«Este tipo de pausas nos combates costuma ser usado pelos combatentes [takfiris] para reforçar as suas posições e obter munições, e isso só irá agravar o sofrimento dos civis», afirmou o representante permanente russo nas Nações, Vitaly Churkin.
O diplomata russo disse ainda que era necessário mais tempo para as conversações entre a Rússia e os Estados Unidos sobre a situação em Alepo, e que a votação deveria ser adiada, informam a Prensa Latina e a HispanTV.
Pelo seu lado, o embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi, defendeu também que a votação sobre a iniciativa não devia ter ocorrido já, por forma a prolongar o período de negociações e encontrar um consenso.
Apresentado por Espanha, Nova Zelândia e Egipto, o projecto de resolução propunha uma trégua de sete dias em Alepo, uma das cidades sírias mais castigadas pela guerra desde que, em Março de 2011, teve início no país árabe a guerra de agressão e ingerência promovida pelo Ocidente e seus aliados regionais.
A iniciativa, que contou com o voto favorável de 11 países, os votos contra da Venezuela, da Rússia e da China – os dois últimos com direito de veto, por serem membros permanentes do CSNU –, e a abstenção de Angola, surge numa altura em que as tropas do Exército sírio e seus aliados avançam de forma decidida na parte oriental de Alepo, tendo conquistado em pouco tempo inúmeros bairros que estiveram vários anos em poder dos terroristas.
Avanço do Exército sírio em Alepo Oriental
De acordo com as últimas informações militares, divulgadas pela Prensa Latina, o Exército sírio e as milícias aliadas mantêm as posições conquistadas recentemente e continuam a avançar para o interior das zonas ainda controladas pelos terroristas em Alepo Oriental.
Estes encontram-se «encurralados numa área com aproximadamente 18 quilómetros quadrados» e estão à beira da aniquilação. Para a imprensa síria, a trégua ontem proposta no CSNU e vetada pela Rússia e a China resulta das pressões dos EUA, do Reino Unido e da França para que os terroristas se reorganizem, procurando assim protegê-los da aniquilação total.
Síria acusa potências ocidentais
O representante permanente da Síria na ONU, Bashar Jaafari, acusou ontem os Estados Unidos, a França e o Reino Unido de proteger os terroristas que actuam em território sírio, tendo qualificado estas três potências ocidentais com assento permanente no CSNU como «três mosqueteiros que defendem o terrorismo».
Na reunião do órgão composto por 15 membros, o diplomata sírio disse que a intenção destes países é usar o terrorismo como ponta de lança para controlar a Síria, e que o resultado dos seus esforços já é visível na Líbia e no Iémen, países devastados pela violência.
Jaafari, que também apontou o dedo à Turquia, ao Qatar e à Arábia Saudita, acusando-os de promover e proteger os extremistas, disse ainda, ironizando: «Não ficaremos surpreendidos se os três mosqueteiros propuserem os terroristas para o Prémio Nobel da Paz», revela a Prensa Latina.
O embaixador sírio denunciou ainda a manipulação da questão da ajuda humanitária pelos EUA, a França, o Reino Unido e os seus aliados, e perguntou-lhes por que razão não condenaram o bombardeamento de um hospital de campanha russo numa zona libertada de Alepo. Criticou, para além disso, o facto de o Ocidente e os seus aliados não celebrarem as vitórias da Síria sobre os terroristas, bem como o facto de chamarem oposição moderada aos que espalham a morte no país.
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