuseram ao mundo a necessidade de adquirir dólares para, com eles, poder comprar petróleo. Ou seja, a maior parte do planeta, excepto a União Soviética, foi obrigada a depender da moeda norte-americana para ter acesso a um elemento tão vital no mundo moderno como esta energia, indispensável a tudo. Mas agora as coisas estão a mudar.

«Agora, o gás e o petróleo já não são negociados em petrodólares, mas sim noutras moedas. Isto significa o declínio final do imperialismo até agora dominante dos Estados Unidos. O mundo está a deixar de ser unipolar, e procura um equilíbrio multipolar.»

A China, com o seu modelo particular («socialismo de mercado»), começa a disputar a supremacia económica aos Estados Unidos numa base de igual para igual. Nesta perspectiva, anda de mãos dadas com a outra grande potência euro-asiática, a Rússia, uma potência militar incomensurável, que também fala cara a cara com Washington no campo da guerra. A aliança Pequim-Moscovo deu origem aos chamados BRICS, agora ampliados. Isto é: economias emergentes que, embora permaneçam capitalistas (com excepção da China), tentam distanciar-se da supremacia norte-americana. Agora, o gás e o petróleo já não são negociados em petrodólares, mas sim noutras moedas. Isto significa o declínio final do imperialismo até agora dominante dos Estados Unidos. O mundo está a deixar de ser unipolar, e procura um equilíbrio multipolar.

As petromonarquias do Médio Oriente, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, ou uma teocracia poderosa como o Irão, e também a Etiópia, um importante produtor de petróleo em África, ou a Rússia, outra importante fonte de hidrocarbonetos, começam todas a definir o preço do petróleo em moedas que não o dólar. Assim, está a constituir-se uma nova arquitectura global na qual o capitalismo ocidental (os Estados Unidos e o seu cortejo: a União Europeia, mais o braço armado da NATO) é confrontado por uma nova ordem internacional. O Médio Oriente, rico em petróleo, pode assim livrar-se de Washington.

«Para os países da região, os BRICS ampliados representam uma alternativa mais promissora e calma do que os belicistas Estados Unidos e a sua sucursal Israel, «um cão raivoso, demasiado perigoso para ser incomodado», como disse sem vergonha o general judeu Moshe Dayan.»

Nesta lógica, o hiper-militarizado Estado Israelita fica fora do jogo. Para os países da região, os BRICS ampliados representam uma alternativa mais promissora e calma do que os belicistas Estados Unidos e a sua sucursal Israel, «um cão raivoso, demasiado perigoso para ser incomodado», como disse sem vergonha o general judeu Moshe Dayan.

No contexto desta nova perspectiva que se abre com os BRICS, a guerra reaparece na região. O ataque do grupo Hamas em 7 de Outubro reabre o conflito regional. O Estado de Israel inicia uma ofensiva militar sem precedentes, massacrando a população palestiniana sob o pretexto de aniquilar o Hamas. O capitalismo ocidental, com o seu silêncio cúmplice, acaba por aprovar esta monstruosidade, e as Nações Unidas, mais uma vez, mostram-se ineficazes para travar o genocídio.

Os Estados Unidos precisam da guerra. Um Médio Oriente em chamas é funcional para eles, e é por isso que apoiam abertamente a injustificável e imoral intervenção militar israelita em curso na Palestina. Inclusive, prometem transferir milhares de milhões de dólares para apoiar esta aberração (mais de 10 mil palestinos mortos este mês). Israel volta a assumir o papel de «cão raivoso, demasiado perigoso para ser incomodado», como dizia o militar referido.

«É uma mensagem para a região: o genocídio do povo palestiniano em Gaza e na Cisjordânia mostra que Washington não procura de forma alguma a paz, mas antes justifica a guerra.»

É uma mensagem para a região: o genocídio do povo palestiniano em Gaza e na Cisjordânia mostra que Washington não procura de forma alguma a paz, mas antes justifica a guerra. A aniquilação dos grupos guerrilheiros (designados «terroristas») é a suposta razão das actuais acções de Telavive, com as quais todo o Médio Oriente arde, e a mensagem da Casa Branca se consuma: «afastem-se dos BRICS!».

A mensagem inclui também a Rússia e a China, que não poderão ficar indiferentes à forma como os seus parceiros e os seus investimentos na região são atacados, pelo que estamos no preâmbulo do que poderá ser uma nova guerra mundial. Um império em declínio como é hoje os Estados Unidos pode recorrer a tudo para evitar perder o seu ceptro. A guerra total é a sua saída?


Texto traduzido a partir de publicação originalmente em castelhano no portal da agência Prensa Latina, de que o autor é colaborador. Marcelo Colussi, professor universitário e investigador argentino, reside actualmente na Guatemala.

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Opinião
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As circunstâncias reais, no entanto, degeneraram de tal maneira, também por responsabilidade dos Estados Unidos, que a criação do Estado palestiniano parece quase impossível, a não ser que o regime de Israel se submeta ao direito internacional. Até ver, como padrão de análise continua a prevalecer o peso da «indissolúvel aliança entre os Estados Unidos e Israel», o que deixa claro o irrealismo da última declaração de Biden quando encarada na perspectiva do comportamento estratégico dos Estados Unidos.

A inconsequente declaração do presidente norte-americano provavelmente não incomodará Benjamin Netanyahu, que pode até reforçar a sua posição de vítima, de «sozinhos contra o mundo». Também neste caso há uma picuinha na relação entre o criador do monstro e a criatura, mas Israel sabe que, pela teia de interligações entre os dois Estados, Washington está nas suas mãos. E, mesmo que assim não fosse, Benjamin Netanyahu continuaria confiante porque, segundo costuma dizer, «eu sei o que é a América; a América é algo que pode ser facilmente movido. Movido na direcção certa».

O inferno é o limite?

E até onde o regime israelita estará disposto a ir para tornar infalível o dogma existencial do «direito inquestionável» à terra de Israel? Revisitemos o então primeiro-ministro Ariel Sharon, citado em 2003 por David Hirst em The Guardian, na altura do chamado «Segundo Intifada», respondendo a uma pergunta sobre se o mundo «permitiria nova limpeza étnica: «Isso depende de quem a faz e da rapidez com que a faz acontecer», explicou. «Possuímos várias centenas de ogivas atómicas e foguetes e podemos lançá-los em todas as direcções, talvez até em Roma. A maioria das capitais europeias são alvos da nossa força aérea. Permitam-me que cite o general Moshe Dayan: "Israel deve ser como um cão enlouquecido, suficientemente perigoso para incomodar". Considero que tudo é desesperador neste momento. Teremos de evitar que as crises cheguem a isso, se possível. As nossas forças armadas, no entanto, não são as trigésimas mais fortes do mundo, mas sim as segundas ou terceiras. Temos a capacidade de destruir o mundo connosco. E posso garantir-vos que isso acontecerá antes de Israel se afundar.»

«Temos a capacidade de destruir o mundo connosco. E posso garantir-vos que isso acontecerá antes de Israel se afundar.»

Ariel Sharon, em 2003

Ariel Sharon não era homem para brincar com as palavras nem fazer bluff, muito menos para se preocupar com vidas humanas. Vivi in loco as consequências das suas façanhas terroristas quando, no Verão de 1982, como chefe das forças armadas, transformou Beirute Ocidental num cenário de horror que podemos comparar com o de agora em Gaza. Apenas as tropas terrestres não tiveram a coragem de entrar, sabendo que não seria escasso o número de vítimas mortais entre os soldados invasores. Sharon e os seus subordinados esperaram um mês para então se vingarem da maneira mais cobarde por terem sido impedidos militarmente de atingir os seus objectivos: permitiram e incentivaram a chacina a sangue-frio dos habitantes dos campos de refugiados palestinianos de Sabra e Chatila, sobretudo mulheres, crianças, e idosos, quando já não tinham oposição armada. Uma solução mediada pelos Estados Unidos tinha supostamente posto termo ao cerco de Beirute, mas para Israel, ontem como hoje, não existem acordos a respeitar. As suas leis não são deste mundo. E nos escombros de Sabra e Chatila ficaram aproximadamente mais três mil mortos.

Não é difícil encontrar elementos significativos de que, para atingir os objectivos sionistas, o «cão louco» pode até nem poupar os seus. Tuval Escapo, membro da equipa de segurança do kibutz Beeri, atacado pelo Hamas em 7 de Outubro, revelou que «os comandantes tomaram decisões difíceis, incluindo bombardear casas e os seus ocupantes para eliminar os terroristas, juntamente com os reféns». Situação confirmada por Yasmin Porat, uma residente mãe de três filhos: «Eles (tropa israelita) eliminaram tudo, incluindo os reféns.» Seguindo, desta maneira, os incitamentos proferidos anteriormente pelo ministro das Finanças Smotrich: as forças militares (IDF) devem «atingir brutalmente o Hamas e não ter consideração significativa pelos cativos» israelitas.

Um exemplo prático: Avi Rosenfeld, brigadeiro-general israelita comandante da divisão de Gaza, revelou ao Haaretz que a sua unidade «foi obrigada a pedir à força aérea que fizesse bombardeamentos sobre a própria base para repelir os terroristas».

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Ministro de Israel pede bomba atómica sobre Gaza

Um ministro do governo israelita admitiu a opção de lançar uma bomba nuclear sobre a Faixa de Gaza, entre outras barbaridades. Benjamin Netanyahu suspende-o mas não o demite.

Amichai Eliyahu é ministro do Património do 37.º Governo do Estado de Israel, dirigido por Benjamim Netanyahu. O ministro pertence ao partido de extrema-direita Poder Judaico, o qual, inspirado pelas teses do rabi Meir Kahane, defende a supremacia dos judeus sobre outros povos 
CréditosYonatan Zindel / Flash 90

Amichai Eliyahu admitiu este domingo, em entrevista à rádio Kol Berama, que uma das opções de Israel seria lançar uma bomba nuclear sobre a Faixa de Gaza, informa o Times of Israel.

Em resposta à pergunta do entrevistador, se «a sua expectativa seria que amanhã de manhã lançássemos uma espécie de bomba nuclear em Gaza, arrasando tudo e eliminando toda a gente», Eliyahu admitiu que «esse é um caminho».

O ministro do Património (que já foi responsável, também, pelos assuntos de Jerusalém) não se ficou por aí quanto à expressão de uma vontade genocida. Defendeu ainda a proibição de qualquer ajuda humanitária à Faixa de Gaza, por aí «não existir essa coisa de civis não envolvidos»; a expulsão dos palestinianos de Gaza para onde queiram ir, «para a Irlanda ou para o deserto», e a recolonização de Gaza por colonos israelitas; e a eliminação seja de quem for que agite uma bandeira da Palestina ou do Hamas, que não deveriam «poder viver na face da Terra».

Chamado à atenção pelo entrevistador para o facto de existirem em Gaza, neste momento, mais de duas centenas de reféns israelitas, Eliyahu afirmou que «há um preço a pagar na guerra», e interrogou-se: «porque são as vidas dos raptados, cuja libertação realmente quero, mais importantes do que as vidas dos soldados que virão a ser mortos mais tarde?».

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apressou-se a rejeitar a possibilidade de atacar Gaza com uma bomba nuclear e suspendeu a participação do ministro nos próximos gabinetes do conselho de ministros, declarando que «as palavras de Amichai Eliyahu estão desfasadas da realidade».

Pior a emenda que o soneto

Face ao coro de críticas tanto pelo governo como pela oposição, em Israel, e pelo mais directo aliado sionista, os EUA, Eliyahu quis suavizar as suas palavras, mas nada retirou da natureza racista e genocida dos comentários. Na sua conta do X escreveu que «está claro, para todas as pessoas sensíveis [sic], que a declaração sobre o átomo é metafórica». Ou seja, está claro que o meio é metafórico, mas que a vontade de extermínio, essa, é bem literal.

Amichai Eliyahu pertence ao partido de extrema-direita Poder Judaico (Otzma Yehudit) dirigido por Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional do actual governo de Israel. O partido, inspirado pelas teses do rabi Meir Kahane, defende a supremacia dos judeus sobre todos os outros povos e a expansão do actual Estado de Israel para o «Grande Israel», cujas fronteiras iriam do Nilo ao Eufrates.

Nascido em Jerusalém, em 1979, Eliyahu vive no colonato ilegal de Rimonim, na Cisjordânia ocupada. O colonato de Rimonim foi criado em terrenos expropriados ilegalmente pelo ocupante à cidade palestino-cristã de Taybeh, em 1977. Tal como com os colonatos próximos à Faixa de Gaza atacados no passado dia 7 de Outubro, tudo começou com um posto de ocupação militar por um grupo Nahal (“Juventude Pioneira Combatente”, que integra a Brigada de Infantaria Nahal). Expulsos os palestinianos, três anos depois iniciou-se a colonização. Até hoje.

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Os amigos incondicionais do regime sionista estão, deste modo, suficientemente informados sobre as várias abordagens ao conceito do «direito de Israel a defender-se». Seguindo a declaração de Sharon à letra, percebe-se que o inferno é o limite para o Estado sionista.

Neste quadro do pensamento e da acção do regime israelita, o ministro da Herança de Israel, Amichai Eliyahu, sugeriu que o seu país «pode lançar uma bomba nuclear sobre Gaza», o que seria realmente a verdadeira «solução final» para o problema, dispensando até as complicações logísticas de uma limpeza étnica. O primeiro-ministro disse tranquilamente que os comentários do seu ministro «estão divorciados da realidade» e limitou-se a suspendê-lo do cargo.

Amichai Eliyahu pode ser uma aberração para o conjunto dos mortais, talvez o «cão louco» de que falava Moshe Dayan citado por outro criminoso, o falecido Ariel Sharon. Acontece que esse «louco» é um ministro do governo do Estado de Israel, uma entidade que, como agregadora do «povo escolhido», se considera acima de todas as leis humanas e, na sua deriva escatológica, responde e responderá apenas perante o seu Deus e o Messias que há-de vir.

Amichai Eliyahu não é uma caricatura cinematográfica à maneira do inesquecível Dr. Strangelove, de Stanley Kubrik, representado pelo fabuloso Peter Sellers. É um desequilibrado, um psicopata, porém com muito poder; integra o governo de um Estado que, repescando as palavras de Sharon no início deste século, poderá acabar com o mundo antes de se afundar. Aconselha-se que o levemos a sério. Pode não ser um caso de delírio de arrogância ou de uma cabeça «divorciada da realidade».

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