À chegada ao Aeroporto Internacional de Hangzhou, al-Assad foi recebido pelo ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, o vice-presidente do Conselho da província de Zhejiang, Gong Xiwei, e o embaixador chinês em Damasco.
Segundo refere a agência estatal Sana, os presidentes de ambos os países asiáticos vão realizar uma cimeira bilateral, estando ainda programada a participação de Bashar al-Assad em várias actividades nas cidades de Hangzhou e Pequim.
Analistas políticos e órgãos de comunicação social classificaram esta visita como «importante» e «histórica», tendo em conta que é a primeira do género desde o início da guerra imposta ao país árabe, em 2011, e responde à vontade de Damasco de se virar para o Leste, reforçando a cooperação com países que ajudaram o país levantino a lidar com as consequências da guerra, do bloqueio e das sanções impostas pelo Ocidente.
Reforço da cooperação, numa nova fase histórica
Especialistas chineses afirmaram ao diário Global Times que a visita representa um contributo para o reconhecimento do Médio Oriente ao conceito chinês de «desenvolvimento regional pacífico».
De acordo com o periódico, al-Assad e Xi deverão debater questões sobre a cooperação prática entre ambos os países, em particular a participação da China na reconstrução da Síria.
No entender de Yin Gang, investigador do Instituto de Estudos da Ásia Ocidental e África da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a visita de Assad aponta para a possibilidade de restabelecer as relações bilaterais ao nível anterior ao da guerra imposta em 2011, caracterizadas por uma vasta gama de cooperação e pela amizade estável entre os dois povos.
Entre outros temas de cooperação prática a retomar, Yin referiu-se à exploração de campos petrolíferos, construção de reservatórios e outros projectos de infra-estruturas, bem como ao potencial de novas áreas.
«A visita de Assad ocorre num momento em que a Síria procura uma nova diplomacia, equilibrada e abrangente, numa nova fase histórica, e a China é, sem dúvida, uma parte muito importante», disse Yin ao Global Times esta quarta-feira, sublinhando que «a Síria deposita grandes esperanças no envolvimento da China na reconstrução» do país.
Papel chinês no Médio Oriente em franco contraste com o dos EUA
Por seu lado, Li Weijian, investigador do Instituto de Estudos de Política Externa, destacou o facto de a China apoiar firmemente «o reforço da coordenação e a independência estratégica» dos estados árabes, «para melhorar a estabilidade e o desenvolvimento regional de forma conjunta».
Para Li, esta aposta chinesa no desenvolvimento pacífico, a nível regional e nacional, desempenhou um papel positivo para o avanço da reconciliação no Médio Oriente.
Já o professor associado do Instituto de Estudos do Médio Oriente na Universidade do Noroeste, Wang Jin, destacou o empenho constante do seu país na resolução dos conflitos através da via diplomática, bem como a sua oposição à ingerência externa nos assuntos internos da Síria.
O investigador notou como isto «está em franco contraste com os EUA, que têm uma imagem de provocadores no Médio Oriente, e de não assumirem as responsabilidades que possuem».
Relações sólidas
Damasco e Pequim têm relações fortes há vários anos. Durante a guerra, a China manteve sempre essas ligações com a Síria, enquanto os países ocidentais apostavam na sua destruição.
Além de se opor ao bloqueio imposto pelo Ocidente, a China recorreu ao direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, em 2012 e 2017, contra projectos de resolução apresentados por Washington e seus aliados contra o país árabe.
Mais recentemente, em Julho de 2021, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, efectuou uma visita a Damasco.
No final desse ano, os presidentes dos dois países reafirmaram, em conversa telefónica, a vontade de promover a cooperação e manter o apoio mútuo nos espaços internacionais.
Em Janeiro do ano passado, Síria e China firmaram um acordo que estipula a integração do país levantino na Iniciativa Cinturão e Rota, lançada pela China em 2013.
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