Em Damasco, frente ao gabinete das Nações Unidas, centenas de pessoas, em que se incluíam representantes de partidos e figuras públicas, juntaram-se para denunciar a acção dos ocupantes israelitas e o seu novo projecto de construção de turbinas eólicas em terras agrícolas da população que vive nos Montes Golã.
Segundo refere a agência Prensa Latina, houve também concentrações nas províncias de Sweida, Daraa, Damasco Rural, Hasakah e Quneitra, em solidariedade com os habitantes dos Montes Golã e de louvor à «sua resistência inflexível» face às forças israelitas.
Por seu lado, a Assembleia Popular da Síria emitiu um comunicado em que destaca a ligação dos habitantes do Golã à sua terra e a sua rejeição do novo projecto de Telavive, que inclui a construção de um parque eólico com 46 turbinas.
Os sírios nos Montes Golã ocupados realizaram ontem aquilo que designaram como jornada de «greve e ira» contra novas «medidas arbitrárias e discriminatórias» por parte das autoridades da ocupação, com vista a construir quase meia centena de turbinas eólicas nas suas terras agrícolas, usando argumentos «greenwashing» (a desculpa do verde).
No contexto da jornada de luta, pelo menos 50 pessoas ficaram feridas e dez foram detidas pelas tropas israelitas, esta quarta-feira, na aldeia de Masaada e região de Hafayer, onde Israel pretende levar a cabo o seu plano expansionista, apreendendo mais de 600 hectares de terra.
As forças israelitas, que usaram bombas de gás lacrimogéneo e disparam tiros contra os agricultores que fizeram frente às máquinas, encerraram todas as estradas que davam acesso a esta aldeia e começaram a arrasar as terras, refere a Sana.
Israel ocupou os Montes Golã em 1967, no contexto da Guerra dos Seis Dias, que também levaria à ocupação da Faixa de Gaza, da Margem Ocidental e de Jerusalém Oriental, na Palestina.
No território, que foi formalmente anexado em 1981 – passo nunca reconhecido pela comunidade internacional –, vivem cerca de 23 mil drusos sírios, que enfrentam constantes ameaças de expulsão, deslocamentos forçados e apreensão de terras devido aos planos de expansão israelitas.
Em 2019, a administração norte-americana, então formalmente liderada por Donald Trump, reconheceu a soberania israelita sobre os Montes Golã, numa clara violação da Resolução 497 de 1981 do Conselho de Segurança da ONU, adoptada por unanimidade, que rejeita categoricamente a ocupação israelita.
Em Dezembro de 2021, o então primeiro-ministro israelita, Naftali Bennet, anunciou a intenção de duplicar o número de colonos ilegais no território ocupado. «Este é o nosso momento. Este é o momento dos Montes Golã», disse Bennet.
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