Privados e governo Temer põem em causa programa com três anos

O «Mais Médicos» fez muito pela saúde dos brasileiros

No dia 8, o «Mais Médicos» fez três anos. Apesar da avaliação muito positiva por parte da população brasileira e de órgãos internacionais, a iniciativa pode vir a ser descaracterizada por interesses «corporativos e conservadores».

O programa «Mais Médicos» trouxe benefícios a milhões de brasileiros, mas enfrenta «interesses coporativistas e privados»
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Actualmente, 63 milhões de brasileiros em 4058 municípios de todo o país são beneficiados por um programa que permitiu reduzir as filas de espera em 89%, revela o portal Brasil de Fato, reportando-se a dados do Grupo de Desenvolvimento da ONU.

O nível de satisfação mostrado pela população é grande. Numa pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Instituto de Pesquisas Sociais e Políticas e Económicas de Pernambuco, 95% dos 14 mil utentes entrevistados em quase 700 municípios disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o atendimento dado pelos médicos do programa.

Criado em 2013 com o objectivo de suprir a carência de médicos nos municípios do interior e na periferia das grandes cidades brasileiras, o «Mais Médicos» preencheu mais de 18 mil vagas, contando para tal com mais de 11 mil especialistas cubanos.

Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), os cubanos são 99% do contingente médico que presta cuidados médicos nos distritos indígenas e são o maior grupo nos municípios onde mais de 20% da população vive em situação de pobreza extrema. Os profissionais do país caribenho são também os principais alvos das críticas, da xenofobia e do racismo, quando se aborda o programa.

Ainda de acordo com a OPAS, que o Brasil de Fato refere, o programa é hoje responsável por «um aumento significativo na disponibilidade de médicos» no atendimento básico de saúde do país, com aumento de 33% na média de consultas por mês e de 32% nas visitas de médicos a domicílios, registando uma satisfação de 95% da população atendida no âmbito do programa. A maioria conta com o trabalho de médicos estrangeiros, que são 73% do total dos profissionais participantes.

Corporativismo vs. interesse público

Contudo, «interesses corporativos e privados querem fazer mudanças» no programa que «podem resultar na sua mutilação», critica Heider Pinto, o coordenador do «Mais Médicos» no governo da presidente Dilma Rousseff, citado no portal vermelho.org.br.

No final de Junho, membros do órgão que representa a classe médica (Conselho Federal de Medicina) participaram numa reunião com o ministro interino, Ricardo Barros, tendo reivindicado que o programa aceite apenas médicos brasileiros. O próprio ministro já havia dado sinais de estar a favor da mudança, que constitui um dos principais riscos à continuidade do programa, alerta o Brasil de Fato.

Heider Pinto sublinha que a participação de profissionais estrangeiros no «Mais Médicos» é essencial para que o programa «cumpra o seu objectivo» de levar atendimento a quem antes não o tinha e de diminuir a falta de médicos no país.

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