O valor reunido fica muito aquém dos 4,3 mil milhões de dólares solicitados aos doadores e que a ONU disse serem necessários para ajudar as pessoas no país árabe devastado pela guerra.
No anúncio realizado esta segunda-feira, o organismo multilateral disse esperar que o valor possa chegar aos dois mil milhões até ao fim desta semana, refere a PressTV.
Esta foi a sétima conferência de doadores em sete anos, mas a ONU espera que a próxima se possa centrar na reconstrução do país arrasado, em vez de ter como objectivo evitar a fome.
«Tivemos 31 compromissos anunciados hoje, que perfazem cerca de 1,2 mil milhões de dólares», disse Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários e coordenador da Ajuda de Emergência, no encerramento da conferência, acrescentando que «seria óptimo se chegássemos aos 2 mil milhões no fim-de-semana».
De acordo com as Nações Unidas, há 21,7 milhões de iemenitas – dois terços da população do país – a necessitar de ajuda humanitária este ano.
No final de 2022, a Unicef referiu que 17,8 milhões de iemenitas não têm acesso a água potável, saneamento e serviços de higiene.
Erin Hutchinson, responsável do Conselho Norueguês para os Refugiados, mostrou-se desapontada com o valor alcançado esta segunda-feira, tendo afirmado, no Twitter, que «o mundo abandonou o Iémen nesta encruzilhada crucial».
Disse ainda que «isto é lamentavelmente inadequado e dá o sinal de que alguns seres humanos são menos valiosos do que outros».
«Mesmo que se alcance um acordo duradouro, as necessidades humanitárias continuarão a ser altas nos próximos anos»
Em Março de 2015, uma coligação liderada pela Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências ocidentais e regionais, lançou uma campanha militar contra o Iémen, tendo como objectivo declarado recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, e suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah.
A agressão militar, que agora cumpre oito anos, destruiu as infra-estruturas do mais pobre dos países árabes, em guerra desde 2014, e provocou centenas de milhares de mortos, feridos e deslocados, tendo estado na origem daquilo que as Nações Unidas classificaram como a mais grave crise humanitária dos tempos modernos.
O ano passado, foi alcançada uma trégua sob os auspícios da ONU, que começou a 2 de Abril e terminou seis meses depois, a 2 de Outubro. Os ataques da coligação liderada pelos sauditas mantêm-se, apesar de serem menos intensos do que no período anterior ao cessar-fogo.
Na conferência de 2022, a ONU conseguiu juntar 2,2 mil milhões de dólares, permitindo às agências no terreno ajudar cerca de 11 milhões de pessoas todos os meses.
Martin Griffiths disse esperar que esta seja a última conferência do género, porque o a guerra já dura «há demasiado tempo, castigando milhões de pessoas inocentes», indica a PressTV.
Robert Mardini, director-geral do Comité Internacional da Cruz Vermelha, sublinhou que cada ano que passa torna a recuperação do pós-guerra mais difícil para o Iémen.
«Mesmo que se alcance um acordo duradouro, as necessidades humanitárias continuarão a ser altas nos próximos anos», disse.
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