A mobilização nacional de reformados que ontem teve lugar na capital francesa foi convocada por nove sindicatos e associações de pensionistas, que, num comunicado conjunto, sublinham a perda acentuada de poder de compra: «desde 2014, os pensionistas perderam em média 10 a 12% de poder de compra, ou seja, mais de um mês de pensão ao ano».
Neste sentido, consideram que «o anúncio de revalorização das pensões em 1,1%, abaixo da taxa de inflação, de 2,4%, é uma provocação» e acrescentam que não querem «este "Novo Mundo" anunciado pelo Presidente da República no início da crise sanitária».
«Os preços disparam e as pensões estão congeladas, os meios destinados à Saúde e aos serviços públicos diminuem e, ao mesmo tempo, a Bolsa, os dividendos explodem e batem recordes históricos. Esta situação é inaceitável. Uma outra distribuição da riqueza é urgente», lê-se no comunicado das organizações promotoras.
Uma delas, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), afirma que, no último ano, «os preços subiram 1,9%, enquanto as pensões básicas apenas aumentaram 0,4% e as complementares 1%».
«Muitos reformados, hoje, têm duas gerações a seu cargo»
Os reformados querem fazer ouvir a sua «dificuldade em viver», explicou Marc Bastide, da federação dos reformados da CGT, sublinhando que muitos, hoje, têm duas gerações a seu cargo: os filhos, que não são financeiramente independentes, e os pais, idosos dependentes.
Um exemplo é o de Jeanne, antiga secretária municipal na Normandia, que partilha agora a reforma com a filha, trabalhadora do espectáculo numa «situação extremamente precária». «Mesmo reformada, continuo a ser mãe e tento ajudá-la financeiramente», disse ao Le Monde, acrescentando que alguns dos que viajaram com ela da Normandia até Paris, no fim do mês, vêem-se obrigados a recorrer à caridade.
Por uma «vida decente», os reformados exigem o aumento imediato das pensões e a sua indexação ao salário médio; a defesa e a melhoria da Segurança Social; o desenvolvimento de serviços públicos de proximidade, bem como a defesa das liberdades individuais e colectivas.
A defesa e a protecção dos serviços públicos é uma das grandes reivindicações dos reformados. Uma enfermeira reformada do departamento de Vendée (Oeste) mostrou-se indignada: «Temos apenas um médico de emergência para todo o departamento!»
Com a fusão dos hospitais, denunciou, os utentes são obrigados a fazer grandes distâncias. «Tornou-se muito difícil tratarmo-nos. Além da redução constante das pensões, a ruptura dos serviços públicos também contribui para a redução dos nossos meios», criticou.
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