O dirigente sindical esteve em Glasgow (Escócia), esta terça-feira, naquela que foi a última etapa de um giro extenuante pelo Reino Unido para informar os trabalhadores sobre o acordo negociado com a Royal Mail, antes de estes votarem.
Numa pausa, Dave Ward falou ao Morning Star sobre esse acordo, alcançado após muitos meses de luta por melhores salários e condições de vida, e contra a «uberização» da empresa, e também sobre a relação do sindicato com o Partido Trabalhista.
«Andámos por todo o país – fica a faltar mais uma sessão informativa em Belfast amanhã [hoje]», disse, acrescentando que os encontros «foram sólidos» e «verdadeiramente úteis».
«A verdade é que este é o primeiro acordo em que chegámos a um consenso sobre comportamento da administração… mas a paz ainda não surgiu», disse, realçando o facto de (o director executivo Simon) Thompson se ter ido embora, bem como a necessidade de outros seguirem o mesmo caminho.
«Há uma cultura que é preciso mudar», frisou. «Romper essa cultura será difícil, mas é preciso mudá-la», insistiu.
«Sem qualquer sombra de dúvidas – e eu entrei na Royal Mail em 1976 –, este é o ataque mais brutal aos trabalhadores a que assistimos neste país em décadas».
Referindo-se à intensa luta que os trabalhadores mantiveram na empresa desde o Verão passado, Ward destacou o «ataque implacável aos trabalhadores» durante esse período: «intimidação e bullying, como nunca se tinha visto. Cerca de 300 foram suspensos ou despedidos», denunciou, tendo-se mostrado confiante em que a «vasta maioria voltará e verá feita justiça».
O secretário-geral do CWU defendeu, como o fez noutras ocasiões, que a Royal Mail necessita de desenvolver uma visão de crescimento.
«A Amazon era capaz de matar para ter a infra-estrutura que a Royal Mail tem, mas a administração queria transformá-la numa empresa de trabalho precário e subcontratado – falharam esse objectivo», vincou Ward.
«Queremos ver como o papel do trabalhador postal pode ser melhorado de modo a apoiar as nossas comunidades, com base naquilo que já fazem», defendeu.
Sobre o New Deal for Workers, dos trabalhistas, Ward lançou um desafio claro.
«Penso que isso será um campo de batalha essencial nas eleições e quero que os trabalhistas ganhem, mas o júri saiu», disse, acrescentando: «O nosso papel tem de ser o de garantir que o Partido Trabalhista não só respeita os seus compromissos, mas os amplia.»
Ward defendeu que os trabalhistas devem alterar a actual correlação de forças, mas que, independentemente do que façam, os sindicatos se devem unir.
«Não se trata de um conflito, trata-se do modo como se constrói a partir desse conflito – juntamente com outros sindicatos – para alterar o equilíbrio de poder no país», disse.
«A via capitalista desmoronou-se. Tem de haver outro caminho», frisou.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui