A mobilização deste sábado, na capital peruana, está a ser encarada como o reinício das acções de protesto contra o governo, tendo como exigências a demissão de Dina Boluarte, o fim do seu executivo e a realização de novas eleições gerais, antecipadas, de forma a solucionar a chamada «crise de legitimidade do governo e do Congresso».
Os manifestantes reclamaram igualmente justiça para os mortos durante os protestos anti-governamentais que se seguiram à destituição e à detenção de Pedro Castillo, entre o início de Dezembro de 2022 e Março deste ano.
De acordo com a TeleSur, a marcha, convocada sob a designação «Contra a ditadura do Congresso e o governo cúmplice», conseguiu chegar às sedes do Ministério Público e do Parlamento, instituição que os manifestantes acusam de ter imposto uma «ditadura» ao país sul-americano.
Tendo-se concentrado na Praça de San Martín, os manifestantes desfilaram depois por ruas e avenidas gritando palavras de ordem contra Dina Boluarte e o Congresso, exibindo faixas e cartazes contra esses mesmos protagonistas e mostrando bandeiras negras do Peru, como sinal de luto pelos mais de 65 falecidos devido à repressão militar e policial.
Entretanto, a marcha deste sábado está a ser vista como uma espécie de preparação para a terceira «Tomada de Lima», anunciada para 19 de Julho próximo e durante a qual se prevê que milhares de pessoas «invadam» a capital, provenientes do Norte, do Centro e do Sul do país – sendo esta última região aquela onde se verificou a resistência mais tenaz a Dina Boluarte.
A Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) e a Assembleia Nacional dos Povos já manifestaram o seu apoio a esta nova edição da «Tomada de Lima», tendo afirmado que a presidente golpista se deve demitir até lá para «evitar a agitação social», pois «os peruanos estão determinados a recuperar a democracia».
Sondagem mostra rejeição massiva do governo e do Parlamento
Uma sondagem realizada pelo Instituto de Estudios Peruanos (IEP), publicada no dia subsequente à manifestação de sábado, revela que 80% dos inquiridos rejeitam Dina Boluarte, o índice mais elevado desde que a governante chegou ao poder – que é apoiada por apenas 12% dos inquiridos.
Quanto ao Parlamento, que é alvo de vários questionamentos, é visto de forma negativa por 91%, contra 6% que o aprovam.
Sobre a actuação do governo golpista liderado pela presidente Boluarte, a sondagem do IEP mostra que 67% entendem que é má (36%) ou muito má (31%). Em sentido inverso, 6% pensam que a actuação do governo é boa e 1% afirma que é muito boa.
Comparando o governo de Boluarte com o de Castillo, apenas 19% consideraram que o de Boluarte é melhor, enquanto 51% defenderam que é pior que o de Pedro Castillo, que se encontra em prisão preventiva, acusado da alegada prática dos crimes de rebelião e conspiração.
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