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O povo cubano «conquistou o direito à alegria»

Por iniciativa do Ministério da Cultura, parques, praças e bairros de Cuba vão encher-se de dança, teatro e canto já neste fim de ano para celebrar o triunfo da revolução. É «o entusiasmo de Cuba viva».

Créditos / TeleSur

No amplo programa preparado pelo Ministério cubano da Cultura inclui-se a «Jornada Cuba Va», em Havana, no âmbito da qual 46 bairros considerados vulneráveis em 15 municípios irão receber, até dia 29 de Dezembro, mais de cem grupos e unidades artísticas.

Ainda na capital, haverá iniciativas no parque da geladaria Coppelia e no parque John Lennon, bem como na esquina das ruas Prado e Neptuno.

No dia 1 de Janeiro, quando se assinala o 63.º aniversário do triunfo da revolução, haverá bailes em todos os municípios de Havana e por todo o país caribenho, informa o Granma.

No dia seguinte, a província de Matanzas será palco do «espectáculo mais longo», a cargo do Teatro de las Estaciones, enquanto na de Pinar del Río, no extremo ocidental da Ilha, dias 1 e 2 de Janeiro haverá um «Cuba Baila».

Para estes dias, até 9 de Janeiro, estão programados festivais da canção, jantares, espectáculos musicais e galas culturais em vários pontos do território cubano, segundo refere a fonte.

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«Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?», acessível em pdf

Para enfrentar a manipulação histórica e a ofensiva mediática que procura apresentar Cuba dos anos 40 e 50 como país de abundância e glamour, o acesso ao livro «contra a desmemória» tornou-se mais fácil.

Nos campos de Cuba, 200 mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente
Créditos / medium.com

Os portais Cubadebate e Fidel Soldado de las Ideas convidam os seus leitores a fazer o download gratuito da obra Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?, compilada por Juan Carlos Rodríguez e publicada em 2016 pela editorial Capitán San Luis, em Havana.

Com uma linguagem acessível e amplamente ilustrado, o livro aborda a entrada de Fidel em Havana e os primeiros meses da Revolução. «Através da fotografia, da imprensa da época e alguns testemunhos, o volume dá conta da Cuba que encontraram os barbudos» e da transformação que o país caribenho sofreu às mãos do governo revolucionário: campanha de alfabetização, Reforma Agrária, criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (Icaic), cuidados de saúde, refere o Cubadebate.

A realidade com que Fidel se deparou no triunfo da Revolução, em 1959, é muito distante do «salão de jogos, festas e luxos» que alguns queriam vender como postal de Havana e da Ilha. Nos campos de Cuba, despejos de camponeses, tempo morto, fome e miséria. Duzentas mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente.

«Do malecón habanero, a cidade mostrava a sua melhor cara, enfeitada com uma fita luminosa. Mais atrás escondia-se a penúria e a miséria mais dolorosa. A tragédia do mundo rural expressava-se em textos de escritores e em estúdios de investigadores das mais variadas tendências ideológicas. Eram as crianças raquíticas, devoradas pelos parasitas, os adultos consumidos pela tuberculose».

«Quando vieram a Havana, em 1959, desdentados e macilentos, em muitos casos, habitantes de uma ilha comprida e estreita não tinham visto o mar nem sabiam o que era a electricidade. Pesava sobre eles o analfabetismo, a desprotecção sanitária, a sujeição à interminável cadeia de arrendatários, subarrendatários, à ausência de caminhos para vender o resultado das suas pobres colheitas. Não conheciam o cinema e, muito menos, a televisão», lê-se na obra [tradução nossa].

Que encontrou Fidel quando a Revolução triunfou?

Nos anos 50 eram divulgados os números da «prosperidade»: aumento do número de automóveis que circulavam nas cidades, residências e casas de apartamentos, introdução da televisão no país. Mas, nota o portal, aquilo não representava uma melhoria geral do nível de vida, uma vez que Cuba tinha mais de seis milhões de habitantes e o dito progresso alcançava algumas dezenas de milhares.

Os bairros eram insalubres, havia despejos, o preço dos alugueres era elevado e o das tarifas eléctricas não estava ao alcance dos mais pobres, revela o sítio cubano. «Em 1953, 22% das casas em Cuba pertenciam aos seus ocupantes; 65% careciam de canalização e 72% não possuíam serviço de saneamento próprio; 42% não tinham serviço de electricidade e 13% dispunham de um só quarto».

No campo, «55% de todas as casas careciam de sanita ou mesmo de latrina, o que explicava, em parte, o espantoso apogeu do parasitismo. 14% dos trabalhadores agrícolas tiveram tuberculose, 13% tiveram febre tifóide e 36% diziam ter parasitas».

Havia crianças que viviam nas ruas e dormiam onde calhava. Muitas viam-se obrigadas a trabalhar para ajudar a economia empobrecida da casa. Vendiam bilhetes de lotaria, jornais e revistas, engraxavam sapatos ou pediam esmola nas ruas – por vezes, pediam umas moedas aos passageiros de autocarros depois de improvisarem um canto.

«Crianças que passavam fome. Nenhuma ia à escola», num país onde havia 600 mil desempregados e onde 1,5 milhões de cubanos, maiores de seis anos – numa população de seis milhões – não possuíam aprovação em qualquer grau de escolaridade, indica o portal cubano.


As zonas costeiras estavam nas mãos de entidades privadas. Em 1959, acabou o regime de exclusivismo e diversas formas de discriminação racial que eram praticadas nesses locais, e foi declarado o acesso público às praias.

Apesar de tudo isto, dos avanços alcançados e reconhecidos internacionalmente, designadamente ao nível da Educação e da Saúde, num contexto agressivo de bloqueio, a ofensiva mediática e manipulação persistem, tentando passar junto de gerações que não tiveram contacto com a realidade de Cuba pré-revolucionária a imagem dos anos 40 e 50 do século XX como uma «época dourada», como explica Fabio Fernández Batista, professor de História de Cuba na Universidade de Havana, numa entrevista recente ao diário Granma – «Los cubanos de hoy ante la manipulación histórica y la guerra mediática».

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Entretanto, a província de Santiago de Cuba irá acolher a tradicional Fiesta de la Bandera e em Remedios (província de Villa Clara) irão decorrer as Parrandas.

Estas iniciativas projectadas acompanham outras que estão a decorrer, a nível nacional, como a 14.ª Bienal de Havana, ou, a nível local, espectáculos de teatro e dança, canto infantil, apresentações de livros e oficinas de criação.

O povo cubano «conquistou o direito à alegria», afirma o diário Granma, sublinhando que, por mais que custe a alguns, este é «o entusiasmo de Cuba viva».

Depois de um ano complicado, também marcado pelo recrudescimento das agressões dos Estados Unidos para derrubar o governo de Cuba, o país caribenho conseguiu controlar a Covid-19 e avançar de forma decidida na vacinação contra essa doença, reafirmando, a 63 anos do triunfo da revolução liderada por Fidel Castro, o seu apoio ao socialismo.

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