Um das obras intitula-se Palestina: anatomia de um genocídio, e reúne vozes de destacadas figuras académicas e intelectuais de diversos pontos do mundo, de origem judaica e árabe, que procedem à análise de um dos eventos mais atrozes, brutais e violentos perpetrados no século XXI contra a população civil.
«Embora o cerco da colonização sionista da Palestina tenha sido uma constante desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, os horrores vividos pelo povo palestiniano intensificaram-se após os acontecimentos ocorridos a 7 de Outubro de 2023», lê-se na sinopse da obra.
Publicado pela editorial LOM, o livro é um dos que centram as atenções da feira na comuna chilena de Recoleta, que teve início no passado dia 4 e se prolonga até este domingo.
Nele, os 16 intelectuais e académicos, com perspectivas diversas, rejeitam as manipulações mediáticas que colocam ocupante e ocupado ao mesmo nível, denunciam a censura e a cumplicidade a nível internacional.
Enquadrando o massacre e a limpeza étnica em curso num contexto mais amplo, fazem uma abordagem crítica, que também tem a paz e a busca de soluções como objectivo, e visa contribuir para romper o silêncio, impelir à acção e acabar com o massacre sionista, que, só em Gaza, provocou cerca de 49 900 vítimas mortais e 94 500 feridos.
Outro dos títulos que, nesta segunda edição da Feira Internacional do Livro Democracia e Direitos Humanos, dão destaque à questão palestiniana é Derecho de nacimiento. Crónicas de Israel y Palestina, da argentina Camila Barón.
De acordo com a imprensa, a obra publicada pela editora Rara Avis é um «testemunho chocante» sobre as «tensões em Gaza e as implicações do sionismo na comunidade judaica», e tem por base a viagem realizada pela autora à Palestina – aos territórios ocupados em 1948 (hoje, reconhecidos pela maioria como Estado de Israel) e por aquilo a que a chamada comunidade internacional designa como «territórios palestinianos ocupados».
Segundo revela a Radio Universidad de Chile, a programação do evento, que decorre num município governado por comunistas, conta com a participação de 60 editoras e inclui mais de cem actividades, entre lançamento de livros, debates, teatro, música e espaços para as famílias.
Fares Jadue, presidente da comuna de Recoleta
Em Julho último, Fares Jadue, vereador eleito pelo Partido Comunista do Chile, passou a assumir o cargo de presidente da autarquia, na sequência da detenção do também comunista Daniel Jadue.
A este último, que cumpria o terceiro mandato em Recoleta e que chegou a ser pré-candidato à Presidência da República, contra Gabriel Boric, foi-lhe imposta pela Justiça a medida de prisão preventiva a 3 de Junho, que foi revogada no início deste mês, passando o ex-autarca a estar em prisão domiciliária.
Nos três períodos à frente do município, o trabalho de Jadue foi reconhecido, antes de mais, por munícipes e partido em que milita, que louvam os vários programas então implementados para benefício da população da comuna, como a Farmácia, a Óptica, a Livraria Popular, o Centro de Reabilitação, a Rede de Bibliotecas ou a Universidade Aberta.
Daniel Jadue foi acusado por alegados crimes de suborno, fraude fiscal, administração desleal e corrupção nas negociações com a Associação Chilena de Municipalidades com Farmácias Populares para a compra e venda de materiais durante a pandemia – «crimes» que o seu advogado disse nunca terem existido, tal como ficou provado na resolução judicial de Setembro.
No entanto, o Ministério Público já anunciou que vai tentar reverter a mais recente decisão judicial relativa ao ex-autarca de Recoleta, num caso de espoletou uma ampla campanha de solidariedade no Chile e no estrangeiro.
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