O presidente do Júri Nacional de Eleições (JNE), Jorge Salas, fez a declaração esta segunda-feira, poucas horas depois de o organismo ter descartado os últimos recursos da candidata neoliberal derrotada, Keiko Fujimori, contra os resultados da segunda volta das eleições, celebradas a 6 de Junho, por não terem validade legal e possuírem fins dilatórios, informa a Prensa Latina.
A proclamação, mais de 40 dias após o acto eleitoral, ocorreu numa breve cerimónia por teleconferência, na qual participaram Castillo, as autoridades eleitorais, a vice-presidente eleita, Dina Boluarte, e representantes das comissões de observação do processo eleitoral.
«Obrigado, povo peruano, por este histórico triunfo! Chegou o momento de pedir a todos os sectores da sociedade que construam unidos, neste bicentenário [da independência], um Peru inclusivo, um Peru justo, um Peru Livre [jogo de palavras com o nome do partido pelo qual concorreu]. Sem discriminações e pelos direitos e todos e todas», afirmou o presidente recém-proclamado numa mensagem breve citada pela fonte.
A proclamação foi transmitida pela TV e vista nas ruas num ecrã gigante por uma multidão que se juntou à última da hora para festejar a consumação da eleição de Castillo frente à sede do Perú Libre, partido pelo qual Castillo foi candidato.
Ali também se encontravam aqueles que, ao longo de várias semanas, fizeram vigília para reclamar a proclamação só agora concretizada, uma vez que a equipa jurídica do fujimorismo foi apresentando alegações de fraude.
Triunfo é fruto de uma luta de muitos anos
Pedro Castillo voltou a agradecer o apoio dos seus apoiantes e apelou à unidade nacional, porque em primeiro lugar «está o Peru e o seu povo». Acrescentou que o triunfo eleitoral não é fruto da sua campanha, mas de «uma luta de muitos anos travada por compatriotas que hoje não estão connosco e cujas vozes nos irão acompanhar sempre».
Também instou Keiko Fujimori a não colocar «mais obstáculos ao país» e a trabalhar por um «Peru mais justo e mais humano». No entanto, a candidata derrotada na segunda volta, embora afirmando que irá acatar a decisão do JNE, «por ser legal», insistiu que o novo governo carece de legitimidade, bem como na tese de que a justiça eleitoral deu validade a um processo «repleto de irregularidades».
Estas insinuações e as alegações apresentadas foram sendo invalidadas por mais de 60 tribunais eleitorais no país sul-americano e pela própria JNE. Fujimori afirmou ainda que «a nossa defesa da democracia não acaba com a proclamação ilegítima de Pedro Castillo; acaba de começar». Mas – refere a Prensa Latina – garantiu que não irá provocar violência.
Com a proclamação oficial, Pedro Castillo pode tomar posse no próximo dia 28 e vê confirmada uma vitória que o Gabinete Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) já tinha «garantido», depois de ter dado como concluído o processo de escrutínio. Castillo obteve 50,125% dos votos e Keiko Fujimori 49,875%.