Numa mensagem publicada no Twitter, Félix Plasencia, chefe da diplomacia venezuelana, considerou «lamentável» a atitude do secretário adjunto para os Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado norte-americano, Brian A. Nichols, de insistir «na velha e derrotada estratégia de ingerência» no país sul-americano.
Plasencia destacou que Washington «se recusa a aceitar a indiscutível realidade da existência do governo da República Bolivariana da Venezuela, liderado pelo presidente Nicolás Maduro», eleito pela «única força que tem a capacidade legítima para o fazer: a do povo venezuelano».
«Neste próximo domingo, 21, essa mesma força, feita onda de votantes, mostrará, uma vez mais, a legitimidade da nossa democracia e a força do nosso sistema político, elegendo de forma transparente os governantes regionais e locais de todo o país», escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros na rede social.
O diplomata instou o representante da administração norte-americana a manter um diálogo «entre iguais» com as autoridades venezuelanas, «como deve ocorrer entre estados soberanos».
UE «reincide na errática e falhada política»
Também esta quinta-feira, Félix Plasencia repudiou o prolongamento das sanções impostas pela UE a funcionários governamentais venezuelanos.
Neste sentido, denunciou o facto de, a poucos dias das eleições, a UE reincidir na sua «errática e falhada política contra o povo venezuelano ao renovar, das sombras, umas medidas coercivas unilaterais contrárias à legalidade internacional».
Na sua conta de Twitter, o diplomata venezuelano «condenou energicamente esta nova agressão», sublinhando que, para o executivo bolivariano, «esta insolente renovação» constitui «um acto de hostilidade», que parece ter como objectivo «torpedear a festa democrática do próximo domingo».
Esta decisão tem lugar quando, pela primeira vez em 15 anos, se encontra na Venezuela a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia.
Observadores internacionais destacam garantias eleitorais
Mais de 300 observadores provenientes de 55 países – juristas, deputados, representantes políticos, entre outros – encontram-se na Venezuela para acompanhar o processo eleitoral do próximo domingo.
Em declarações à Prensa Latina, Oscar Sabido Puga, representante da Comissão Eleitoral de Belize, disse que faz uma avaliação muito positiva do sistema eleitoral, considerando-o um dos melhores da América Latina.
Orlando Espat, também membro da delegação de Belize, destacou a hospitalidade do povo venezuelano e disse que, pelo que pôde apreciar durante a sua estadia, será um processo eleitoral democrático.
Por seu lado, o director do Observatório de Assuntos Latino-americano da Câmara dos Deputados da Argentina, Carlos López, afirmou que este sufrágio marcará um ponto de inflexão no que respeita à legitimação da democracia no país.
«O facto de a oposição se apresentar, de os seus representantes terem participado nas auditorias e aceitado todas as condições vai legitimar profundamente este processo», disse López, que sublinhou a «tranquilidade» existente no país. «Os supermercados, as lojas, as farmácias, tudo funciona, nada é o caos mostrado pelos meios de comunicação», frisou.
Para lá de diferenças ideológicas, a maioria dos observadores internacionais defende que a imagem da Venezuela não é que passa a comunicação social dominante e, acrescenta a Prensa Latina, destaca a existência de garantias políticas, sociais e eleitorais para que a jornada eleitoral de dia 21 seja um êxito.
Mais de 21 milhões de venezuelanos podem votar para eleger os 23 governadores e 335 presidentes dos municípios do país, além dos membros dos conselhos legislativos regionais e dos concelhos municipais.