|Moçambique

A revolução do povo moçambicano aconteceu há 50 anos

Os moçambicanos celebram 50 anos da conquista da independência total e completa. Foi a 25 de Junho de 1975 que Samora Machel, líder da Frelimo e primeiro Presidente da República Popular de Moçambique, proclamou a independência, após quase 11 anos de luta de libertação. 

Créditos / Folha de Maputo

«Em vosso nome, às 0h de hoje, 25 de Junho de 1975, o Comité Central da Frelimo proclama solenemente a independência total e completa de Moçambique e a sua constituição em República Popular de Moçambique. A República que nasce é a concretização das aspirações de todos os moçambicanos, é a extensão a todo o país da liberdade já conquistada durante a luta armada de libertação em algumas partes do nosso país, é o produto do sacrifício dos combatentes nacionalistas, de todo o povo moçambicano, é a concretização da nossa vitória». O excerto é da proclamação da independência, proferida pelo primeiro Presidente do país, Samora Machel, no histórico Estádio da Machava, na capital moçambicana, que esta quarta-feira acolhe as cerimónias oficiais dos 50 anos da «independência total e completa». 

A maior revolução da história do povo moçambicano resultou da luta contra o regime colonial português, desde 25 de Setembro de 1964. «Operários e camponeses, trabalhadores das plantações, das serrações e das concessões, trabalhadores das minas, dos caminhos de ferro, dos portos e das fábricas, intelectuais, funcionários, estudantes, soldados moçambicanos no exército português, homens, mulheres e jovens», todos foram convocados pelo Comité Central da Frelimo – Frente de Libertação de Moçambique, partido fundado no exílio (Tanzânia).

Perante a vitória da luta armada de libertação, às primeiras horas de 25 de Junho de 1975, «dia inicial, inteiro e limpo» para os moçambicanos, Samora Machel recordava que a República Popular nasceu do sangue do povo. «A sua consolidação e desenvolvimento é uma dívida de honra para cada moçambicano patriota e revolucionário», disse.

A luta pelo derrube da dominação colonialista em Moçambique e noutras ex-colónias portuguesas, como Angola e Guiné-Bissau, impulsionaram a Revolução do 25 de Abril de 1974 e o fim da ditadura fascista. Mas estes 50 anos de independência, fruto do acordo resultante de conversações entre a Frelimo e o Movimento das Forças Armadas (MFA), em Setembro de 1974, não foram, no entanto, livres de escolhos.

O povo moçambicano viveu 16 anos de uma guerra fracticida promovida pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), movimento criado para servir o imperalismo e o colonialismo, apoiado pela Rodésia e pela África do Sul. «Quando alguém vai com uma lata de petróleo pegar o fogo à casa do vizinho deixa sempre rasto. Este rasto é o rastilho que trará fogo à sua própria casa», disse Samora Machel, em 1981, na Praça da Independência, sobre os ataques imperialistas ao seu país. A guerra terminou em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma. Desde 1994 que o país elege os seus governantes de cinco em cinco anos, tendo vencido sempre a Frelimo. 

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